Campanha Nacional de Fundos
«Mais Espaço, Mais Festa. Futuro com Abril»

Recta final até ao Cabo

Hugo Janeiro

A cerca de seis meses do final da Cam­panha Na­ci­onal de Fundos lan­çada pelo PCP para a aqui­sição da Quinta do Cabo, o ba­lanço é já de um ex­tra­or­di­nário êxito po­lí­tico do grande co­lec­tivo que é o PCP. Im­porta, porém, con­cre­tizar os ob­jec­tivos fi­nan­ceiros de­fi­nidos e re­de­fi­nidos, a par da pre­pa­ração da 40.ª Festa do Avante!, que se re­a­li­zará em Se­tembro de 2016 in­te­grando o novo ter­reno, ne­ces­sa­ri­a­mente com al­gumas no­vi­dades.

Quando a 5 de Se­tembro de 2014, na aber­tura da 38.ª Festa do Avante!, o Se­cre­tário-geral do PCP anun­ciou a de­cisão de alargar o ter­reno da Quinta da Ata­laia, su­bli­nhou que a opor­tu­ni­dade não podia ser des­per­di­çada. A re­acção do co­lec­tivo par­ti­dário, dos vi­si­tantes da Festa, de todos aqueles que a con­si­deram a maior re­a­li­zação po­lí­tico-cul­tural em Por­tugal, foi de en­tu­si­asmo. Re­co­nhe­ceram que a compra de uma par­cela que au­menta em mais um terço o es­paço até agora dis­po­nível para a Festa do Avante! cor­res­pondia não apenas a uma as­pi­ração aca­len­tada du­rante 25 anos, jus­ta­mente desde a compra da Quinta da Ata­laia, mas ainda à con­cre­ti­zação do ob­jec­tivo iden­ti­fi­cado de criar con­di­ções para mais e me­lhor Festa.

Pron­ta­mente as­si­mi­lado, foi, no mesmo sen­tido, o facto de a compra da Quinta do Cabo com o cor­res­pon­dente lan­ça­mento de uma Cam­panha Na­ci­onal de Fundos, tra­duzir um em­pre­en­di­mento e um com­pro­misso di­ri­gido não apenas aos mi­li­tantes co­mu­nistas e amigos do Par­tido e da Festa, mas também aos de­mo­cratas e pa­tri­otas que va­lo­rizam e se iden­ti­ficam com o PCP, com seu ideal e pro­jecto e a sua Festa, que é também a Festa de Abril onde se afirmam, vivem e pro­jectam os va­lores da Re­vo­lução.

Na oca­sião, Je­ró­nimo de Sousa não es­condeu que o ob­jec­tivo fi­nan­ceiro as­su­mido de 950 mil euros até Abril de 2016 com­por­tava uma au­dácia só com­pa­rável com a de­cisão de ad­quirir a Quinta da Ata­laia, em 1989. Re­cordou, igual­mente, que a compra da Quinta do Cabo re­vela a con­fi­ança na ín­tima li­gação que o PCP mantém com o povo e as massas tra­ba­lha­doras, e a con­vicção de que não existem obs­tá­culos ou de­sa­fios in­trans­po­ní­veis, de que pela luta é pos­sível re­sistir e avançar.

Con­firmar o êxito

Desde então, a ma­te­ri­a­li­zação da cam­panha de fundos é es­pelho do em­penho e dis­po­ni­bi­li­dade mi­li­tantes, da ca­pa­ci­dade de pla­ni­fi­cação, di­vul­gação e ini­ci­a­tiva das or­ga­ni­za­ções e cé­lulas do PCP, so­bres­saindo o im­por­tante e po­si­tivo im­pacto e aco­lhi­mento que aquela tem me­re­cido. A isso alu­diram os seis co­mu­ni­cados do Co­mité Cen­tral do PCP di­vul­gados após a compra da Quinta do Cabo, o úl­timo dos quais, a 6 de Ou­tubro deste ano, de­ta­lhava ter sido já ob­tido mais de me­tade do mon­tante ne­ces­sário. No mesmo texto, sa­li­entou-se a ne­ces­si­dade de tomar «me­didas para pros­se­guir e am­pliar o in­te­resse e apoio que se ve­ri­fica de modo a as­se­gurar o êxito [da cam­panha de fundos]».

