Primeira volta das regionais em França

FN canaliza descontentamento

A Frente Na­ci­onal (FN) foi a força mais vo­tada na pri­meira volta das elei­ções re­gi­o­nais, re­a­li­zadas no do­mingo, 6, em França. Com uma per­cen­tagem que ron­dará os 28 por cento, se­gundo re­sul­tados ainda pro­vi­só­rios do Mi­nis­tério do In­te­rior, o par­tido de Ma­rine Le Pen surge à frente da ali­ança de di­reita li­de­rada por Ni­colas Sar­kozy (27%) e do Par­tido So­ci­a­lista de Fran­çois Hol­lande (23,5%).

O re­sul­tado, em­bora an­te­ci­pado por al­gumas son­da­gens, foi re­ce­bido no país como um «choque». «Choque» foi mesmo a pa­lavra es­co­lhida pelos jor­nais L´Hu­ma­nité e Le Fi­garo para as res­pec­tivas man­chetes de se­gunda-feira.

Vá­rios ana­listas apontam como causas o des­gaste do Par­tido So­ci­a­lista, e em par­ti­cular da imagem do pre­si­dente Fran­çois Hol­lande, que desde a sua eleição em 2012 tem so­mado con­se­cu­tivas der­rotas elei­to­rais. Ou­tros apontam a «di­visão» da es­querda, alu­dindo ao facto de Verdes e Frente de Es­querda terem op­tado por uma can­di­da­tura pró­pria e não terem for­mado listas con­juntas com o PS.

O con­texto de aus­te­ri­dade dos úl­timos anos fa­vo­receu ine­ga­vel­mente a FN, que al­cançou o seu me­lhor re­sul­tado de sempre, ven­cendo em seis das 13 re­giões (Al­sácia-Cham­pagne-Ar­denas-Lor­raine; Bor­gonha-Franche-Comté; Centre-Val de Loire; Lan­guedoc-Rous­sillon-Midi-Pi­ri­néus; Nord-Pas-de-Ca­lais-Pi­cardia; e Pro­vença-Alpes-Costa Azul).

Em duas delas (Nord-Pas-de-Ca­lais-Pi­cardia e Pro­vença-Alpes-Costa Azul) a FN terá su­pe­rado os 40 por cento.

Por seu turno, os par­tidos da di­reita só ven­ceram em quatro re­giões (Île-de-France, Nor­mandia, Pays de la Loire e Au­vergne-Rhône-Alpes), fi­cando em se­gundo lugar em ou­tras oito re­giões.

To­davia, o maior recuo elei­toral ve­ri­ficou-se à es­querda se com­pa­rado com o re­sul­tado his­tó­rico de 2010, em que todos os par­tidos deste qua­drante so­maram 53,6 por cento dos votos. O su­frágio de do­mingo mostra assim uma forte erosão elei­toral destes par­tidos, que somam agora entre 34 e 35 por cento dos votos.

O PS teve a maior queda, pas­sando de 32,2 por cento em 2010 para 23 por cento, sendo o mais vo­tado em apenas duas re­giões (Aqui­tânia-Li­mousin- Poitou-Cha­rentes e Bre­tanha).

A Frente de Es­querda e os Verdes, que con­cor­reram juntos em quatro re­giões, terão al­can­çado perto de 11 por cento dos votos, re­sul­tado que ficou aquém do ob­tido pelas duas forças em 2010 (18%).

Tudo de­pende agora da se­gunda volta no pró­ximo do­mingo. O PS já anun­ciou um «blo­queio re­pu­bli­cano» à ex­trema-di­reita.

 



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