PCP contra demolições na Ria Formosa

Poder viver e produzir

Só a luta das po­pu­la­ções pode afastar de­fi­ni­ti­va­mente a ameaça de de­mo­li­ções na Ria For­mosa, ga­rante o PCP, va­lo­ri­zando al­guns avanços al­can­çados.

O PS votou contra o fim das de­mo­li­ções

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No dia 27 de Ou­tubro, pre­ci­sa­mente quando foi co­nhe­cida a de­missão de dois dos prin­ci­pais res­pon­sá­veis pela So­ci­e­dade Polis Ria For­mosa, a As­sem­bleia da Re­pú­blica dis­cutiu e votou, ponto por ponto, um pro­jecto de re­so­lução do PCP sobre o pro­cesso de de­mo­li­ções nas ilhas-bar­reira da Ria For­mosa, tendo al­gumas das ma­té­rias nele cons­tantes sido apro­vadas. Em de­bate es­ti­veram também ou­tras pro­postas sobre o mesmo as­sunto. Num co­mu­ni­cado do Se­cre­ta­riado da Di­recção da Or­ga­ni­zação Re­gi­onal do Al­garve, de dia 29, o PCP ga­rante que as de­mis­sões e os avanços al­can­çados são re­sul­tado da in­tensa luta das po­pu­la­ções e suas as­so­ci­a­ções.

Entre os pontos po­si­tivos apro­vados pela As­sem­bleia da Re­pú­blica, o Par­tido des­taca desde logo a re­co­men­dação ao Go­verno para que este «re­co­nheça o valor so­cial, eco­nó­mico e cul­tural de todos os nú­cleos ur­banos das ilhas-bar­reira da Ria For­mosa» e pro­ceda à sua re­qua­li­fi­cação, que deve ser ex­ten­sível às zonas bal­ne­ares das ilhas. Para o PCP, o ob­jec­tivo desta me­dida deve ser a me­lhoria das con­di­ções de vida das co­mu­ni­dades re­si­dentes, ga­ran­tindo o di­reito de fruição desses es­paços por parte das po­pu­la­ções lo­cais e dos tu­ristas que vi­sitam a re­gião.

Foram ainda apro­vadas as pro­postas do PCP para que o Go­verno pro­ceda à «re­qua­li­fi­cação do sis­tema la­gunar da Ria For­mosa e apoie as ac­ti­vi­dades eco­nó­micas aí de­sen­vol­vidas, im­ple­men­tando uma po­lí­tica de pro­moção de fi­leiras pro­du­tivas em torno das pescas e da pro­dução e apanha de mo­luscos bi­valves». Com esta me­dida, es­cla­recem os co­mu­nistas al­gar­vios, pre­tende-se po­ten­ciar a cri­ação de em­prego, o de­sen­vol­vi­mento da in­dús­tria, o res­peito pelo meio am­bi­ente e a me­lhoria das con­di­ções de vida dos tra­ba­lha­dores e das po­pu­la­ções. O PCP faz ainda saber que irá exigir do Go­verno a con­cre­ti­zação destas de­li­be­ra­ções «com a má­xima ce­le­ri­dade», no­me­a­da­mente através da ela­bo­ração dos pro­jectos de in­ter­venção e re­qua­li­fi­cação da Cu­latra, Farol, Han­gares e Praia de Faro.

In­te­resses in­con­fes­sados

A re­jeição de todas as pro­postas que apon­tavam para a sus­pensão ou o fim do pro­cesso de de­mo­li­ções é o as­pecto mais ne­ga­tivo das re­centes vo­ta­ções par­la­men­tares, pois este é o prin­cipal pro­blema que está co­lo­cado às po­pu­la­ções das ilhas-bar­reira: o ponto 1 do pro­jecto de re­so­lução do PCP, que pro­punha o fim do pro­cesso de de­mo­li­ções, foi chum­bado pelos votos con­ju­gados de PS, PSD, CDS e PAN.

Com a re­pe­tição do seu sen­tido de voto, PSD e CDS mos­traram manter o seu ob­jec­tivo de pro­ceder à de­mo­lição das ha­bi­ta­ções das ilhas-bar­reira da Ria For­mosa e ex­pulsar as co­mu­ni­dades lo­cais deste es­paço para, «pos­te­ri­or­mente, o en­tregar aos grandes in­te­resses pri­vados», acusa o PCP, que re­alça ainda a mu­dança de sen­tido de voto por parte do PS, que ainda em Abril de 2015 de­fendia o fim das de­mo­li­ções e já em Fe­ve­reiro deste ano se abs­teve numa vo­tação se­me­lhante. Ao votar contra a pro­posta co­mu­nista, o PS re­vela que, tal como PSD e CDS, «pre­tende con­cre­tizar de­mo­li­ções de ha­bi­ta­ções nas ilhas-bar­reira da Ria For­mosa».

Se, in­de­pen­den­te­mente de avanços já con­se­guidos, o «fim das de­mo­li­ções não está ga­ran­tido para o fu­turo» é apenas e só porque PSD, CDS e PS se re­cusam a as­sumir esse com­pro­misso, re­alça o PCP, que es­tende as crí­ticas ao Go­verno por re­a­firmar a es­tra­tégia pros­se­guida pela Polis Ria For­mosa. O con­junto dos in­te­resses eco­nó­micos que querem ver as po­pu­la­ções lo­cais afas­tadas da Ria For­mosa também têm res­pon­sa­bi­li­dades pelo rumo que está a ser se­guido.

Para o PCP, o que se exige são «in­ter­ven­ções de re­qua­li­fi­cação do sis­tema la­gunar, de pro­tecção da orla cos­teira contra pro­cessos de erosão, de apoio às ac­ti­vi­dades da pesca e do ma­ris­queio, e, claro, de re­qua­li­fi­cação das zonas edi­fi­cadas nas ilhas-bar­reira. Não são de­mo­li­ções! Não é a ex­pulsão das co­mu­ni­dades lo­cais». Os co­mu­nistas apelam aos mo­ra­dores, aos pes­ca­dores, ma­ris­ca­dores e vi­vei­ristas para que con­ti­nuem a lutar e a in­tervir pelo di­reito a «viver e a pro­duzir na Ria For­mosa». Nesse ob­jec­tivo, ga­rantem, terão ao seu lado o PCP.




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