Pôr fim às portagens
A aplicação de 15 por cento de desconto aos veículos que circulem, a partir de 1 de Agosto, em algumas auto-estradas localizadas no interior do País e no Algarve é «insuficiente». Exige-se, por isso, a revogação das portagens nessas vias.
Negócio proveitoso para as concessionárias
O anúncio do Governo de que o valor das portagens na A4 e na A24 será reduzido em 15 por cento constitui, para os comunistas de Vila Real e Bragança, uma «operação de propaganda que defrauda as expectativas da população, não acaba com as barreiras à mobilidade regional nem dará o estímulo necessário à dinamização económica» de Trás-os-Montes e Alto Douro. Em dois comunicados emitidos na semana passada, os secretariados de ambas as direcções das organizações regionais do PCP garantem mesmo que o valor da redução agora anunciado significa a perpetuação da «injustiça que significa a existência de pórticos» em ambas as vias.
Por muito que os responsáveis pela introdução de portagens nas antigas SCUT (os governos do PS e do PSD/CDS) o neguem, «a verdade é que a população dos distritos Vila Real e de Bragança têm nestas auto-estradas uma barreira à sua mobilidade», garantem os comunistas. A situação é ainda mais grave quando nos distritos de Vila Real e Bragança tem sido levada à prática uma política marcada pelo encerramento de centenas de escolas, serviços de saúde e outros serviços públicos, pelo abandono da agricultura e da produção nacional, pelo encerramento de linhas de caminhos-de-ferro e pela desresponsabilização do Estado relativamente à garantia do serviço público de transportes. Neste quadro, garante o PCP, «só a revogação das portagens pode fazer com que a A4 e A24 representem um factor de desenvolvimento e de facilitação da mobilidade na região».
Empobrecimento do Algarve
Também os comunistas do Algarve consideram «insuficiente» a medida apresentada pelo Executivo PS, sendo, no entanto, «uma consequência da persistente luta desenvolvida pelas populações do Algarve e de outros pontos do País contra as portagens, bem como da derrota imposta pelo povo português ao governo PSD/CDS nas eleições de 4 de Outubro».
«Apesar da redução do preço em 15 por cento, as portagens continuarão a ter um valor significativo sem que exista uma verdadeira alternativa à Via do Infante, antes pelo contrário, dada a situação caótica em que se encontra a EN125», critica o Secretariado da Direcção da Organização Regional do Algarve do PCP, que alerta para a continuação de um «negócio» que, sendo proveitoso para a concessionária, «é ruinoso para o Estado português e, sobretudo, um pesado encargo para as populações e empresas da região do Algarve».
Buzinão na 25 de Abril
Na quinta 21, teve lugar na Ponte 25 de Abril um forte buzinão contra o pagamento de portagens durante o mês de Agosto. A acção foi promovida pela Comissão de Utentes de Transportes da Margem Sul (CUTMS), que instalou cartazes no viaduto do Pragal, situado antes da praça das portagens, a apelar ao protesto dos automobilistas.
Durante o mês de Agosto existiu, por largos anos, uma isenção do pagamento destas portagens, até que o PSD/CDS chegou ao Governo.