Pela floresta e pela carreira de guarda-florestal

Luta nacional no dia 8

Afirmar pu­bli­ca­mente a ne­ces­si­dade de in­vestir mais na de­fesa da flo­resta e na pre­venção dos in­cên­dios flo­res­tais não condiz com impor a ex­tinção da car­reira de guarda-flo­restal, pro­testou a Fe­de­ração da Função Pú­blica.

A acção tem início às 11 horas de quinta-feira no Largo do Carmo

A de­cisão de avançar para uma ma­ni­fes­tação na­ci­onal, a 8 de Se­tembro, em Lisboa, acom­pa­nhada de pré-aviso de greve de 24 horas, para per­mitir a par­ti­ci­pação no pro­testo de guardas-flo­res­tais de todo o País, foi anun­ciada em con­fe­rência de im­prensa no dia 23. Às 11 horas da pró­xima quinta-feira, co­meça uma con­cen­tração no Largo do Carmo, junto ao quartel-ge­neral da GNR. Daqui par­tirá de­pois uma ma­ni­fes­tação até ao Mi­nis­tério da Ad­mi­nis­tração In­terna, no Ter­reiro do Paço.
A Fe­de­ração Na­ci­onal dos Sin­di­catos dos Tra­ba­lha­dores em Fun­ções Pú­blicas e So­ciais apontou dois mo­tivos para a mar­cação desta jor­nada: con­testar a ex­tinção da car­reira e exigir a atri­buição de su­ple­mentos re­mu­ne­ra­tó­rios.

Erro re­lapso

No do­cu­mento dis­tri­buído à co­mu­ni­cação so­cial, a fe­de­ração da CGTP-IN re­corda os prin­ci­pais mo­mentos de um pro­cesso que se ini­ciou com a apre­sen­tação das rei­vin­di­ca­ções dos guardas-flo­res­tais à mi­nistra da Ad­mi­nis­tração In­terna, em 21 de De­zembro, e ter­minou numa reu­nião com o se­cre­tário de Es­tado, a 17 de Agosto.
O pro­pó­sito da fe­de­ração e dos sin­di­catos era ini­ciar ne­go­ci­a­ções com o Go­verno, para re­verter a ex­tinção da car­reira de guarda-flo­restal (o que im­pli­caria a re­vo­gação de uma alínea do De­creto-Lei N.º 22/​2006, que in­te­grou na GNR os pro­fis­si­o­nais do Corpo Na­ci­onal da Guarda-Flo­restal) e para atri­buir su­ple­mentos re­mu­ne­ra­tó­rios cor­res­pon­dentes às fun­ções es­pe­cí­ficas da pro­fissão e ao con­texto em que são de­sem­pe­nhadas.
A pu­bli­cação, a 23 de Ou­tubro de 2015, do Es­ta­tuto da car­reira de guarda-flo­restal (DL 247/​2015) levou a fe­de­ração a apre­sentar à mi­nistra pro­postas sobre a ne­ces­si­dade de re­gu­la­men­tação do di­ploma e cor­recção de erros, in­clu­sive gra­lhas.
Aos temas a de­bater com o Go­verno acrescia o facto de a GNR não pagar as di­fe­renças sa­la­riais que re­sul­tavam da apli­cação do novo Es­ta­tuto. Esta prá­tica foi cor­ri­gida a partir de Fe­ve­reiro de 2016, mas fi­caram por re­gu­la­rizar as verbas de­vidas desde 1 de No­vembro.
A pri­meira reu­nião com o Go­verno só teve lugar a 23 de Maio. O se­cre­tário de Es­tado da Ad­mi­nis­tração In­terna ouviu e ficou de res­ponder, mas esta res­posta «só foi dada após a re­a­li­zação de uma vi­gília de di­ri­gentes e de­le­gados sin­di­cais junto ao MAI, no dia 3 de Agosto». Na reu­nião que teve lugar daí a duas se­manas, no dia 17, os re­pre­sen­tantes sin­di­cais ou­viram do SEAI, em nome do Go­verno, a re­cusa de ne­go­ci­ação de cinco das oito rei­vin­di­ca­ções apre­sen­tadas. Foram «li­mi­nar­mente re­cu­sadas» as duas que a fe­de­ração con­si­dera mais im­por­tantes: re­versão da ex­tinção da car­reira e atri­buição de su­ple­mentos.
«Ou seja, apesar de nos úl­timos dias, a pro­pó­sito dos in­cên­dios flo­res­tais, o pri­meiro-mi­nistro e ou­tros mem­bros do Go­verno terem pro­pa­lado a ne­ces­si­dade de in­vestir mais na de­fesa da flo­resta e na pre­venção dos in­cên­dios flo­res­tais, a pri­meira de­cisão que tomam é a de in­sistir no erro con­cre­ti­zado em 2006» de «ex­tin­guir a car­reira de guarda-flo­restal, quando se sabe, e cer­ta­mente o Go­verno também, que os guardas-flo­res­tais são peça in­dis­pen­sável para a de­fesa da flo­resta e a pre­venção dos in­cên­dios flo­res­tais», cri­ticou a FNSTFPS.

