Comício em Lisboa mostra fôlego e razão reforçados

Partido pronto para a luta

Somos cha­mados a in­tervir num «tempo que não é de aten­tismo e ex­pec­ta­tiva», mas de «ini­ci­a­tiva e acção», con­cluiu Je­ró­nimo de Sousa no en­cer­ra­mento do co­mício re­a­li­zado sexta-feira, 9, em Lisboa, de­pois de su­bli­nhar que a ina­pe­lável der­rota da co­li­gação PSD/​CDS ex­pressa «a con­de­nação do Go­verno e da sua po­lí­tica» e «a as­pi­ração a uma po­lí­tica que dê res­posta aos pro­blemas con­cretos dos tra­ba­lha­dores, do povo e do País». Essa ex­pec­ta­tiva não será de­frau­dada pelo PCP, ga­rantiu.

Os tempos re­clamam um PCP forte, de­ter­mi­nado e con­victo

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Na pri­meira ini­ci­a­tiva após a Co­li­gação PCP-PEV ter ob­tido o me­lhor re­sul­tado em Le­gis­la­tivas desde 1999, a mo­bi­li­zação e en­tu­si­asmo dos mi­li­tantes pre­sentes no co­mício con­fir­maram ideias-chave sa­li­en­tadas por Je­ró­nimo de Sousa (ver dis­curso na ín­tegra nas pá­ginas 6 e 7) a res­peito da «no­tável cam­panha» le­vada a cabo pela CDU: o Par­tido está vivo e ac­tu­ante, o en­vol­vi­mento e es­forço de mi­lhares de ac­ti­vistas da CDU e a grande par­ti­ci­pação po­pular na ba­talha elei­toral pro­jectam-se para além do dia 4 de Ou­tubro.

O Au­di­tório da Fa­cul­dade de Ci­ência da Uni­ver­si­dade de Lisboa re­pleto atesta a apre­ci­ação do Se­cre­tário-geral do Par­tido.

Não deve causar es­tra­nheza que assim seja, sa­bido e as­si­mi­lado que está pelos mi­li­tantes co­mu­nistas e por muitos ho­mens e mu­lheres sem par­tido que es­ti­veram e se mantêm com a CDU, que «esta foi uma cam­panha cons­truída a pulso mi­li­tante (...) num quadro me­diá­tico glo­bal­mente dis­cri­mi­na­tório e sob fogo de uma in­tensa cam­panha ide­o­ló­gica e de con­di­ci­o­na­mento elei­toral». «Um re­sul­tado que pela sua evo­lução po­si­tiva não está de­pen­dente de uma qual­quer ma­nobra de fa­vo­re­ci­mento me­diá­tico mo­men­tâneo, mas está ali­cer­çado num per­curso de in­ter­venção em de­fesa dos in­te­resses dos tra­ba­lha­dores e do povo», pros­se­guiu.

Outro ele­mento in­con­tor­nável do su­frágio para a As­sem­bleia da Re­pú­blica (AR) é «a perda de le­gi­ti­mi­dade po­lí­tica da an­te­rior mai­oria PSD/​CDS para formar go­verno». Daí o Se­cre­tário-geral do PCP ter con­si­de­rado «inad­mis­sível que, pe­rante a se­gunda maior der­rota elei­toral de sempre dos dois par­tidos e ig­no­rando a con­de­nação po­lí­tica que so­freram, o Pre­si­dente da Re­pú­blica (PR), à margem das re­gras da Cons­ti­tuição, queira forçar e impor a re­no­vação de um go­verno PSD/​CDS com o ob­jec­tivo ex­plí­cito de ga­rantir e as­se­gurar a con­ti­nu­ação dos eixos es­sen­ciais da [sua] po­lí­tica».

Só­lido com­pro­misso

A «par­ci­a­li­dade par­ti­dária» e «com­pro­me­ti­mento do PR com a po­lí­tica de di­reita» não é, porém, o único obs­tá­culo no ca­minho da rup­tura e da mu­dança pela qual as­piram cen­tenas de mi­lhares de por­tu­gueses. Por isso, Je­ró­nimo de Sousa acres­centou que «a clara der­rota de PSD/​CDS», «in­se­pa­rável da luta e com­bate que os tra­ba­lha­dores e o povo tra­varam», essa «vi­tória da grande mai­oria do nosso povo, não pode ser de­frau­dada».

