Controlo público da STCP e da Metro do Porto

Estratégia de mobilidade

Para o PCP, a So­ci­e­dade de Trans­portes Co­lec­tivos do Porto (STCP) e a Metro do Porto «não podem estar vin­cu­ladas ao prin­cipio do lucro má­ximo que é o único que move os pri­vados». No Pro­jecto de Lei apre­sen­tado exige-se, por isso, «o can­ce­la­mento e a re­versão do ajuste di­recto e do pro­cesso de sub­con­cessão do ser­viço pú­blico de trans­porte co­lec­tivo nas so­ci­e­dades Metro do Porto, SA, e STCP, SA».

Re­corde-se que estas duas em­presas sur­giram por ini­ci­a­tiva e in­ves­ti­mento pú­blico para fazer face aos pro­blemas de mo­bi­li­dade e de au­sência de trans­portes pú­blicos que exis­tiam no dis­trito do Porto.

«A STCP foi ga­nhando um enorme pres­tígio na ci­dade do Porto e nos con­ce­lhos li­mí­trofes, sendo a sua im­por­tância re­co­nhe­cida entre os agentes eco­nó­micos e prin­ci­pal­mente entre a po­pu­lação da re­gião. Da mesma forma, a Metro do Porto, fruto de um in­ves­ti­mento pú­blico su­pe­rior a dois mi­lhões de euros, re­pre­sentou uma im­por­tante mais-valia para a ci­dade e para a re­gião, apesar dos enormes en­torses que o sub­fi­nan­ci­a­mento pú­blico e a sua en­trega à gestão pri­vada sempre acar­re­taram», sa­li­entam, no do­cu­mento, os de­pu­tados co­mu­nistas.

Só em 2013, a STCP trans­portou 135 mi­lhões de pas­sa­geiros e a Metro do Porto 56 mi­lhões.

Ne­gócio rui­noso

O Par­tido acusa o an­te­rior Exe­cu­tivo de en­tregar de «mão bei­jada» equi­pa­mentos, li­nhas e in­ves­ti­mentos de mi­lhões de euros «a troco de cli­en­tela e lucro ga­ran­tido aos grandes grupos pri­vados», a que se soma con­tratos tipo Par­ce­rias Pú­blico Pri­vada «que são rui­nosos do ponto de vista do in­te­resse pú­blico, mas que ga­rantem largos mi­lhões aos con­ces­si­o­ná­rios».

«Com a sub­con­cessão que foi a con­curso pú­blico ou com o ajuste di­recto con­cre­ti­zados pelas mãos de um Go­verno em fim de fun­ções, nem as po­pu­la­ções vão ficar mais bem ser­vidas, nem o pro­blema fi­nan­ceiro destas em­presas vai ficar re­sol­vido, nem o Es­tado vai gastar menos di­nheiro», de­nun­ciam os de­pu­tados do PCP, acres­cen­tando: «Com este ne­gócio, as em­presas pú­blicas STCP e Metro do Porto vão ficar mais en­di­vi­dadas e as po­pu­la­ções vão ficar com um ser­viço de trans­porte pior, com menos se­gu­rança e mais caro».

Por seu lado, «os grupos eco­nó­micos têm ga­ran­tidas trans­fe­rên­cias das em­presas pú­blicas su­pe­ri­ores a mil mi­lhões de euros nos dez anos de sub­con­cessão, e ainda re­cebem gra­tui­ta­mente cerca de 500 au­to­carros, e o di­reito a ex­plorar a seu cri­tério as ins­ta­la­ções pú­blicas que lhes foram sub­con­ces­si­o­nadas – alu­gueres de lojas, pu­bli­ci­dade, eventos, alu­gueres de au­to­carros, ser­viços oca­si­o­nais, etc.».

Na ex­po­sição de mo­tivos, alerta-se ainda para o facto de, com esta sub­con­ces­sões e o con­trato que o an­te­rior Go­verno PSD-CDS propôs aos pri­vados, «po­dermos vir a ter em­presas de trans­portes pri­vados a quem fique mais lu­cra­tivo não re­a­lizar o ser­viço de trans­porte do que o re­a­lizar».

Ameaça sobre os tra­ba­lha­dores

Os de­pu­tados co­mu­nistas alertam ainda para «novas e graves ame­aças sobre os tra­ba­lha­dores, os seus sa­lá­rios e di­reitos». «Não es­tando ex­cluído um pro­cesso de des­pe­di­mento de tra­ba­lha­dores, este con­trato de sub­con­cessão abre portas ao agra­va­mento da ex­plo­ração, ao fim dos acordos de em­presa e o apro­fun­da­mento ex­tre­mado do pro­cesso de subs­ti­tuição de tra­ba­lha­dores com di­reitos por tra­ba­lha­dores sem di­reitos e pre­cá­rios», su­bli­nham.




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