NATO cerca Rússia
Os exercícios militares da NATO Sea Breeze 2016, no mar Negro, começaram esta segunda-feira, 11, após a cimeira em Varsóvia em que participaram delegações de 28 países da Aliança.
NATO instalará quatro batalhões nos países Bálticos e na Polónia
Os exercícios, em que participam 25 navios e cerca de 1700 militares da Bulgária, Grécia, Roménia, Turquia e EUA, vão durar uma semana e constituem mais um passo na escalada de confrontação com a Rússia. Não terá sido mera coincidência o facto de o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, ter anunciado na cimeira de Varsóvia que a decisão de ampliar a presença aérea e marítima da Aliança na região do mar Negro será tomada no Outono.
A imprensa russa, por seu turno, informou que Moscovo pode responder com instalação no mar Báltico e no mar Negro de dois novos radares Podsólnukh (Girassol), com capacidade de monitorizar a zona costeira até cerca de 200 milhas marítimas, ao mesmo tempo que o Kremlin reiterava que «é absurdo falar de uma ameaça por parte da Rússia», deixando claro que o reforço da presença da NATO no mar Negro obrigará o país a tomar medidas para garantir a segurança nacional.
A «questão russa» está no centro da estratégia dos EUA para a NATO, mas está longe de gerar unanimidade entre os parceiros de organização, assinalou este fim-de-semana o jornal norte-americano The New York Times. De acordo com aquele periódico, países como a Alemanha, França e Itália estão renitentes quer quanto a sanções económicas a Moscovo quer no respeitante a iniciativas militares ditas para «conter» a Rússia. O primeiro-ministro italiano Matteo Renzi participou recentemente do Fórum Económico Internacional de São Petersburgo, o presidente da França François Hollande admitiu a necessidade de cooperação com a Rússia e o ministro dos Negócios Estrangeiros da Alemanha Frank-Walter Steinmeier criticou os exercícios militares da NATO na Polónia, regista o The New York Times.
De acordo com o ex-representante permanente dos EUA na NATO, Nicholas Burns, a «questão russa» pode levar a divisões entre os países da Aliança. «Fiquei impressionado com tanta divergência dentro da liderança europeia», disse, citado pelo Sputnik.
A cooperação entre Atenas e Moscovo em áreas como energia, turismo e defesa, e designadamente o projecto conjunto para produzir Kalashnikov na Grécia, é outra pedra no sapato da NATO, que pode «prejudicar seriamente a capacidade da Aliança para apresentar uma frente unida para impedir uma possível agressão russa», como disse uma fonte da Aliança ao The Telegraph.
Estas contradições, a que se junta o recente reatamento das relações comerciais entre a Rússia e a Turquia, outro membro da Aliança Atlântica, não impediram no entanto Jens Stoltenberg de declarar na sexta-feira, 8, que a NATO instalará quatro batalhões nos países Bálticos e na Polónia em 2017, com tropas dos EUA, Canadá, Alemanha e Reino Unido, e garantir que as relações com a Rússia continuam a ser baseadas na «defesa» e no «diálogo».
Nos últimos anos, a NATO construiu diversas novas bases militares e reforçou as suas tropas na Europa de Leste. Segundo Jens Stoltenberg, a organização está agora mais forte do que nunca desde a Guerra Fria.