As piruetas

A má­quina me­diá­tica tem re­ser­vado atenção às pro­postas que, na pre­pa­ração do Or­ça­mento do Es­tado, têm pre­en­chido pá­ginas de jor­nais. Me­didas e ba­lões de en­saio são dis­cu­tidos, exa­mi­nados e es­cru­ti­nados pelo painel de co­men­ta­dores, es­pe­ci­a­listas ao ser­viço dos ór­gãos da co­mu­ni­cação so­cial do­mi­nante.

O con­tri­buto do PCP para esta dis­cussão não tem pas­sado des­per­ce­bido, ainda que muitas vezes seja de­tur­pado. O úl­timo exemplo foi a forma como se trans­formou uma pro­posta de ele­mentar jus­tiça – o au­mento de todas as pen­sões de re­forma – numa me­dida que, re­pondo ren­di­mentos a todos, não con­tri­buiria para uma maior jus­tiça so­cial. Cu­ri­o­sa­mente, os mesmos que as­sumem este dis­curso são parcos em pa­la­vras para as pi­ru­etas de ou­tros que ontem as­si­naram au­mentos iguais à in­flação para todas as pen­sões (mí­nimas in­cluídas) e hoje se ar­voram em pi­o­neiros da de­fesa do au­mento ex­tra­or­di­nário, até 600 euros ou 800, dias de­pois. Pelo con­trário, para os media do­mi­nantes, in­co­e­rente é a pro­posta do PCP, ig­no­rando, de forma muito pouco ino­cente, que um au­mento de dez euros para todos em pen­sões, para as quais os be­ne­fi­ciá­rios con­tri­buíram ao longo da vida, não sig­ni­fica o mesmo para quem re­cebe 300, 500 ou mil euros.

Ao mesmo tempo, vêm atri­buindo ao PCP a res­pon­sa­bi­li­dade sobre toda e qual­quer pro­posta com po­ten­cial para causar po­lé­mica, mesmo quando a au­toria é de ou­tros. Por mais que se re­pita que temos um Go­verno do PS, a cum­prir o pro­grama do PS, qual­quer me­dida go­ver­na­mental ou atri­buída ao Go­verno, e, por­tanto, da sua res­pon­sa­bi­li­dade, serve para o ataque ao PCP. Já quando se tornam pos­sí­veis me­didas por ini­ci­a­tiva do PCP a má­quina me­diá­tica ce­lebra os avanços con­se­guidos, ocul­tando que isso só foi pos­sível com a in­ter­venção e o con­tri­buto do PCP. Uma edição re­cente de um jornal, dito de re­fe­rência, re­servou duas pá­ginas e um edi­to­rial sobre a gra­tui­ti­dade dos ma­nuais es­co­lares onde não é pos­sível ler que foi por pro­posta do PCP que os alunos do 1.º ano do En­sino Bá­sico já os re­ce­beram este ano lec­tivo e que, no pró­ximo, a me­dida será alar­gada.

É o jor­na­lismo a fazer po­lí­tica e, neste caso, to­mando par­tido. Como fazem co­men­ta­dores-jor­na­listas, como um di­rector ad­junto de in­for­mação de um dos ca­nais de te­le­visão que, quando con­fron­tado com men­tiras re­pe­tidas em an­tena e em ho­rário nobre, se veio queixar de pres­sões de po­lí­ticos. De­pois de re­correr à men­tira e à ma­ni­pu­lação, vem agora vi­ti­mizar-se para tentar salvar a face e es­conder que há muito deixou o jor­na­lismo e en­trou no com­bate po­lí­tico. Não é caso único, mas é um exemplo da re­pe­tida uti­li­zação de es­paços de in­for­mação para a ma­ni­pu­lação ide­o­ló­gica.

O ataque me­diá­tico as­sumiu formas di­fe­rentes na nova si­tu­ação po­lí­tica, mas a ofen­siva não desceu de tom nem de in­ten­si­dade. Para os grupos eco­nó­micos que detêm a ge­ne­ra­li­dade da im­prensa na­ci­onal, o PCP con­tinua a ser um obs­tá­culo à con­cre­ti­zação da po­lí­tica de di­reita – agora que o vêem a con­tri­buir, ainda que de forma li­mi­tada, para travar o ca­minho de em­po­bre­ci­mento do País.

 



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