Ale­xandre Araújo, do Se­cre­ta­riado do Co­mité Cen­tral e res­pon­sável na­ci­onal pela Festa do Avante!, frisou, em con­versa com o Avante!, que com esse pro­pó­sito im­porta pros­se­guir e in­ten­si­ficar o tra­balho. Desde logo acom­pa­nhando o cum­pri­mento das «pres­ta­ções» de con­tri­buição mensal acor­dadas. Ou seja, uma coisa é o mon­tante cen­tra­li­zado, já mais de me­tade dos 950 mil euros, como acima se re­feriu. Coisa di­fe­rente e a ca­recer exe­cução con­clu­siva é o total dos va­lores as­su­midos nos cha­mados car­tões com­pro­misso.

Ao longo destes 15 meses, as con­tri­bui­ções de mi­li­tantes e não mi­li­tantes do Par­tido têm sido sus­ci­tadas pela en­trega de Tí­tulos de Com­par­ti­ci­pação de 50, 100, 200, 300, 400, 500 e mil euros, assim como com cu­pões de cinco, 10 e 20 euros, os quais se mantêm. Nesta fase final para levar a Festa ao Cabo, o PCP editou um novo postal, em tudo si­milar aos ha­bi­tu­al­mente im­pressos por esta al­tura do ano cor­res­pon­dendo a um dia de sa­lário para o Par­tido.

Aquele ma­te­rial, re­alçou Ale­xandre Araújo, deve ser usado como ins­tru­mento para re­di­na­mizar os con­tactos in­di­vi­duais e re­novar o apelo quer junto dos fi­li­ados co­mu­nistas, quer junto de ho­mens, mu­lheres e jo­vens sem par­tido mas ca­pazes de tomar Par­tido, che­gando tão longe quanto pos­sível. E a ex­pe­ri­ência apu­rada mostra que es­tamos aquém, muito aquém de es­gotar todas as po­ten­ci­a­li­dades que a re­cepção da cam­panha de fundos e a as­si­mi­lação da sua im­por­tância têm vindo a evi­den­ciar, acres­centou.

No­vi­dades es­ti­mulam

O PCP nunca ocultou que a Cam­panha Na­ci­onal de Fundos sob a con­signa «Mais es­paço, Mais Festa. Fu­turo com Abril» foi lan­çada num con­texto de par­ti­cular ad­ver­si­dade po­lí­tica, eco­nó­mica e so­cial para o nosso povo e para o nosso País. Lem­brou, no en­tanto, que também a cam­panha de fundos or­çada em 150 mil contos para a com­prar da Quinta da Ata­laia, em 1990, foi con­si­de­rada à época uma au­dácia. E no en­tanto saldou-se num triunfo sin­gular.

Um outro factor, então como hoje, tem sido fun­da­mental na abor­dagem bem su­ce­dida para ga­rantir con­tri­bui­ções, lem­brou ainda Ale­xandre Araújo. Trata-se da pers­pec­tiva da in­cor­po­ração da Quinta do Cabo já na 40.ª Festa do Avante!, que o Co­mité Cen­tral, en­tre­tanto, agendou para os dias 2, 3 e 4 de Se­tembro de 2016.

