Relatório da Comissão Eleitoral

Luísa Araújo (Membro do Secretariado
do Comité Central
do PCP)

O Co­mité Cen­tral é o or­ga­nismo que di­rige a ac­ti­vi­dade do Par­tido no in­ter­valo entre Con­gressos, as­su­mindo a res­pon­sa­bi­li­dade de traçar, de acordo com a ori­en­tação e re­so­lu­ções dos con­gressos, a ori­en­tação su­pe­rior do tra­balho po­lí­tico, ide­o­ló­gico e de or­ga­ni­zação do Par­tido.

Os Es­ta­tutos con­sa­gram que com­pete ao Co­mité Cen­tral ces­sante apre­sentar a pro­posta de fu­turo Co­mité Cen­tral a aprovar pelo Con­gresso. Assim, na sua reu­nião de 25 e 26 de Junho, o Co­mité Cen­tral aprovou os cri­té­rios para a ela­bo­ração da pro­posta de com­po­sição do Co­mité Cen­tral a eleger pelo XX Con­gresso, a qual deve tra­duzir a iden­ti­dade do Par­tido e as con­di­ções para a res­posta e ini­ci­a­tiva ne­ces­sária face às grandes exi­gên­cias po­lí­ticas e ide­o­ló­gicas de di­recção, or­ga­ni­zação e in­ter­venção, de­cor­rentes da si­tu­ação ac­tual e fu­tura.

A pro­posta de Re­so­lução Po­lí­tica, que es­teve em dis­cussão em todo o Par­tido, in­te­grou a con­si­de­ração de que o fu­turo Co­mité Cen­tral, no se­gui­mento da ex­pe­ri­ência do tra­balho de di­recção, deve manter as ca­rac­te­rís­ticas do ac­tual, de­sig­na­da­mente quanto às suas com­pe­tên­cias e di­mensão, ad­mi­tindo-se que esta possa ter al­guma re­dução.

Quanto à com­po­sição foi de­fi­nido como ob­jec­tivo para o Co­mité Cen­tral a eleger:

  • a com­po­sição so­cial cor­res­ponder, re­flec­tindo a iden­ti­dade do Par­tido, a uma larga mai­oria de ope­rá­rios e em­pre­gados, com forte com­po­nente ope­rária;

  • in­te­grar qua­dros do Par­tido – fun­ci­o­ná­rios e não fun­ci­o­ná­rios – com res­pon­sa­bi­li­dades no tra­balho de di­recção, oriundos de em­presas e lo­cais de tra­balho;

  • in­te­grar qua­dros par­ti­ci­pantes em or­ga­ni­za­ções e mo­vi­mentos de massas, que se des­tacam em vá­rias áreas da vida na­ci­onal;

  • a na­tural re­no­vação deve ter pre­sente uma com­po­sição que as­socie a par­ti­ci­pação de qua­dros com ex­pe­ri­ência à res­pon­sa­bi­li­zação de jo­vens;

  • re­forçar a par­ti­ci­pação de mu­lheres.

Foi de­fi­nido, também de acordo com os prin­cí­pios de fun­ci­o­na­mento do Par­tido, que no pro­cesso de pre­pa­ração da pro­posta de­veria ser as­se­gu­rada uma ampla aus­cul­tação, num tra­balho exi­gente cor­res­pon­dente à im­por­tância e papel do Co­mité Cen­tral, in­se­rido no tra­balho de di­recção co­lec­tivo. O Co­mité Cen­tral de­legou nos seus or­ga­nismos exe­cu­tivos, Se­cre­ta­riado e Co­missão Po­lí­tica, a di­recção e a ar­ti­cu­lação do tra­balho a re­a­lizar. A Co­missão Cen­tral de Con­trolo foi aus­cul­tada em vá­rios mo­mentos da pre­pa­ração da pro­posta.

Cons­trução
e par­ti­ci­pação

A pro­posta apre­sen­tada ao Con­gresso, cujo tra­balho se ini­ciou em Março, en­volveu nas suas vá­rias fases cerca de 170 or­ga­nismos e 1500 ca­ma­radas, in­di­vi­dual ou co­lec­ti­va­mente, cor­res­pon­dendo aos prin­cí­pios or­gâ­nicos do Par­tido as­sentes no de­sen­vol­vi­mento cri­a­tivo do cen­tra­lismo de­mo­crá­tico do qual um dos ele­mentos fun­da­men­tais é a ampla par­ti­ci­pação dos qua­dros, dos mi­li­tantes em todos os as­pectos da vida par­ti­dária.