Ou seja, «PSD e CDS não têm hoje con­di­ções para, sem a co­ni­vência de ter­ceiros, impor a con­ti­nu­ação da sua po­lí­tica», ex­plicou, antes de de­ta­lhar que «o PS es­colhe entre dar aval e apoio à for­mação de um go­verno do PSD/​CDS ou tomar a ini­ci­a­tiva de formar um go­verno que tem ga­ran­tidas con­di­ções para a sua fir­mação e en­trada em fun­ções».

Da parte do PCP, a dis­po­sição e pres­su­postos são claros, rei­terou ainda Je­ró­nimo de Sousa: «apre­sen­ta­remos uma moção de re­jeição do pro­grama de um [even­tual] go­verno PSD/​CDS» e «es­tamos pre­pa­rados e prontos para as­sumir todas as res­pon­sa­bi­li­dades, in­cluindo go­ver­na­tivas, ne­ces­sá­rias à con­cre­ti­zação de uma po­lí­tica que rompa com o rumo que ar­rastou o País para a ac­tual si­tu­ação».

Uma cer­teza ficou no final da vi­brante ini­ci­a­tiva ocor­rida faz amanhã uma se­mana: num «tempo que não é de aten­tismo e ex­pec­ta­tiva», mas de «ini­ci­a­tiva e acção», «temos um Par­tido como ne­nhum outro, com uma his­tória, força, va­lores e pro­jecto sem igual», «pre­pa­rado e pronto para im­pul­si­onar a re­sis­tência e a luta (…), pre­pa­rado e pronto para uma in­ter­venção ac­tiva na AR e no go­verno para cons­truir um Por­tugal com fu­turo», con­cluiu o Se­cre­tário-geral do PCP.


Re­forçar a in­ter­venção e o PCP

Antes de in­tervir o Se­cre­tário-geral do Par­tido, e já de­pois do grupo 5 Ca­mi­nhos ter ani­mado o au­di­tório com mú­sica po­pular por­tu­guesa, di­ri­giram-se aos pre­sentes Dé­bora Santos e Gon­çalo Tomé, res­pec­ti­va­mente em nome da Co­missão Re­gi­onal da JCP e do Exe­cu­tivo da Di­recção da Or­ga­ni­zação Re­gi­onal de Lisboa do PCP, cujos mem­bros fa­ziam parte da mesa da ini­ci­a­tiva, bem como Ar­mindo Mi­randa e Fran­cisco Lopes, dos or­ga­nismos exe­cu­tivos do Co­mité Cen­tral.

Um e outro en­fa­ti­zaram que a cam­panha de­sen­vol­vida pela CDU e o re­sul­tado ob­tido cri­aram me­lhores con­di­ções para in­ten­si­ficar a in­ter­venção po­lí­tica e re­forçar o PCP.

«Os jo­vens que nos ou­viram dizer “sim, há di­nheiro, está é mal dis­tri­buído”, tem agora mais fer­ra­mentas para com­pre­ender e rei­vin­dicar as obras na es­cola, o au­mento das bolsas de es­tudo, o fim do con­trato pre­cário. Hoje sabem que é a po­lí­tica de di­reita que per­mite que 50 por cento da ri­queza ge­rada em Por­tugal es­teja nas mãos de cinco por cento da po­pu­lação», re­feriu Dé­bora Santos, para quem «é hora de po­ten­ciar a nossa in­ter­venção au­men­tando o re­cru­ta­mento e or­ga­ni­zando a luta».

No mesmo sen­tido, Gon­çalo Tomé con­si­derou que se é ver­dade que «a luta dos tra­ba­lha­dores e das po­pu­la­ções do dis­trito deu uma con­tri­buição de­ci­siva para a di­mi­nuição da base so­cial de apoio ao Go­verno e à sua po­lí­tica», e se não é menos ver­dade que o o Par­tido es­teve em todas as lutas, «as se­mentes que lan­çámos neste no­tável tra­balho» de con­tacto di­recto, es­cla­re­ci­mento e mo­bi­li­zação para o voto na CDU, par­ti­cu­lar­mente nas em­presas e lo­cais de tra­balho, «abriu novas pers­pec­tivas de re­forço do Par­tido junto dos tra­ba­lha­dores e da classe ope­rária», per­mi­tindo avançar para a im­plan­tação e con­so­li­dação «do Par­tido nas em­presas e lo­cais de tra­balho, onde o PCP tem de estar e fixar-se», bem como para a di­na­mi­zação da luta de massas e da acção rei­vin­di­ca­tiva a partir de ob­jec­tivos con­cretos.

 



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