NATO prepara Cimeira belicista de Varsóvia

«Guerra fria» volta a aquecer

A Ci­meira da NATO em Var­sóvia de­verá con­so­lidar o re­forço da or­ga­ni­zação no Leste da Eu­ropa, onde por estes dias a Ali­ança Atlân­tica tem vindo a re­a­lizar os mai­ores exer­cí­cios mi­li­tares desde a «guerra fria».

De­correm desde dia 6 os mai­ores exer­cí­cios da Ali­ança Atlân­tica

No pre­lúdio da reu­nião magna agen­dada para os pró­ximos dias 8 e 9 de Julho na ca­pital po­laca, o se­cre­tário-geral do bloco po­lí­tico-mi­litar im­pe­ri­a­lista, Jens Stol­ten­berg, con­firmou que a NATO vai en­viar para os países bál­ticos e para a Po­lónia quatro ba­ta­lhões «ro­bustos».

O con­tin­gente fun­ci­o­nará em re­gime de ro­ta­ti­vi­dade para con­tornar os acordos em vigor com Mos­covo sobre per­ma­nência de mi­li­tares na re­gião. Porém, a de­cisão, que de­verá ser con­fir­mada em Var­sóvia, é ad­mi­tida como uma ini­ci­a­tiva vi­sando a Rússia.

Nas de­cla­ra­ções pro­fe­ridas na se­gunda-feira, 13, Stol­ten­berg es­cusou-se a pre­cisar o nú­mero de sol­dados que vão in­te­grar os ba­ta­lhões «ro­bustos», mas fontes ci­tadas por agên­cias no­ti­ci­osas apontam para entre 2500 e 3000 mi­li­tares. A con­firmar-se, tal re­pre­senta um acrés­cimo quan­ti­ta­tivo e qua­li­ta­tivo re­le­vante face à pri­meira versão pú­blica do pro­jecto.

A 25 de Maio, a Re­pú­blica Checa, Hun­gria, Po­lónia e Es­lo­vá­quia pre­viam o envio de 150 mi­li­tares cada um para a Es­tónia, Le­tónia e Li­tuânia, su­bli­nhando que a função prin­cipal da força con­junta era a for­mação das tropas lo­cais.

Pro­vo­cação aberta

No quadro da es­tra­tégia da NATO tendo como foco prin­cipal a Rússia, de­correm desde o dia 6 de Junho os mai­ores exer­cí­cios da Ali­ança Atlân­tica após a cha­mada «guerra fria». Pela pri­meira vez desde o início da in­vasão da URSS pelas tropas nazis, a 22 de Junho de 1941, tan­ques de guerra ger­mâ­nicos atra­vessam a Po­lónia em di­recção a Leste.

As ma­no­bras re­a­li­zadas com o su­ges­tivo nome de Ana­conda, mo­bi­lizam 31 mil mi­li­tares e mi­lhares de veí­culos de 24 países. Os EUA con­tri­buem com 14 mil sol­dados, a Po­lónia com 12 mil e a Grã-Bre­tanha com 800, sendo os que mais em­pe­nham as res­pec­tivas forças ar­madas nestes «jogos de guerra»

Pa­ra­le­la­mente, no Bál­tico, con­tinua a re­gistar-se in­tensa ac­ti­vi­dade por parte de aviões de es­pi­o­nagem norte-ame­ri­canos. Do­mingo, 5, jus­ta­mente um dia antes do início do si­mu­lacro da NATO na Po­lónia, uma ae­ro­nave mi­litar dos EUA foi de­tec­tada na fron­teira do en­clave russo de Ka­li­nin­grado. Tratou-se da 16.ª ope­ração se­me­lhante nas úl­timas se­manas.

Cam­panha

Em Por­tugal, um con­junto de or­ga­ni­za­ções, entre as quais o CPPC, a CGTP-IN e di­versas fe­de­ra­ções e sin­di­catos, a JCP, a Eco­lo­jovem, a URAP ou o MPPM, «apelam à re­a­li­zação de ac­ções de opo­sição à NATO, pela dis­so­lução deste bloco po­lí­tico-mi­litar, no­me­a­da­mente nos dias 8 e 9 de Julho de 2016, aquando da re­a­li­zação da Ci­meira em Var­sóvia». A 8 de Julho, às 18h00, na Rua do Carmo, em Lisboa, re­a­liza-se um acto pú­blico sob o lema «Sim à Paz! Não à NATO!».

Num fo­lheto que se en­contra em dis­tri­buição, os pro­mo­tores acusam a Ali­ança Atlân­tica de, na Eu­ropa, «au­mentar as suas ac­ti­vi­dades mi­li­tares e a ex­pansão das suas bases», bem como de «pres­si­onar os seus mem­bros a au­mentar os or­ça­mentos mi­li­tares», ali­men­tando «uma es­ca­lada de ten­sões» que «en­cerra a ameaça real de uma guerra ge­ne­ra­li­zada».

«Por­tugal não pode ser en­vol­vido nos pro­pó­sitos be­li­cistas da NATO», re­alçam ainda no re­fe­rido do­cu­mento, no qual «apelam à afir­mação da exi­gência:

  • da re­ti­rada de todas as forças da NATO en­vol­vidas em agres­sões mi­li­tares;

  • do fim da chan­tagem, de­ses­ta­bi­li­zação e guerras de agressão contra es­tados so­be­ranos;

  • do apoio aos re­fu­gi­ados, ví­timas das guerras que a NATO pro­move e apoia;

  • do en­cer­ra­mento das bases mi­li­tares em ter­ri­tório es­tran­geiro e do des­man­te­la­mento do sis­tema anti-míssil dos EUA/​NATO;

  • do de­sar­ma­mento geral e da abo­lição das armas nu­cle­ares e des­truição mas­siva;

  • da dis­so­lução da NATO;

  • às au­to­ri­dade por­tu­guesas do cum­pri­mento dos prin­cí­pios da Cons­ti­tuição e da Carta das Na­ções Unidas, no res­peito pela so­be­rania e igual­dade dos povos e es­tados»




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