O tra­balho re­a­li­zado é parte in­te­grante da po­lí­tica de qua­dros que, entre ou­tras exi­gên­cias, co­loca o per­ma­nente, ri­go­roso e ob­jec­tivo co­nhe­ci­mento dos qua­dros, a atri­buição de res­pon­sa­bi­li­dades e a con­si­de­ração sobre a sua pro­moção, só pos­sível com o acom­pa­nha­mento re­gular à con­cre­ti­zação das suas ta­refas e à cons­tante pre­o­cu­pação com a sua for­mação, par­ti­cu­lar­mente através da in­ter­venção, ac­ti­vi­dade e luta, factor de­ter­mi­nante na for­mação de um quadro do Par­tido. In­tegra-se também no ob­jec­tivo de re­novar e re­ju­ve­nescer os or­ga­nismos do Par­tido.

O nú­mero de ca­ma­radas eleitos para o Co­mité Cen­tral no XIX Con­gresso foi de 152. Neste mo­mento, o Co­mité Cen­tral que cessa fun­ções tem 149. Fa­le­ceram os ca­ma­radas José Ca­sa­nova e Maria do Pilar Vi­cente. Houve uma de­missão.

A pro­posta apre­sen­tada ao XX Con­gresso, com­posta por 146 ca­ma­radas, não in­clui 28 nomes do Co­mité Cen­tral eleito no XIX Con­gresso, o que cor­res­ponde a 18,4 por cento. Entre os mem­bros do ac­tual Co­mité Cen­tral, 25 não in­te­gram a pro­posta. As ra­zões desta con­si­de­ração tem a ver es­sen­ci­al­mente com a al­te­ração de ta­refas, mas também com o ob­jec­tivo da re­no­vação, para a qual foi de­mons­trada uma ampla dis­po­ni­bi­li­dade de mem­bros do ac­tual Co­mité Cen­tral.

É ne­ces­sário ter pre­sente que só será pos­sível cor­res­ponder a dois dos cri­té­rios, re­dução do nú­mero e re­no­vação, pela não in­clusão de mem­bros do Co­mité Cen­tral que cessa fun­ções. Im­porta su­bli­nhar que todos estes ca­ma­radas vão con­ti­nuar no de­sem­penho de ta­refas, con­tri­buindo com o seu co­nhe­ci­mento, a sua ex­pe­ri­ência e de­di­cação para a in­ter­venção e o re­forço do Par­tido.

Há ainda ca­ma­radas que não estão in­te­grados na pro­posta do Co­mité Cen­tral porque estão con­si­de­rados para a pro­posta de Co­missão Cen­tral de Con­trolo e, face à Lei dos Par­tidos, os mem­bros da Co­missão Cen­tral de Con­trolo não podem ser eleitos mem­bros do Co­mité Cen­tral.

De acordo com o Re­gu­la­mento do Con­gresso, os de­le­gados po­diam apre­sentar à Co­missão Elei­toral pro­postas de al­te­ração à pro­posta de com­po­sição do Co­mité Cen­tral. Foram co­lo­cados dois tipos de ques­tões.

Um de­le­gado ex­pressou o seu de­sa­cordo quanto à in­clusão de um dos ca­ma­radas. Pro­cu­rámos es­cla­recer e ana­li­sámos aten­ta­mente. Trata-se de um as­pecto que já tinha sido co­lo­cado du­rante a aus­cul­tação e teve o apro­fun­da­mento dos res­pec­tivos or­ga­nismos, cuja con­clusão levou a manter a con­si­de­ração do ca­ma­rada, sem deixar de ter em conta as­pectos co­lo­cados, como sempre se faz. A Co­missão Elei­toral con­si­dera manter o ca­ma­rada na pro­posta.

Foram também co­lo­cadas ob­ser­va­ções sobre três bi­o­gra­fias que me­re­ceram a de­vida atenção.

A Co­missão Elei­toral con­si­dera manter a pro­posta apre­sen­tada pelo Co­mité Cen­tral ces­sante.

O CC eleito

A re­no­vação re­sulta, para além da não in­clusão de ca­ma­radas eleitos no XIX Con­gresso, na in­clusão de 22 novos ca­ma­radas, que cor­res­ponde a 15,1 por cento do con­junto da pro­posta.

A pro­posta in­clui qua­dros de todas as Or­ga­ni­za­ções Re­gi­o­nais. Re­corda-se que já houve mo­mentos em que não es­ti­veram cri­adas estas con­di­ções.

