4 de Outubro

Pedro Guerreiro

PS, PSD e CDS nada mais têm a ofe­recer ao povo por­tu­guês

Para PS, PSD e CDS vale tudo. Desde o lavar das mãos face às suas res­pon­sa­bi­li­dades pela po­lí­tica de ex­plo­ração, de em­po­bre­ci­mento, de de­pen­dência e sub­missão, ao es­ca­mo­tear das suas dra­má­ticas con­sequên­cias para o povo e o País. Pre­tendem, pro­cu­rando fazer es­quecer as suas res­pon­sa­bi­li­dades pas­sadas e pre­sentes, en­ganar uma vez mais os por­tu­gueses quanto às suas ver­da­deiras in­ten­ções para o fu­turo. Por isso, voltam a pro­meter o con­trário do que efec­ti­va­mente fi­zeram du­rante 39 anos. Por isso, agitam o aces­sório, para es­conder o es­sen­cial que os une. Por isso, jogam na ilusão de uma «es­colha» que, afinal, é con­di­ci­o­nada à con­ti­nui­dade da po­lí­tica de di­reita. A men­tira e a di­versão são seu apa­nágio.

No en­tanto, apesar da lin­guagem mis­ti­fi­ca­tória e eu­fe­mis­tica dos seus dis­cursos e pro­gramas elei­to­rais, PS, PSD e CDS nada mais têm a ofe­recer ao povo por­tu­guês do que a «ine­vi­ta­bi­li­dade» da po­lí­tica de di­reita e, logo, da sua di­mensão e sus­ten­tação ex­ternas. Se dú­vidas exis­tissem, bas­taria ve­ri­ficar, seja por omissão ou por ex­pli­ci­tação, o seu pro­pó­sito de uma ainda maior su­bor­di­nação de Por­tugal à União Eu­ro­peia e à NATO, isto é, aos in­te­resses das grandes trans­na­ci­o­nais, dos EUA, das grandes po­tên­cias da União Eu­ro­peia.

PS, PSD e CDS não só re­a­firmam os tra­tados, a UEM e o euro, o Tra­tado or­ça­mental, a dita Go­ver­nação eco­nó­mica, entre ou­tros ins­tru­mentos e po­lí­ticas de do­mínio eco­nó­mico e po­lí­tico da União Eu­ro­peia – que foram e são plas­mados nos PEC do PS, no pacto de agressão do PS, PSD e CDS ou no Pro­grama de Es­ta­bi­li­dade e Plano Na­ci­onal de Re­formas do PSD e CDS –, como apontam um ainda maior apro­fun­da­mento do pro­cesso de in­te­gração ca­pi­ta­lista eu­ropeu (e deste com os EUA, através do de­no­mi­nado «tra­tado tran­sa­tlân­tico», o TTIP), com o con­se­quente e ina­cei­tável agra­va­mento dos con­di­ci­o­na­lismos e cons­tran­gi­mentos à so­be­rania e in­de­pen­dência na­ci­o­nais, da de­pen­dência e da sub­missão do País.

PS, PSD e CDS não só as­so­ci­aram Por­tugal às guerras de agressão dos EUA e da NATO, com o seu rol de morte, so­fri­mento e des­truição – Ju­gos­lávia, 1999, PS/​Gu­terres; Afe­ga­nistão, 2001, PS/​Gu­terres; Iraque, 2003, PSD/​CDS/​Durão/​Portas; Líbia, 2011, PS/​Só­crates; Síria, 2011/​12, Ucrânia, 2014, PSD/​CDS/​Passos/​Portas –, como apontam a con­ti­nu­ação da po­lí­tica de su­bor­di­nação das Forças Ar­madas Por­tu­guesas a este bloco po­lí­tico-mi­litar e de en­vol­vi­mento de Por­tugal na es­ca­lada agres­siva contra os povos e Es­tados que afirmam a sua so­be­rania e a de­fesa da sua in­de­pen­dência. NATO que irá re­a­lizar em Ou­tubro, im­pli­cando Por­tugal, uma das suas mai­ores ma­no­bras mi­li­tares.

As pró­ximas elei­ções le­gis­la­tivas de 4 de Ou­tubro são, assim, uma opor­tu­ni­dade para afirmar a ur­gência da rup­tura com o rumo de per­ma­nente tu­tela ex­terna e eterna re­gressão so­cial, sub­de­sen­vol­vi­mento e su­bal­ter­ni­zação que PS, PSD e CDS pre­tendem con­ti­nuar, e a ne­ces­sária mu­dança na vida na­ci­onal que abra ca­minho a uma al­ter­na­tiva, pa­trió­tica e de es­querda.

Al­ter­na­tiva pa­trió­tica e de es­querda que, dando res­posta às ne­ces­si­dades do povo e aos pro­blemas do País, afirme um Por­tugal livre e so­be­rano e uma Eu­ropa de paz e co­o­pe­ração, rom­pendo com a co­ni­vência e sub­ser­vi­ência face às ori­en­ta­ções da União Eu­ro­peia, com a re­ne­go­ci­ação da dí­vida e a li­ber­tação da sub­missão ao euro, e da NATO, no quadro de uma acção de­ter­mi­nada pela de­fesa in­tran­si­gente dos in­te­resses na­ci­o­nais, cum­prindo a Cons­ti­tuição da Re­pú­blica Por­tu­guesa.

Um ca­minho de de­fesa dos di­reitos, dos in­te­resses e das as­pi­ra­ções do povo por­tu­guês que – porque exige co­e­rência, de­ter­mi­nação e con­fi­ança –, passa ne­ces­sa­ri­a­mente pelo re­forço da CDU (PCP/​PEV).




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