- Nº 2232 (2016/09/8)

Condição de soberania

Festa do Avante!

Seja qual for o ângulo de abordagem ao problema, a conclusão vai dar sempre ao mesmo: a banca ou é pública ou não é nacional. No sábado, no Fórum, onde a questão do controlo público da banca esteve em foco num dos debates, essa foi também a ideia forte a perpassar as intervenções dos participantes. Adicionada por uma outra: a de que essa é uma condição de soberania.

Jorge Pires, Armindo Miranda (ambos da Comissão Política) e o deputado comunista Miguel Tiago explicaram porquê, lembrando, nomeadamente, que na sequência de um conjunto de falências na banca nos últimos anos (BPN, BPP, BES, Banif), tem vindo a assistir-se a um «processo de concentração e de transferência do capital social para megabancos espanhóis».

O caso do Santander, a quem foi oferecido o Banif, é disso testemunho, sendo muito possível que processos como este venham a repetir-se, na linha, aliás, das orientações nesse sentido emanadas da União Europeia.

Só o banco público (cuja recapitalização na perspectiva do PCP deve ser feita apenas por financiamento público e nunca por qualquer entrada de capital privado), é hoje, pois, nacional, num quadro em que a banca vive uma «situação que não é boa». O que é o resultado de opções de gestão orientadas não para servir a economia nacional e as famílias mas para conceder crédito a amigos, para a especulação financeira, os negócios de empresas dos próprios grupos bancários (vide o BES), para sugar lucros até à hora em que cheguem as dificuldades e o Estado seja chamado a resolvê-las, enterrando nos bancos como já fez qualquer coisa como 21 mil milhões de euros.

Em resumo: Se a banca é fundamental para financiar a economia e servir o País, então, não há outra solução capaz de o garantir que não seja tê-la sob controlo público.

JC