PROSSEGUIR A LUTA

«Os tra­ba­lha­dores e o povo podem contar com o Par­tido Co­mu­nista Por­tu­guês»

O Co­mité Cen­tral reu­nido a 26 de Ja­neiro pro­cedeu à aná­lise das elei­ções para Pre­si­dente da Re­pú­blica, apre­ciou a si­tu­ação po­lí­tica e as­pectos da ac­ti­vi­dade, re­forço e ini­ci­a­tiva po­lí­tica do Par­tido.


A
s elei­ções para Pre­si­dente da Re­pú­blica con­fir­maram a im­por­tância que o PCP lhes atri­buiu ao de­cidir in­tervir nesta ba­talha elei­toral com uma voz pró­pria e au­tó­noma; ao pro­mover o de­bate sobre o papel e os po­deres do Pre­si­dente da Re­pú­blica e ao apre­sentar uma can­di­da­tura que, desde a pri­meira hora, as­sumiu de­fender, cum­prir e fazer cum­prir a Cons­ti­tuição e afirmar os va­lores de Abril para um outro rumo na vida na­ci­onal que as­se­gure ple­na­mente o di­reito dos por­tu­gueses e do País ao de­sen­vol­vi­mento, ao pro­gresso e à jus­tiça so­cial. Uma can­di­da­tura, como re­feriu o ca­ma­rada Je­ró­nimo de Sousa na de­cla­ração da noite elei­toral, «pa­trió­tica e de es­querda, li­berta de qual­quer com­pro­me­ti­mento com os grupos eco­nó­micos e o ca­pital fi­nan­ceiro, que com au­to­ri­dade e co­e­rência re­jeita os di­tames da União Eu­ro­peia. A can­di­da­tura por­ta­dora de um pro­jecto de li­ber­dade, de­mo­cracia, jus­tiça so­cial, de­sen­vol­vi­mento e so­be­rania. A can­di­da­tura que sem he­si­tação se as­sumiu como a can­di­da­tura dos tra­ba­lha­dores, a can­di­da­tura de Abril, vin­cu­lada aos seus va­lores».

Uma can­di­da­tura que, apesar do es­casso tempo de que dispôs para se afirmar, cons­truiu a pulso o seu re­sul­tado, num quadro me­diá­tico des­fa­vo­rável, onde pe­saram di­versos fac­tores, entre os quais o fa­vo­re­ci­mento pela co­mu­ni­cação so­cial do­mi­nante de ou­tras can­di­da­turas e de apelos a sen­ti­mentos po­pu­listas e an­ti­de­mo­crá­ticos.

A can­di­da­tura de Edgar Silva re­a­lizou uma cam­panha sem pa­ra­lelo que com a dis­po­ni­bi­li­dade, ca­pa­ci­dade e em­pe­nha­mento do can­di­dato e de mi­lhares de mi­li­tantes do PCP e ou­tros ac­ti­vistas, se afirmou com con­fi­ança na cons­trução de um Por­tugal me­lhor e mais justo.

 
A
eleição de Mar­celo Re­belo de Sousa por uma es­cassa mai­oria de votos, tal como o PCP havia pre­ve­nido, cons­titui um factor ne­ga­tivo no quadro da ac­tual si­tu­ação po­lí­tica e dos seus de­sen­vol­vi­mentos e con­firma que existia uma real pos­si­bi­li­dade de im­pedir a sua eleição, ob­jec­tivo que foi di­fi­cul­tado pela falta de mo­bi­li­zação de ou­tras can­di­da­turas.

O re­sul­tado da can­di­da­tura de Edgar Silva, como re­fere o co­mu­ni­cado do CC da terça-feira pas­sada, «fica aquém do valor que o seu pro­jecto exigia, quer quanto ao que ela re­pre­senta e ex­pressa de uma in­ter­venção co­e­rente e in­subs­ti­tuível para a in­ter­venção e a luta pre­sente e fu­tura por um outro rumo para a vida po­lí­tica na­ci­onal».

Mas «a cor­rente de mo­bi­li­zação e apoio que a can­di­da­tura de Edgar Silva sus­citou pro­jecta-se num fu­turo pró­ximo como um factor para o de­sen­vol­vi­mento da in­ter­venção po­lí­tica e da luta na nova fase da vida po­lí­tica na­ci­onal».

