Por emprego com direitos e salários justos

A luta não pode esperar

Há postos de trabalho em risco, há salários baixos e direitos por cumprir, para alimentar altos lucros. É atacado o direito ao feriado do 1.º de Maio. Correm perigo alas importantes da capacidade produtiva nacional. A luta dos trabalhadores não pode ficar para mais tarde.

O que é recusado nos salários vai para accionistas e administradores

Nas indústrias eléctricas e no sector têxtil, nos aeroportos e nos supermercados, nos Correios e no porto de Lisboa, na EMEF pública e na CP Carga privatizada, os trabalhadores estão em luta nestes dias e mostram-se determinados a prosseguir.

Hoje mesmo, em Lisboa, os trabalhadores (mulheres, na sua maioria) da Triunfo Internacional realizam uma acção pública de alerta, contra o encerramento da fábrica em Sacavém desta filial da Triumph. A multinacional alemã de roupa interior mantém a intenção de transferir a produção para países com menores custos. O protesto inicia-se às 14h30, no Camões, seguindo para a Assembleia da República.

Pelo pagamento de salários em atraso e pela clarificação da situação das empresas, de forma a garantir os postos de trabalho e a estabilidade, estão em luta os trabalhadores da Santix e da Insieme (que funcionam nas mesmas instalações, em Coimbra), desde 2012 com atrasos no pagamento de salários e subsídios. Como refere o PCP, num comunicado do Sector de Empresas concelhio, as trabalhadoras (que também aqui são a maior parte do pessoal) reagiram à comunicação patronal de imposição de férias a partir de 2 de Maio, afixada a 22 de Abril. Elegeram uma comissão de luta e um delegado sindical e conseguiram da patroa um compromisso quanto às responsabilidades de gestão. Exigem o pagamento do salário de Março para retomarem o trabalho.

O Sitava convocou para ontem, ao fim da manhã, uma marcha do handling, com greve, no aeroporto de Lisboa, uma iniciativa conjunta dos trabalhadores da SPdH (Groundforce) e da Portway. Como reivindicações centrais, o sindicato da Fectrans/CGTP-IN apontou a negociação de um contrato colectivo com as administrações; o cumprimento pelo Governo da recomendação da AR para anular o Despacho 14886-A e parar a liberalização da assistência em escala; o fim da precariedade e dos baixos salários no sector; a anulação do despedimento colectivo de 256 trabalhadores da Portway.

No dia 10, terça-feira, os trabalhadores da EMEF vão concentrar-se frente ao Ministério do Planeamento e Infra-estruturas, reclamando um plano de desenvolvimento da empresa de manutenção ferroviária. A acção foi aprovada num plenário, a 28 de Abril, no Entroncamento, com a participação do Secretário-geral da CGTP-IN.

O período de greve dos estivadores do Porto de Lisboa, aberto a 20 de Abril, foi prolongado até 27 de Maio, contestando a posição patronal na negociação do novo contrato colectivo e a intenção dos operadores portuários, onde predomina a multinacional turca Yildirim, de generalizar a utilização de mão-de-obra precária, mal remunerada e sem direitos.

Junto ao Centro Cultural de Belém, onde a assembleia-geral de accionistas se reuniu para aprovar o pagamento de dividendos de 70,5 milhões de euros, concentraram-se no dia 28 de Abril representantes dos trabalhadores dos CTT Correios. O protesto foi promovido pelo SNTCT, porque o sindicato da Fectrans/CGTP-IN não aceita um aumento salarial de apenas 10 euros por trabalhador, enquanto a administração reserva nove milhões de euros para «prémios de desempenho».

Depois de cinco anos de lucros elevados, amanhã deverão ser conhecidos os resultados de 2015 da Preh Portugal (do grupo chinês Joyson Electronics), onde os trabalhadores lutam contra os salários baixos e por aumentos superiores aos magros 1,3 por cento aplicados. O SITE Norte, que apoiou a greve e concentração à porta da fábrica, na Trofa, no dia 29, informou que nesta sexta-feira, após outro período de greve, será tomada uma decisão para continuação da luta.

Prosseguindo a luta por aumentos salariais e contra a desvalorização do trabalho, os trabalhadores da CelCat General Cable, em Morelena (Sintra) fizeram greve, quatro horas por turno, de 27 a 29 de Abril. O PCP esteve presente junto da fábrica da multinacional norte-americana, em solidariedade com o piquete e outros trabalhadores. Da delegação do Partido fizeram parte a deputada Ana Mesquita e o vereador Pedro Ventura.

Em Braga, os trabalhadores da Bosch Car Multimedia têm feito greves parciais e, anteontem, dia 3, concentraram-se no exterior da fábrica, à hora de almoço, para apoiarem a exigência de aumentos salariais e a devolução do direito de gozar o feriado de Carnaval, entre outros pontos que constam no caderno reivindicativo recusado pela filial da multinacional alemã.

Na semana que antecedeu o 1.º de Maio, prosseguindo a acção de 21 de Abril, na sede do Grupo Jerónimo Martins, o CESP/CGTP-IN promoveu concentrações junto a várias lojas do Pingo Doce. No dia 30, em Matosinhos Sul, com os trabalhadores em luta esteve uma delegação do PCP, com o vereador José Pedro Rodrigues e a deputada Diana Ferreira.

O CESP saudou os trabalhadores do comércio, escritórios e serviços, no 1.º de Maio, e acusou muitas empresas da grande distribuição – nomeando Pingo Doce, Continente, Auchan (Jumbo e Pão de Açúcar) e DIA (Minipreço) – de não respeitarem do Dia dos Trabalhadores, tanto por decidirem abrir os estabelecimentos como por terem desrespeitado, em várias situações, o direito a aderir à greve que o sindicato convocou.

Numa nota publicada dia 1, o CESP destaca a grande adesão no Minipreço, que provocou o encerramento de várias lojas.

Teve adesão de 70 por cento (90 por cento, entre o pessoal efectivo) a paralisação de 24 horas, dia 2, no armazém do Minipreço na Zibreira (Torres Novas), realçando a União dos Sindicatos de Santarém que esta foi a primeira greve naquela base logística.

 



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