Governo pró-europeu contestado

Moldavos exigem renúncia

Mi­lhares de pes­soas con­tes­taram o go­verno nas ruas da ca­pital da Mol­dávia, ul­ti­maram o exe­cu­tivo a de­mitir-se até hoje e o pre­si­dente a con­vocar elei­ções an­te­ci­padas.

A rei­vin­di­cação é que a pa­lavra seja dada ao povo

Em duas grandes ma­ni­fes­ta­ções ocor­ridas do­mingo, 24, no centro de Chi­sinau, de­zenas de mi­lhares de pes­soas vol­taram a de­sa­fiar as baixas tem­pe­ra­turas e exi­giram que o ga­bi­nete agora li­de­rado por Pavel Filip nem se­quer entre em fun­ções, rei­vin­di­cando que a pa­lavra seja dada ao povo.

Forças de di­reita e de es­querda con­vergem há se­manas na rei­vin­di­cação de re­sig­nação do go­verno e nas acu­sa­ções de cor­rupção aos par­tidos pró-UE, os quais, desde 2009, do­minam o par­la­mento e o exe­cu­tivo. Con­ser­va­dores e pro­gres­sistas di­vergem, porém, nas causas e so­lu­ções para a crise eco­nó­mica, so­cial e po­lí­tica. Os pri­meiros ad­mitem pros­se­guir o ca­minho de apro­xi­mação à União Eu­ro­peia (UE) mas re­clamam a mo­ra­li­zação do exer­cício de cargos pú­blicos. Os se­gundos atri­buem às «re­formas» apli­cadas em nome da as­so­ci­ação à UE – par­ti­cu­lar­mente ás­peras nos ser­viços pú­blicos e nos ren­di­mentos do tra­balho – a raiz da si­tu­ação em que se en­con­tram o povo e o país, bem como o saque de pa­tri­mónio e fundos pú­blicos por parte de quem os devia sal­va­guardar.

A con­tes­tação foi de­sen­ca­deada em Ou­tubro de 2015 quando re­bentou o es­cân­dalo do de­sa­pa­re­ci­mento de cerca de mil mi­lhões de dó­lares de três bancos mol­davos, ocor­rido em 2014 pouco antes das elei­ções le­gis­la­tivas. Desde então, os mol­davos re­cusam le­gi­ti­mi­dade aos par­tidos ditos pró-eu­ro­peus que têm es­tado no poder, mas quando o pre­si­dente da Re­pú­blica Mol­dava aceitou no­mear Pavel Filip para a chefia do go­verno, os pro­testos re­cru­des­ceram.

Ni­colae Ti­mofti tentou, da­quela forma, mas­carar o do­mínio de uma elite acu­sada pelo povo de cor­rupção, mas este não es­quece que Pavel Filip é vice-pre­si­dente do Par­tido De­mo­crá­tico de Vlad Plahot­niuc, um dos oli­garcas do país a quem são atri­buídas res­pon­sa­bi­li­dades nos roubos, e que o par­la­mento vinha in­sis­tindo em apontar para o cargo de pri­meiro-mi­nistro.

O «de­sa­pa­re­ci­mento» dos co­fres de três bancos de um mon­tante equi­va­lente a 15 por cento do PIB da Mol­dávia já levou à de­tenção do ex-pri­meiro-mi­nistro Vlad Filat, que até 2007 es­teve no Par­tido De­mo­crá­tico e desde então li­dera os li­be­rais-de­mo­cratas, um e outro parte da ali­ança pró-eu­ro­peia em quem os mol­davos já não con­fiam.




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