Apesar da eleição do can­di­dato do PSD e do CDS, este re­sul­tado não al­tera nem apaga a es­tron­dosa der­rota destes par­tidos nas elei­ções de 4 de Ou­tubro e o novo quadro po­lí­tico en­tre­tanto criado e que se tra­duziu já num con­junto de me­didas de re­po­sição de di­reitos e avanços que o de­sen­vol­vi­mento da luta cer­ta­mente irá po­ten­ciar.

Ao novo Pre­si­dente da Re­pú­blica exige-se que cumpra e faça cum­prir a Cons­ti­tuição e de­fenda a in­de­pen­dência na­ci­onal, como é seu dever ins­ti­tu­ci­onal, num quadro de cres­centes cons­tran­gi­mentos, in­ge­rên­cias e pres­sões por parte das es­tru­turas su­pra­na­ci­o­nais da União eu­ro­peia, a pro­curar con­di­ci­onar o nosso de­sen­vol­vi­mento so­be­rano.


T
ra­vada esta ba­talha com um no­tável en­vol­vi­mento das suas or­ga­ni­za­ções, mi­li­tantes e amigos, o PCP pros­se­guirá a luta, pre­pa­rado para res­ponder, em uni­dade e con­fi­ança, re­a­fir­mando a sua ori­en­tação po­lí­tica, aos de­sa­fios ac­tuais. Con­ti­nuará a es­ti­mular a luta de massas e a va­lo­rizar o tra­balho uni­tário como factor de­ci­sivo na con­quista e de­fesa dos di­reitos dos tra­ba­lha­dores e do povo, pela rup­tura com a po­lí­tica de di­reita e por uma al­ter­na­tiva pa­trió­tica e de es­querda.

Neste âm­bito im­porta re­alçar a im­por­tância da re­a­li­zação do XIII Con­gresso da CGTP-IN, nos dias 26 e 27 de Fe­ve­reiro, em Al­mada.

Mas o PCP pros­se­guirá também a sua in­ter­venção nas ins­ti­tui­ções em de­fesa dos in­te­resses dos tra­ba­lha­dores, do povo e do País e en­volver-se-á, nos pró­ximos tempos, num di­ver­si­fi­cado con­junto de ini­ci­a­tivas como vai ser a cam­panha «Mais di­reitos, mais fu­turo»; «Não à pre­ca­ri­e­dade», que terá início a 18 de Fe­ve­reiro; uma acção di­ri­gida aos re­for­mados e pen­si­o­nistas, a con­cre­tizar du­rante o mês de Março; as co­me­mo­ra­ções do Dia In­ter­na­ci­onal da Mu­lher, Dia do Es­tu­dante, Dia da Ju­ven­tude, 40.º ani­ver­sário da Cons­ti­tuição, ani­ver­sá­rios do 25 de Abril e do 1.º de Maio. E, na con­cre­ti­zação da acção es­pe­cí­fica de re­forço do Par­tido «Mais or­ga­ni­zação, mais in­ter­venção, maior in­fluência – um PCP mais forte», em­pe­nhar-se-á nas co­me­mo­ra­ções do 85.º ani­ver­sário do Avante! e 95.º ani­ver­sário do PCP bem como na con­clusão da Cam­panha Na­ci­onal de Fundos, na pre­pa­ração e re­a­li­zação da 40.ª Festa do Avante! e do XX Con­gresso do PCP.


«Os tra­ba­lha­dores e o povo por­tu­guês podem contar com o Par­tido Co­mu­nista Por­tu­guês, com a sua in­ter­venção, de­ter­mi­nação e luta, na ac­tual fase da vida po­lí­tica na­ci­onal como sempre, para de­fender, repor e con­quistar di­reitos, para re­solver pro­blemas e res­ponder a justas as­pi­ra­ções […] para apoiar tudo quanto de po­si­tivo possa ser al­can­çado e com­bater me­didas e op­ções que se re­velem ne­ga­tivas, para romper com a po­lí­tica de di­reita, re­cusar im­po­si­ções ex­ternas e as­se­gurar uma po­lí­tica pa­trió­tica e de es­querda, a de­mo­cracia, o de­sen­vol­vi­mento, a so­be­rania na­ci­onal, um Por­tugal com fu­turo» (da De­cla­ração do Se­cre­tário-geral do PCP na noite elei­toral).