Quem são e o que fazem

«Os dez anos de in­te­gração dos guardas-flo­res­tais no SEPNA/​GNR têm ser­vido fun­da­men­tal­mente para provar quão im­por­tante é esta car­reira pro­fis­si­onal», con­cluiu a fe­de­ração, de­pois de lem­brar al­guns factos sobre o seu tra­balho e as con­di­ções em que ele é re­a­li­zado.
Existem hoje 317 guardas-flo­res­tais, em 2006 eram mais de 400, que foram in­tem­pes­ti­va­mente in­te­grados na car­reira flo­restal das equipas de pro­tecção flo­restal do Ser­viço de Pro­tecção da Na­tu­reza e do Am­bi­ente (SEPNA) da Guarda Na­ci­onal Re­pu­bli­cana. A FNSTFPS de­fende que são ne­ces­sário, pelo menos, 600. Mas, nos pró­ximos dez anos, mais de uma cen­tena de­verá apo­sentar-se, como foi ex­pli­cado na con­fe­rência de im­prensa.
Os guardas-flo­res­tais exercem fun­ções nas equipas de Pro­tecção Flo­restal (EPF), onde os lu­gares vagos não serão pre­en­chidos, até aca­barem por ser ex­tintas. A estas equipas com­pete: fis­ca­lizar o cum­pri­mento da le­gis­lação sobre flo­restas, caça e pesca; exercer fun­ções de sen­si­bi­li­zação e vi­gi­lância na área flo­restal na­ci­onal; con­tri­buir para a de­fesa da flo­resta contra in­cên­dios; re­a­lizar as ac­ções de vi­gi­lância e fis­ca­li­zação so­li­ci­tadas le­gal­mente; in­ves­tigar as causas dos in­cên­dios flo­res­tais e va­lidar as áreas ar­didas.
Para tal, todos os guardas-flo­res­tais pos­suem for­mação ad­qui­rida ainda no CNGF e uma ex­pe­ri­ência pro­fis­si­onal de onze anos, no mí­nimo. Por mo­tivos como este, nos casos de in­ves­ti­gação de causas de in­cên­dios, são cha­mados pelo Mi­nis­tério Pú­blico, para apoio téc­nico aos pro­cessos, «in­va­ri­a­vel­mente» os ele­mentos das EPF.
No SEPNA, re­fere-se ainda no do­cu­mento da fe­de­ração, «há uma per­ma­nente in­cons­tância na com­po­sição das EPNA» (equipas de Pro­tecção da Na­tu­reza e do Am­bi­ente, cons­ti­tuídas por pro­fis­si­o­nais da GNR que, fre­quen­te­mente, finda a obri­gação de per­ma­ne­cerem três anos, pro­curam trans­fe­rência para ou­tros ser­viços). «Quem acaba por ga­rantir con­sis­tência ao SEPNA, na área ope­ra­tiva, são os guardas-flo­res­tais», re­alça a fe­de­ração.

GNR vi­olou a lei

Os guardas-flo­res­tais de di­versas uni­dades foram ques­ti­o­nados sobre a sua in­tenção de ade­rirem à luta de dia 8, por ins­tru­ções dadas aos co­mandos ter­ri­to­riais da GNR, o que levou a FNSTFPS a fazer a de­núncia pú­blica desta «clara vi­o­lação das normas do Có­digo do Tra­balho, re­la­tivas à greve». A fe­de­ração re­velou ainda, esta se­gunda-feira, 29, que apre­sentou queixa desta ma­nobra de co­acção, à mi­nistra da Ad­mi­nis­tração In­terna, às ins­pec­ções-ge­rais da Ad­mi­nis­tração In­terna e de Fi­nanças e à Pro­cu­ra­doria Geral da Re­pú­blica.

 



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