- Nº 2187 (2015/10/29)
Combate ao terrorismo exige coordenação

Síria critica EUA

Internacional

Quem ataca a aliança entre a Síria e a Rússia na luta contra o terrorismo está a procurar pretextos para não o combater, afirmou em Genebra o presidente do parlamento sírio, Mohamad Yihad al-Laham.

Image 19247

A única forma de erradicar o terrorismo no Médio Oriente é através de uma estreita coordenação dos ataques militares com os governos da Síria e do Iraque, como está a ser feito pela Rússia, advoga o presidente da Assembleia do Povo (parlamento). Intervindo no domingo, 25 de Outubro, na Assembleia da União Interparlamentar realizada em Genebra, na Suíça, Al-Laham sublinhou que os ataques da «coligação internacional» liderada pelos EUA, alegadamente para combater o auto-denominado grupo Estado Islâmico (EI), não só não impediram o aumento das actividades terroristas naqueles dois países, como se mostraram incapazes de travar o recrutamento e infiltração de mercenários estrangeiros nas fileiras da organização.

Ainda segundo o parlamentar, citado pela agência de noticias SANA, a principal consequência dos ataques encabeçados por Washington tem sido a destruição das infra-estruturas do país. Foi justamente o que aconteceu no fim-de-semana de 24 e 25 de Outubro, em Alepo, em que aviões da «coligação internacional» bombardearam pela segunda vez várias estações eléctricas, deixando quase toda a cidade sem luz. Coincidência ou não, o ataque ocorreu justamente numa altura em que forças terrestres governamentais sírias, apoiadas por milícias dos Grupos de Defesa Popular e pela força aérea, conseguiram recuperar o controlo das povoações de al-Wadeehi, al-Sbeihiyeh, al-Qadara, al-Hweijeh e al-Jaberiyeh na província de Alepo, estando agora a proceder à desactivação de engenhos explosivos deixados pelos terroristas em casas, edifícios e estabelecimentos públicos.

Al-Laham responsabilizou ainda os países ocidentais envolvidos no conflito sírio pelo agravamento da situação no Levante e pela crise migratória com que a Europa está hoje confrontada.

ELS integra Frente al-Nusra

Abu Hashem, um dos dirigentes do chamado Exército Livre Sírio (ELS) na província de Idleb, anunciou entretanto que 13 membros da sua organização se juntaram ao grupo terrorista Frente al-Nusra, o braço armada da Al-Qaeda na Síria, para um «intercâmbio de experiências». Através de um dos sítios digitais do ELS, citado pela Prensa Latina, Abu Hashem acrescenta que os membros do ELS e da Frente al-Nusra «são irmãos», não existindo diferenças entre os seus objectivos, pois partilham um inimigo comum que é o governo liderado pelo presidente Bashar al-Assad.

Criado pela CIA e contando com o apoio dos serviços secretos franceses e a assessoria de membros da Legião Estrangeira gaulesa, o ELS é uma organização militar considerada pelos EUA como fazendo parte da «oposição moderada» ao governo de Damasco. Com a entrada em cena da Frente al-Nusra, que não quer concorrência, o ELS perdeu protagonismo, tal como outros grupos de oposição a Bashar al-Assad apoiados e armados pelas potências ocidentais, Turquia, Catar e Arábia Saudita, e muitos dos seus membros juntaram-se com o respectivo armamento aos terroristas.

Ao contrário do que tem sucedido com os ataques levados a cabo pela força aérea russa, o «combate ao terrorismo» conduzido por Washington tem-se revelado um autêntico fracasso.