Produtores franceses
enfrentam multinacional do leite

Indústria esmaga preços

Após uma se­mana de pro­testos junto a uma fá­brica do grupo Lac­talis, os pro­du­tores de leite fran­ceses ini­ci­aram, na se­gunda-feira, 29, novas ac­ções por preços justos.

Fim das quotas lei­teiras abriu crise pro­funda no sector

As ne­go­ci­a­ções entre as or­ga­ni­za­ções de agri­cul­tores e re­pre­sen­tantes do grupo Lac­talis, de­cor­ridas dia 25, em Paris, ter­mi­naram sem um prin­cípio de acordo.

A queda dos preços ao pro­dutor foi uma con­sequência di­recta do fim das quotas lei­teiras co­mu­ni­tá­rias, em Abril de 2015.

Desde então, apesar da quebra da pro­cura re­sul­tante do em­bargo russo aos pro­dutos agro­a­li­men­tares eu­ro­peus e da di­mi­nuição das im­por­ta­ções chi­nesas, a pro­dução tem vindo a au­mentar, de­sig­na­da­mente nos países do Norte que dis­põem de con­di­ções mais fa­vo­rá­veis.

Com o mer­cado sa­tu­rado e sem outra re­gu­lação que não seja a lei da oferta e da pro­cura, as mul­ti­na­ci­o­nais do sector apro­veitam para es­magar os preços ao pro­dutor, au­men­tando assim os seus lu­cros.

A Lac­talis, grupo con­si­de­rado o nú­mero um mun­dial do leite, tem re­ve­lado par­ti­cular avidez. Produz co­nhe­cidas marcas de lac­ti­cí­nios, como as man­teigas e queijos Bridel, Pré­si­dent, Lan­quetot e Ro­que­fort So­ciété.

As suas fá­bricas ab­sorvem um quinto do leite pro­du­zido em França, mas os preços que impõe aos pro­du­tores são mais baixos do mer­cado, re­a­li­dade que é, aliás, con­fir­mada pelo mi­nistro da Agri­cul­tura.

Num co­mu­ni­cado di­vul­gado dia 26, o ti­tular da Agri­cul­tura, Stéphane Le Foll, apelou ao gi­gante do sector para re­tomar as ne­go­ci­a­ções, sa­li­en­tando que o líder mun­dial não pode «con­ti­nuar a pagar o preço mais baixo em França», re­co­nhe­cendo, no en­tanto, que o go­verno não tem meios para forçar a su­bida dos preços.

Se em Junho de 2014 a Lac­talis pa­gava 363 euros por cada mil li­tros de leite, em Julho pas­sado o preço não foi além dos 256,90 euros, valor muito in­fe­rior ao ofe­re­cido por ou­tros in­dus­triais do sector como a Laïta ou a so­ci­e­dade Silav que pagam 290 euros por to­ne­lada. A lei­taria Saint-Père, fi­lial do grupo In­ter­marché, atinge mesmo os 300 euros por to­ne­lada.

Para os pro­du­tores fran­ceses a si­tu­ação é in­sus­ten­tável. Afirmam que a Lac­talis os está a re­duzir à mi­séria, não lhes per­mi­tindo se­quer co­brir os custos de pro­dução.

De acordo com as or­ga­ni­za­ções de agri­cul­tores, o preço de custo da to­ne­lada de leite ronda situa-se entre os 300 e os 320 euros. Mas para re­cu­pe­rarem as perdas acu­mu­ladas ao longo do ano, pre­ci­sa­riam de vender o leite nos meses se­guintes a 340 euros a to­ne­lada.

Sem outro re­curso, as or­ga­ni­za­ções de agri­cul­tores vão con­ti­nuar os pro­testos por toda a França, es­co­lhendo como alvos uni­dades in­dus­triais da Lac­talis, mas também ac­ções em su­per­mer­cados, iden­ti­fi­cando com eti­quetas os pro­dutos do grupo agro­a­li­mentar e ex­pli­cando aos con­su­mi­dores as ra­zões do seu pro­testo.




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