Desfile e comício em Ovar

Derrotar a precariedade

O Se­cre­tário-geral do PCP par­ti­cipou na sexta-feira, 20, num co­mício em Ovar in­se­rido na cam­panha na­ci­onal «Mais Di­reitos, Mais Fu­turo – Não à Pre­ca­ri­e­dade».

A pre­ca­ri­e­dade agrava a ex­plo­ração dos tra­ba­lha­dores

Antes do co­mício, as largas de­zenas de pes­soas que en­che­riam por com­pleto o re­cinto da Es­cola An­tónio Dias Si­mões per­cor­reram as ruas de Ovar em­pu­nhando to­chas, ban­deiras ru­bras e faixas onde ma­ni­fes­tavam a sua de­ter­mi­nação em pôr fim à pre­ca­ri­e­dade. Aliás, é isso que têm feito os co­mu­nistas de Aveiro nos úl­timos meses, em que são pre­sença diária junto às em­presas e lo­cais de tra­balho, es­cla­re­cendo os tra­ba­lha­dores e pro­cu­rando mo­bi­lizá-los para a luta contra a ex­plo­ração e em de­fesa dos di­reitos cons­ti­tu­ci­o­nal­mente con­sa­grados.

Na se­mana que ter­minou com o co­mício de Ovar, o PCP con­tactou, no dis­trito, com os tra­ba­lha­dores da Lu­si­aves/​Avi­sabor, dos postos de abas­te­ci­mento de com­bus­tí­veis, da Ci­fial, da So­cori e da Ta­pe­çaria Fer­reira de Sá, lo­cais de tra­balho mar­cados pelas mais va­ri­adas ex­pres­sões de pre­ca­ri­e­dade. Os lu­cros apre­sen­tados e as so­nantes frases de mar­ke­ting uti­li­zadas con­trastam de forma fla­grante com a re­a­li­dade la­boral dos tra­ba­lha­dores.

Na Lu­si­aves, por exemplo, os tra­ba­lha­dores nunca sabem a que horas vão sair, sendo ha­bi­tuais jor­nadas de 12 ou mais horas. O des­res­peito pelas pausas, os sa­lá­rios baixos, a pro­li­fe­ração de con­tratos a prazo para de­sem­penho de fun­ções per­ma­nentes, os ritmos de tra­balho vi­o­lentos e o as­sédio a tra­ba­lha­dores com­põem o quadro de ex­plo­ração na­quela em­presa do sector ali­mentar, com uni­dades nou­tros dis­tritos do País.

De­nun­ciar e in­tervir

Antes de Je­ró­nimo de Sousa, in­ter­veio no co­mício de Ovar o di­ri­gente re­gi­onal do Par­tido Óscar Oli­veira, que de­nun­ciou a per­sis­tência no dis­trito de «graves pro­blemas para os tra­ba­lha­dores e as po­pu­la­ções». Para o membro da Di­recção da Or­ga­ni­zação Re­gi­onal de Aveiro do PCP, os tra­ba­lha­dores «con­ti­nuam a ser ví­timas de uma po­lí­tica de baixos sa­lá­rios, des­va­lo­ri­zação do seu tra­balho, pre­ca­ri­zação do seu vín­culo e ataque con­tínuo aos seus di­reitos la­bo­rais». Estas re­a­li­dades são «diá­rias e quo­ti­di­anas» no dis­trito de Aveiro, acres­centou.

No que res­peita ao de­sem­prego, Óscar Oli­veira ga­rantiu que ele afec­tará 80 mil tra­ba­lha­dores do dis­trito, o que cor­res­ponde a 19 por cento da po­pu­lação ac­tiva. Já a pre­ca­ri­e­dade, su­bli­nhou, cons­titui «uma das mai­ores chagas da so­ci­e­dade por­tu­guesa e os seus efeitos são muito pro­fundos». Va­lo­ri­zando o con­teúdo da cam­panha na­ci­onal do Par­tido contra a pre­ca­ri­e­dade, o membro da DORAV su­bli­nhou os meses de «tra­balho in­tenso» e a «par­ti­ci­pação em­pe­nhada de cen­tenas de mi­li­tantes de todo o dis­trito».

Ana Va­lente re­tratou a si­tu­ação de ex­trema pre­ca­ri­e­dade em que tra­ba­lham os bol­seiros de in­ves­ti­gação ci­en­tí­fica, com vín­culos tem­po­rá­rios e frá­geis e sem qual­quer apoio so­cial em caso de de­sem­prego, e Na­tália Oli­veira re­latou como se so­bre­vive nos pro­gramas de in­serção de de­sem­pre­gados. Ela pró­pria en­contra-se há quatro anos entre o de­sem­prego e estas ocu­pa­ções tem­po­rá­rias e ex­tre­ma­mente mal pagas.

So­lução in­ter­li­gada

A en­cerrar o vi­brante co­mício de Ovar, Je­ró­nimo de Sousa ga­rantiu ser fun­da­mental «parar este cír­culo vi­cioso de des­truição eco­nó­mica e so­cial», pelo que esta «es­piral de chan­tagem tem de ser re­jei­tada pelo Go­verno por­tu­guês». Para o di­ri­gente co­mu­nista, «está na hora de dizer “basta de sub­missão e de­pen­dência”», pois o País pre­cisa ur­gen­te­mente de «eli­minar os obs­tá­culos ao seu cres­ci­mento e de reunir os ins­tru­mentos que lhe per­mitam apro­veitar as opor­tu­ni­dades e po­ten­ci­a­li­dades de de­sen­vol­vi­mento e ga­rantir con­di­ções de vida digna para os por­tu­gueses».

O Se­cre­tário-geral do Par­tido su­bli­nhou ainda que a «sub­missão ao euro, a dí­vida co­lossal e a do­mi­nação mo­no­po­lista da banca são três me­ca­nismos de de­pen­dência e três veí­culos de trans­fe­rência de re­cursos para o es­tran­geiro» e, ao mesmo tempo, três «su­jei­ções de classe ao grande ca­pital fi­nan­ceiro, aos grandes grupos eco­nó­micos eu­ro­peus, que deles be­ne­fi­ciam». Ga­ran­tindo que a re­so­lução destes cons­tran­gi­mentos co­lide de frente com os ob­jec­tivos, a ori­en­tação, a po­lí­tica e as pres­sões da UE, o di­ri­gente co­mu­nista de­fendeu que, sem pre­juízo dos avanços em cada área», estes são pro­blemas in­ter­li­gados a exigir uma so­lução in­te­grada.

 



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