Assim se vê a força da RTP

A RTP de­cidiu re­cen­te­mente dis­po­ni­bi­lizar na sua pá­gina na In­ternet um portal onde pre­tende contar a his­tória da «ex­trema-es­querda» sob o mote de uma per­gunta: «Porque não fi­zemos a Re­vo­lução?» Uma ini­ci­a­tiva que exalta os feitos de um con­junto de for­ma­ções, grupos e gru­pús­culos a quem atri­buem um papel de­ter­mi­nante no der­ru­ba­mento do fas­cismo e na luta pela cons­trução de uma so­ci­e­dade so­ci­a­lista em Por­tugal.

Quem co­nhece a his­tória da luta do povo por­tu­guês contra o fas­cismo bem sabe do papel de­ter­mi­nante do PCP nesse pro­cesso. Aliás, é sig­ni­fi­ca­tivo a uti­li­zação de uma imagem de jornal a no­ti­ciar a fuga de Ca­xias de oito des­ta­cados di­ri­gentes e mi­li­tantes do PCP num vídeo de pro­moção desta pá­gina.

Visto esse pe­queno vídeo de pro­moção en­tende-se logo o que temos em mãos: de­poi­mentos vá­rios, mai­o­ri­ta­ri­a­mente mar­cados pelo ataque ao PCP, ao seu papel na luta an­ti­fas­cista e no pro­cesso aberto pelo 25 de Abril. Sobre a razão que o levou a aban­donar a «ex­trema-es­querda», He­duíno Gomes ex­plica com um pe­queno sor­riso: «Nós já tí­nhamos cum­prido a nossa missão his­tó­rica que foi con­tri­buir para que a União So­vié­tica e o PCP to­massem conta disto.»

Estas são ra­zões de sobra para que se ques­tione a opção da RTP de pôr parte dos seus meios e do ar­quivo au­di­o­vi­sual in­com­pa­rável de que é de­po­si­tária ao ser­viço de uma visão de facção sobre os acon­te­ci­mentos que an­te­ce­deram o 25 de Abril e se lhe su­ce­deram, ao invés do que seria de es­perar do ser­viço pú­blico de te­le­visão, ou seja, de uma his­tória da luta dos tra­ba­lha­dores e do povo contra o fas­cismo, do 25 de Abril e do pro­cesso de trans­for­ma­ções po­lí­ticas, so­ciais, eco­nó­micas e cul­tu­rais que a ele se devem.

Mesmo que todas estas não fossem ra­zões de sobra para ques­ti­onar estas op­ções da RTP, a pro­moção que tem pas­sado nos ca­nais da es­tação não pode passar em claro. Quando se vêem ima­gens de de­pu­tados co­mu­nistas à Cons­ti­tuinte com uma in­feliz mon­tagem de som em que se ouve ao fundo «Assim se vê a força do seu PC» – um não menos in­feliz tro­ca­dilho com uma pa­lavra de ordem que os mi­li­tantes co­mu­nistas fi­zeram sua – a pro­mover esta pla­ta­forma, não se trata apenas de uma uti­li­zação abu­siva dos mesmos, mas de uma pro­vo­cação que pro­move a con­fusão de quem es­teja menos atento.

De uma as­sen­tada, a RTP e a An­tena1 visam cap­ci­o­sa­mente atingir dois ob­jec­tivos: o de iludir ou bran­quear o per­curso pro­vo­cador de gru­pe­lhos que ob­jec­ti­va­mente es­ti­veram sempre ao lado da contra-re­vo­lução (basta ver o per­curso dos muitos que tendo co­me­çado aí estão nos prin­ci­pais par­tidos de di­reita); o de pro­curar si­tuar o PCP como força «ex­tre­mista», ilu­dindo o seu papel cen­tral na vida po­lí­tica na­ci­onal antes e de­pois do 25 de Abril e o seu en­rai­za­mento po­pular.

 



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