Depois da sede, vêm os supermercados

Luta forte no Pingo Doce

Na concentração que o CESP/CGTP-IN promoveu dia 20, frente à sede do Pingo Doce e do Grupo Jerónimo Martins, foi aprovada a realização de protestos, durante esta semana, junto de supermercados em diferentes distritos.

Em anos de crise para o povo, o Pingo Doce acumula lucros volumosos

Na acção de 20 de Abril, em Lisboa, participaram dirigentes e delegados sindicais e outros trabalhadores. Durante a hora de almoço, com uma faixa, bandeiras e apitos, gritaram palavras de ordem como «É justo e necessário o aumento do salário», «Lutar, lutar, contra quem nos quer roubar», Tanta hora a trabalhar para tão pouco ganhar» ou «Repressão, intimidação, com a luta dizemos não». O ruído subiu de tom várias vezes, quando o portão da garagem se abria para deixar passar mais um carro caro, havendo até quem gritasse «aí vai o nosso aumento».
A instalação sonora, que passou música portuguesa e amplificou as palavras de ordem, ecoando no largo fronteiro à Rua António Silva (nas proximidades do Campo Grande), serviu para realizar uma combativa sessão de esclarecimento sobre a situação na cadeia de supermercados.
Por ali passaram trabalhadores da Lourosa, de Lisboa e do Porto, que relataram que não são actualizados os salários nem as categorias profissionais, são mal pagas as horas de trabalho nocturno, os horários são constantemente alterados, são colocados entraves ao gozo de folgas e de férias. Denunciaram o assédio moral e repudiaram a perseguição aos delegados sindicais. Condenaram a generalização do «banco» de horas, para não pagar o trabalho extra, e protestaram contra a imposição do cartão-refeição em vez do pagamento do subsídio de refeição.
Falaram também de melhorias conseguidas com a intervenção do sindicato e de uma maior aproximação dos trabalhadores aos seus representantes. Foram igualmente resolvidos vários processos disciplinares, mas já surgiram outros, a justificar a acusação de assédio moral.
Isabel Camarinha, presidente do CESP (Sindicato do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal), acusou a empresa de não respeitar os direitos nem valorizar os trabalhadores, voltando a não dar resposta, como no ano passado, ao caderno reivindicativo entregue há quase três meses. Mas, no sector, «nem todas as empresas são como o Pingo Doce» e «aqui vamos também conseguir» que sejam abertas negociações. Admitindo que a empresa volte a mandar abrir as portas das lojas no 1.º de Maio, adiantou que foi entregue um pré-aviso de greve, de modo a permitir que qualquer trabalhador possa defender-se e faltar.
Libério Domingues, coordenador da União dos Sindicatos de Lisboa, saudou a coragem assumida pelos presentes na defesa dos trabalhadores, realçando que esta atitude é muito mais difícil no Pingo Doce e no Grupo Jerónimo Martins. Defendeu que a decisão de abrir os supermercados no 1.º de Maio não tem a ver com os lucros que daí possam resultar, mas tem motivação ideológica, para a empresa mostrar que não respeita direitos nem admite sindicatos.
Arménio Carlos, Secretário-geral da CGTP-IN, observou que a discriminação não conseguiu impedir que estes trabalhadores viessem para a porta dos patrões e até lhes deu mais força para ali estarem. Denunciou a estratégia de desgaste, escolhida pela administração, e afirmou confiança em que a luta será mais forte, pelos salários, pelos direitos e pelos horários, mas também pela dignidade e pela valorização das carreiras e das profissões, envolvendo os trabalhadores do Pingo Doce nesta luta e nas batalhas que é necessário travar em conjunto com quem trabalha noutras empresas e noutros sectores, para falar a uma só voz e mostrar a força do povo na definição do rumo do País.

Uma semana

Cumprindo a decisão que constava na resolução que os participantes no protesto de dia 20 aprovaram por unanimidade e entregaram na sede da empresa e do grupo, o CESP anunciou posteriormente que a semana de denúncia pública iria ter iniciativas frente aos estabelecimentos do Pingo Doce em Espinho, Alvor e Lagoa (dia 26), em Albufeira (duas lojas, ontem, dia 27), em Lisboa (Olivais II, hoje), na Covilhã (amanhã) e em Matosinhos Sul, no dia 30, sábado.

 



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