Os manuais

Margarida Botelho

As cri­anças nas­cidas na úl­tima dé­cada no nosso País não têm as­se­gu­rado o fu­turo ri­sonho que me­recem. Em bom rigor, todos os nas­cidos neste mi­lénio têm o mesmo prog­nós­tico.

Já o dis­semos muitas vezes, mas as con­sequên­cias da po­lí­tica de di­reita abatem-se de forma es­pe­ci­al­mente cruel sobre as cri­anças e os jo­vens. Seis mil es­colas do 1.º ciclo en­cer­radas nos úl­timos dez anos, abonos de fa­mília cor­tados a mais de meio mi­lhão de cri­anças, de­sem­prego, pre­ca­ri­e­dade e baixos sa­lá­rios dos pais, o que ex­plica porque é que uma em cada quatro cri­anças vive numa casa onde não está ga­ran­tido que se coma carne ou peixe a cada dois dias – dito pela UNICEF.

Isto não é por acaso: o que o grande ca­pital e quem o serve mais de­sejam é que as novas ge­ra­ções te­nham menos di­reitos e menos ca­pa­ci­dade rei­vin­di­ca­tiva do que as an­te­ri­ores.

Há pouco mais de um ano, o PCP in­cluiu nas 25 me­didas ur­gentes do seu Pro­grama Elei­toral para as elei­ções le­gis­la­tivas de 2015 di­versas me­didas com im­pacto di­recto nas vidas das cri­anças e dos jo­vens. Uma delas era a dis­tri­buição gra­tuita dos ma­nuais es­co­lares a todos os alunos do en­sino obri­ga­tório.

Não é uma pro­posta nova do PCP. De­fen­demos esta me­dida há muitos anos, como uma das formas de fazer cum­prir o di­reito cons­ti­tu­ci­onal à edu­cação. Sa­bemos como o custo dos ma­nuais es­co­lares tem um im­pacto brutal nos or­ça­mentos fa­mi­li­ares – Por­tugal é, de resto, o país da União Eu­ro­peia em que as fa­mí­lias mais gastam em edu­cação.

Na dis­cussão do Or­ça­mento do Es­tado para 2016 foi apro­vada a pro­posta do PCP de gra­tui­ti­dade dos ma­nuais es­co­lares para as cri­anças que en­tram este ano para o 1.º ciclo. Os me­ninos nas­cidos em 2010, cerca de cem mil, são os pri­meiros na his­tória do nosso País a re­ceber gra­tui­ta­mente na es­cola os seus li­vros.

Pode dizer-se que é pouco, muito pouco, no mar de di­fi­cul­dades que as fa­mí­lias en­frentam para que as suas cri­anças cresçam sau­dá­veis e fe­lizes. Mas é um passo im­por­tante no sen­tido da gra­tui­ti­dade em todos os graus de en­sino e um apoio sig­ni­fi­ca­tivo a essas cem mil fa­mí­lias.

É, também, um exemplo con­creto de como uma rei­vin­di­cação que há um ano pa­recia tão dis­tante, agora se ma­te­ri­a­liza. Lutar, sempre, e re­forçar cada vez mais o PCP é o ca­minho para ga­rantir esta e ou­tras con­quistas.

 



Mais artigos de: Opinião

Mercosul na contra-maré

Três governos de direita da América do Sul, Argentina, Brasil e Paraguai, decidiram «vetar» a presidência pro tempore da Venezuela no Mercosul que é rotativamente exercida, segundo a ordem alfabética, por cada um dos cinco estados membro da organização por um...

Sete boas razões<br>para convidar um amigo

Os pró­ximos oito dias são de­ci­sivos. Em todo o país, mi­lhares de mi­li­tantes do Par­tido e da JCP, mi­lhares de amigos da Festa, vão con­versar com ou­tros tantos e con­vidá-los para vir à 40.ª edição da Festa do Avante!

A arder

A tragédia dos incêndios em Portugal não expôs apenas as insuficiências existentes no nosso País no combate à catástrofe, nem evidenciou somente a coragem e a abnegação dos bombeiros e membros da protecção civil. Mostrou também...

Na crista da submissão

Muita tinta, e não menor dose de conversa, tem rodeado a nomeação da nova administração da Caixa Geral de Depósitos. Mais coisa menos coisa, o que para aí se tem dito vagueia entre considerações curriculares, morosidade do processo ou a arreliadora...

Com uma imensa alegria!

Se há tema Actual para esta edição do Avante! um deles é, sem sombra de dúvida, o facto de dois dias depois da publicação deste artigo a Quinta da Atalaia estar cheia de camaradas e amigos para a derradeira jornada de trabalho de fim-de-semana da Festa do Avante! 2016....