Siderurgia europeia afunda-se na crise

Tata Steel fecha no Reino Unido

O grupo si­de­rúr­gico in­diano Tata Steel anun­ciou, dia 27, o en­cer­ra­mento total ou par­cial das suas ac­ti­vi­dades no Reino Unido.

A de­cisão ameaça 15 mil em­pregos di­rectos, dos quais um terço nas ins­ta­la­ções de Port Talbot, no País de Gales. As con­sequên­cias são de tal monta que o pri­meiro-mi­nistro con­ser­vador, David Ca­meron, de­clarou no dia se­guinte que fará «tudo o que puder» para ajudar o sector, ex­cluindo no en­tanto a pos­si­bi­li­dade de na­ci­o­na­li­zação.

O sector si­de­rúr­gico tem vindo a de­fi­nhar na União Eu­ro­peia em re­sul­tado da per­sis­tente crise eco­nó­mica e da con­cor­rência do aço chinês a baixo preço que inunda o mer­cado.

Porém, dada a sua im­por­tância eco­nó­mica e so­cial, em me­ados de Março, os chefes de Es­tado e de go­verno da UE ape­laram às ins­ti­tui­ções eu­ro­peias para que em­pre­endam «ac­ções fortes» em apoio à si­de­rurgia, que ainda em­prega di­rec­ta­mente cerca de 330 mil pes­soas.

Em 2015, a pro­dução mun­dial de aço di­mi­nuiu li­gei­ra­mente (-2,8%), es­ti­mando-se que haja um ex­cesso de ca­pa­ci­dade ins­ta­lada na ordem dos 300 a 500 mi­lhões de to­ne­ladas de aço. No en­tanto, a parte da China con­ti­nuou a au­mentar de 49,3 para 49,5 por cento do total.

Para pro­te­gerem o seu mer­cado, os Es­tados Unidos im­pu­seram re­cen­te­mente di­reitos adu­a­neiros às im­por­ta­ções de aço chinês que, nal­gumas ca­te­go­rias, se elevam a 265 por cento. Ora, as taxas eu­ro­peias os­cilam entre os 13 e os 16 por cento sobre os mesmos pro­dutos.

Con­tudo, as ver­da­deiras causas da crise da si­de­rurgia nos países do Oci­dente estão na sua pro­gres­siva de­sin­dus­tri­a­li­zação. A China não é só o maior pro­dutor de aço, mas também se tornou o maior con­su­midor, tendo ab­sor­vido 46 por cento da pro­dução mun­dial em 2014, contra apenas 16 por cento no início do sé­culo.

No mesmo pe­ríodo, o con­sumo dos países do cha­mado G7 caiu de 41,5 por cento, em 2000, para apenas 18 por cento, em 2014, se­gundo es­ti­ma­tivas do BNP Pa­ribas, ci­tadas pela agência AFP.




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