Aferindo...

Es­tamos a poucos dias das elei­ções le­gis­la­tivas, num mo­mento de­ci­sivo para que o es­cla­re­ci­mento da­queles que, que­rendo a der­rota do Go­verno e desta po­lí­tica, ainda he­sitam onde co­locar a cruz no do­mingo. Al­tura em que a im­prensa as­sume um papel de­ci­sivo, em que o ne­ces­sário con­fronto entre as op­ções que aí estão pela frente é mais de­ter­mi­nante.

A cam­panha elei­toral tem ocu­pado uma grande parte do es­paço me­diá­tico, ainda que, muitas vezes, con­tribua mais para o con­di­ci­o­na­mento da opi­nião pú­blica do que para o seu es­cla­re­ci­mento. Exemplo gri­tante tem sido a forma como se tem pro­cu­rado passar a ideia de uma es­colha entre duas op­ções que, no subs­tan­cial, pouco di­ferem. Como vemos nos pe­quenos por­me­nores, como a aber­tura de peças de te­le­visão – dia sim, dia sim – com re­pór­teres em di­recto de uma ini­ci­a­tiva de cam­panha de PS ou PSD/​CDS nos prin­ci­pais no­ti­ciá­rios, a ou­tros as­pectos mais de­ter­mi­nantes, dos tempos e es­paços de­si­guais que são dados a cada can­di­da­tura nos prin­ci­pais meios – par­ti­cu­lar­mente nos jor­nais.

Foram os prin­ci­pais jor­nais, os mesmos que deram des­taque de pri­meira pá­gina a grandes ma­ni­fes­ta­ções por esse mundo fora, que, quando a CDU co­locou na rua a ex­tra­or­di­nária Marcha do pas­sado dia 19 na ci­dade do Porto, não deram uma imagem do mar de gente que atra­vessou o centro do Porto. A força do Povo que o Jornal de No­tí­cias re­meteu para um pe­queno ar­tigo que ti­tu­lava «Es­querda do PS à dis­puta da baixa por­tu­ense», jun­tando ini­ci­a­tivas de di­fe­rentes forças po­lí­ticas na mesma peça. Mas se a opção de amal­gamar essa «Es­querda do PS» já é con­de­nável, mais ainda o é quando se dá o mesmo es­paço para ini­ci­a­tivas tão di­fe­rentes e, par­ti­cu­lar­mente, que ex­pres­saram de forma tão clara a in­fluência, o pres­tígio e a mo­bi­li­zação ímpar em volta da can­di­da­tura que PCP e PEV cor­po­rizam.

Não só de ma­la­ba­rismos no­ti­ci­osos se faz o con­di­ci­o­na­mento da opi­nião do eleitor. As­sistiu-se nesta cam­panha a uma no­vi­dade me­diá­tica: as cha­madas «trac­king polls». São pre­tensas son­da­gens em que se pre­tende aferir a va­ri­ação no sen­tido de voto dos elei­tores a cada dia. E quem põe em causa a sua pre­tensão é gente in­sus­peita, como Es­trela Ser­rano, que foi membro do Con­selho Re­gu­lador da ERC – res­pon­sável pela fis­ca­li­zação das son­da­gens elei­to­rais – que a pro­pó­sito es­creve: «Ma­ni­pula-se a opi­nião pú­blica com son­da­gens cuja fi­a­bi­li­dade é pró­xima do zero». Ou através das pa­la­vras de Pedro Ma­ga­lhães, an­tigo res­pon­sável pelas son­da­gens da Uni­ver­si­dade Ca­tó­lica: «As son­da­gens e os seus re­sul­tados são quase ex­clu­si­va­mente tra­tados como meros ge­ra­dores de itens no­ti­ci­osos». É quem tinha a função de as fis­ca­lizar e re­a­lizar que ad­mite não serem mais do que ins­tru­mentos de ma­ni­pu­lação da opi­nião pú­blica, fa­bri­cando su­bidas e des­cidas ar­ti­fi­ciais, su­por­tadas em frá­geis amos­tras e me­to­do­lo­gias de­fi­ci­entes.

Até ao dia 4 temos pela frente muito tra­balho de es­cla­re­ci­mento, de que cada voto na CDU é um con­tri­buto para a der­rota da po­lí­tica de di­reita e que cada de­pu­tado eleito ser­virá para re­forçar os in­te­resses e di­reitos dos tra­ba­lha­dores e do povo por­tu­guês.

 



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