Neste der­ra­deiro pe­ríodo a per­correr «até ao Cabo», muito do tra­balho de infra-es­tru­tu­ração (redes de água, luz, sa­ne­a­mento bá­sico, de­li­mi­tação de áreas, aber­tura de ca­mi­nhos, etc.) está já em pre­pa­ração e ul­te­ri­or­mente vai con­vocar o es­forço e de­di­cação mi­li­tante de sempre. No Par­tido, de­corre um amplo de­bate sobre a re­for­mu­lação da Festa sus­ci­tada pelo novo es­paço. Al­guns já o co­nhecem. Para aqueles que não ti­veram tal opor­tu­ni­dade mas de­sejam con­tri­buir para a sua compra, é no en­tanto pre­ciso ex­plicar que aquele chão nosso ali está, é tan­gível e vai poder ser usu­fruído dentro de pouco menos de um ano.

As no­vi­dades, já se sabe, ajudam a apro­ximar o sonho da ima­gi­nação. Nesse sen­tido, Ale­xandre Araújo as­se­gurou que al­gumas or­ga­ni­za­ções do PCP vão ter os res­pec­tivos pa­vi­lhões na Quinta do Cabo. Para lá, des­loca-se o Pa­vi­lhão Cen­tral, bem como o Avan­te­atro! e ou­tros es­paços de cul­tura.

No­vi­dades são, também, a al­te­ração de uma das en­tradas da Festa, pas­sando a existir uma porta de acesso a partir da Quinta do Cabo, e a li­gação desta à Quinta da Ata­laia quer pela várzea, junto ao Au­di­tório 1.º de Maio, quer pela zona onde até aqui fi­cava o acam­pa­mento in­te­rior mais pró­ximo da Me­di­deira.

  

Ex­pe­ri­ên­cias

Muitas são, se­gu­ra­mente, as ex­pe­ri­ên­cias e até casos que con­subs­tan­ciam o bom an­da­mento da Cam­panha Na­ci­onal de Fundos que es­tamos con­vo­cados a levar até ao fim, com o êxito e o brio que os co­mu­nistas por­tu­gueses gostam de os­tentar. José Mo­reira, do Se­cre­ta­riado da Di­recção da Or­ga­ni­zação Re­gi­onal do Porto do PCP, re­latou ao Avante! que na­quele caso tudo co­meçou pela de­fi­nição ri­go­rosa de uma meta re­gi­onal e pela cri­ação de uma co­missão en­car­re­gada de di­na­mizar e acom­pa­nhar a cam­panha. Daí partiu-se para o tra­balho e, agora, o ba­lanço obrigou à re­de­fi­nição da meta. «Es­tamos com cerca de 30 por cento mais con­si­de­rando os com­pro­missos as­su­midos, os quais tudo vamos fazer para que se con­cre­tizem», disse.

Seis or­ga­ni­za­ções do PCP do dis­trito do Porto ul­tra­pas­saram os res­pec­tivos ob­jec­tivos, três delas em mais de 50 por cento, des­tacou ainda José Mo­reira, dando como exem­plos a con­ce­lhia de Vila do Conde e o Sector Em­presas, que con­se­guiram alargar os con­tactos muito para além dos mi­li­tantes do PCP.

Nos casos mais di­fí­ceis, in­sistir en­con­trando so­lu­ções é a fór­mula de­ter­mi­nante para ar­rancar, tes­te­mu­nhou José Mo­reira, que su­bli­nhou que, neste mo­mento, de­fi­niram ob­jec­tivos men­sais para um acom­pa­nha­mento mais es­treito da fase final da cam­panha, isto antes de con­cluir que «quando se con­tacta, as di­fi­cul­dades vão de­sa­pa­re­cendo».

Es­tru­turar o tra­balho e co­meçar por dar o exemplo foi o que fi­zeram os mem­bros dos or­ga­nismos de di­recção do PCP no Al­garve. Tal re­velou-se de­ter­mi­nante para es­ti­mular o co­lec­tivo par­ti­dário e in­cutir-lhe res­pon­sa­bi­li­dade pelo su­cesso da cam­panha, afirmou, por seu lado, Paulo Neto, do se­cre­ta­riado da Di­recção da Or­ga­ni­zação Re­gi­onal do Al­garve do PCP. No global, contou ao Avante!, a re­gião ar­re­cadou já 83 por cento do ob­jec­tivo fi­nan­ceiro pro­posto e tem pers­pec­tiva de su­perá-lo em 25 por cento.

