Irrupção populista
O partido da chanceler Angela Merkel e os seus parceiros sociais-democratas no governo foram os mais penalizados nas eleições realizadas, dia 13, em três estados alemães.
Contradições dos conservadores facilitam ascenso populista
Em Bade-Wurtemberg (Sudoeste), a União Cristã-Democrata (CDU) ficou na segunda posição (27%), atrás dos Verdes (30,2%) que pela primeira vez foram a força mais votada em eleições. O SPD caiu para 12,7 de votos (23,1% em 2011) e passou a quarta força.
Na Renânia-Palatinado (Oeste), os conservadores também recuaram (31,8%), distanciando-se dos sociais-democratas que consolidaram a votação (36,2% contra 35,7% em 2011).
Só na Saxónia-Anhalt (Leste), a União Cristã-Democrata surge na frente (29,8% contra 32,5% em 2011). Mas foi aqui que os populistas da Alternativa para a Alemanha (AfD) obtiveram a sua maior votação.
A irrupção dos populistas da Alternativa para a Alemanha (AfD) foi o facto político mais saliente nestas eleições, alterando sensivelmente a relação de forças nos parlamentos regionais.
Nos primeiros dois estados, a AfD tornou-se a terceira força com 15,1 por cento e 12,6 por cento respectivamente, enquanto na Saxónia ficou em segundo lugar com 24 por cento, ultrapassando o SPD (10,6% contra 21,5% em 2011) e o Die Linke (16,3% contra 23,7% em 2011).
A 18 meses das eleições legislativas, antecedidas por outros escrutínios regionais, a AfD passa a estar representada em oito dos 16 parlamentos regionais. Já nas eleições para o Parlamento Europeu de 2014, a AfD conseguiu eleger sete deputados.
A ascensão da AfD, partido formado em 2014 que se destacou pelas suas posições anti-imigrantes, foi facilitada pelas contradições internas dos conservadores.
Com efeito, candidatos cristãos-democratas como Julia Klöckner, na Renânia-Palatinado, fizeram campanha contra a política de acolhimento de Angela Merkel, procurando capitalizar os sentimentos xenófobos instigados pela extrema-direita. A táctica revelou-se um fracasso para os conservadores.
O estado de Bade-Wurtemberg foi durante 58 anos um feudo dos cristãos-democratas. Em 2011 os Verdes conquistaram-no aliando-se aos sociais-democratas. Winfried Kretschmann tornou-se então o primeiro dirigente verde a ocupar o cargo de presidente de um estado federado alemão.
Nestas eleições, os Verdes consolidaram a sua posição, vencendo pela primeira vez uma eleição regional e destronando os conservadores.
A Renânia-Palatinado é outro exemplo demonstrativo de que o discurso xenófobo não é a chave para ganhar eleições.
Os cristãos-democratas contavam recuperar a presidência, tendo como cabeça de lista Julia Klöckner, uma das figuras com mais projecção no partido. Porém, o eleitorado rejeitou os tons xenófobos da sua campanha e deu a vitória aos sociais-democratas.
Tanto Verdes como sociais-democratas recusaram o discurso populista.