«O le­van­ta­mento de nomes de pos­sí­veis con­tri­bui­dores» também ajudou a que ac­tu­al­mente, em 16 con­ce­lhos, três te­nham já ul­tra­pas­sado a sua meta, «e al­guns sig­ni­fi­ca­ti­va­mente», acres­centou.

No total, quase 400 ca­ma­radas e amigos já con­tri­buíram, o que para Paulo Neto de­monstra que sub­sistem muitas po­ten­ci­a­li­dades de abor­dagem, a qual está fa­ci­li­tada pela dis­po­ni­bi­li­zação do novo cartão do dia do sa­lário para o Par­tido, ad­mite.

Ímpares

Também ques­ti­o­nado sobre o an­da­mento da Cam­panha Na­ci­onal de Fundos para a compra da Quinta do Cabo, Carlos Braga, do Exe­cu­tivo da Or­ga­ni­zação Con­ce­lhia de Vila Franca de Xira e res­pon­sável pela Fre­guesia de Al­verca, tes­te­munha que «houve um maior en­vol­vi­mento [de mem­bros e não mem­bros do PCP] nesta cam­panha tendo em conta o fim a que se des­tina».

Em Al­verca, «con­si­de­rando os com­pro­missos já as­su­midos, su­pe­rámos o ob­jec­tivo ini­cial em 1500 euros», pros­segue. E isto tendo em conta que muitos dos que ha­bi­tu­al­mente con­tri­buem para a in­de­pen­dência fi­nan­ceira do PCP, desta vez e de­vido a di­fi­cul­dades eco­nó­micas não pu­deram fazê-lo da mesma ma­neira. «A mai­oria não deixou de o fazer, porém, mesmo que trans­mi­tindo-nos a tris­teza por não lhes ser pos­sível con­tri­buir nos mesmos moldes, sa­li­entou Carlos Braga.

O re­lato que nos foi feito por Tiago Vi­eira, membro do Co­mité Cen­tral do PCP e res­pon­sável pela Or­ga­ni­zação Re­gi­onal de Aveiro, é em tudo se­me­lhante aos an­te­ri­ores: no plano do dis­trito, es­tamos a 85 por cento da meta, mas no con­celho de Aveiro pra­ti­ca­mente já du­pli­camos a nossa; al­guns amigos não só con­tri­buíram, como também re­co­lheram, e vale também a pena notar que pro­cu­rámos abordar não-mi­li­tantes, ser­vindo de exem­plos os con­tactos es­ta­be­le­cidos com os que, ano após ano, in­te­gram a ex­cursão à Festa do Avante!, ou com for­ne­ce­dores de gé­neros para o pa­vi­lhão da OR de Aveiro na Festa do Avante!, disse.

No que toca a di­fi­cul­dades, Tiago Vi­eira sa­li­entou que al­guns mi­li­tantes mais afas­tados da or­ga­ni­zação co­me­çaram por re­gu­la­rizar as suas quo­ti­za­ções, ha­vendo, agora, a pers­pec­tiva de con­tri­buírem para a compra da Quinta do Cabo apro­vei­tando o postal do dia de sa­lário que está dis­po­nível.

Mas não há di­fi­cul­dades in­su­pe­rá­veis, e a prová-lo está o exemplo ímpar de um mi­li­tante do Par­tido do dis­trito de Aveiro com graves ca­rên­cias eco­nó­micas, que re­cusou re­ceber de um amigo uma ajuda ma­te­rial para si, pe­dindo-lhe que, dessa vez, se di­ri­gisse ao Centro de Tra­balho do Par­tido e con­tri­buísse para a aqui­sição da Quinta do Cabo.

 



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