A com­po­sição so­cial re­flecte a iden­ti­dade do Par­tido. Mantém uma larga mai­oria de ope­rá­rios e em­pre­gados, 98 ca­ma­radas, cor­res­pon­dendo a 67,1 por cento, sendo su­pe­rior à do XIX Con­gresso que era de 65,8 por cento.

A forte com­po­nente ope­rária é tra­du­zida pela in­clusão de 67 ope­rá­rios, cor­res­pon­dendo a 45,9 por cento, também su­pe­rior à do XIX Con­gresso que era de 44,7 por cento.

Na con­si­de­ração pro­cu­rámos apro­fundar a re­flexão sobre ca­ma­radas oriundos de em­presas e lo­cais de tra­balho. Assim, des­ta­camos a par­ti­ci­pação de ca­ma­radas de em­presas como a Au­to­eu­ropa, o Hos­pital de Por­timão, a ESIP, a Ja­doi­béria, a Na­vi­gator Com­pany, o Pingo Doce, a Sakthi, a Va­lorsul, a Vis­teon, de di­versas au­tar­quias lo­cais e de es­colas dos en­sinos Bá­sico, Se­cun­dário e Uni­ver­si­tário.

Va­lo­ri­zamos es­tarem in­cluídos na pro­posta ca­ma­radas que ainda re­cen­te­mente ti­nham a sua in­ter­venção no local de tra­balho e en­tre­tanto acei­taram a pro­posta do Par­tido e op­taram por ser fun­ci­o­ná­rios e assim as­sumir mai­ores res­pon­sa­bi­li­dades para o re­forço da or­ga­ni­zação do Par­tido em geral e es­pe­ci­al­mente junto da classe ope­rária e dos tra­ba­lha­dores. Re­flecte-se na com­po­sição do Co­mité Cen­tral a maior atenção que os or­ga­nismos estão a atri­buir à or­ga­ni­zação nas em­presas e lo­cais de tra­balho.

A pro­posta in­clui ca­ma­radas par­ti­ci­pantes em or­ga­ni­za­ções e mo­vi­mentos de massas, que se des­tacam em vá­rias áreas da vida na­ci­onal, no­me­a­da­mente no mo­vi­mento sin­dical uni­tário e de Co­mis­sões de Tra­ba­lha­dores e que têm por isso uma pro­funda li­gação ao mundo do tra­balho.

Os fun­ci­o­ná­rios do Par­tido são 91 e os fun­ci­o­ná­rios da JCP são 2, cor­res­pon­dendo res­pec­ti­va­mente a 62,3 por cento e 1,4 por cento, no con­junto idên­tica à per­cen­tagem do XIX Con­gresso. Re­flecte-se no Co­mité Cen­tral o papel dos fun­ci­o­ná­rios no de­sen­vol­vi­mento da ac­ti­vi­dade e o seu im­por­tante con­tri­buto para a afir­mação das ca­rac­te­rís­ticas fun­da­men­tais do Par­tido.

Estão in­cluídas na pro­posta 37 mu­lheres cor­res­pon­dendo a 25,3 por cento do con­junto dos ca­ma­radas. Ve­ri­fi­cando-se um li­geiro au­mento re­la­ti­va­mente ao XIX Con­gresso, que era de 25 por cento, este é in­su­fi­ci­ente por não se apro­ximar da per­cen­tagem de mu­lheres na or­ga­ni­zação do Par­tido, que já ul­tra­passa os 31 por cento, e não cor­res­ponder à efec­tiva par­ti­ci­pação das co­mu­nistas nas ta­refas a vá­rios ní­veis e áreas da nossa in­ter­venção. O le­van­ta­mento de nomes para serem even­tu­al­mente con­si­de­radas para o Co­mité Cen­tral in­cluiu vá­rias ou­tras ca­ma­radas com res­pon­sa­bi­li­dade de di­recção, mas na con­si­de­ração desses qua­dros, o cri­tério da com­po­sição so­cial de­ter­mina a pro­posta apre­sen­tada.

Não ig­no­rando con­textos que se re­flectem na li­ber­dade e dis­po­ni­bi­li­dade de muitas e muitas mu­lheres, entre elas co­mu­nistas, os or­ga­nismos ainda não dão a atenção re­gular, es­pe­cial e ne­ces­sária à in­te­gração e res­pon­sa­bi­li­zação de mais mu­lheres nas ta­refas do Par­tido e muito par­ti­cu­lar­mente mu­lheres ope­rá­rias cujo peso é sig­ni­fi­ca­tivo entre as novas ge­ra­ções de tra­ba­lha­dores. Isto re­flecte-se não só no Co­mité Cen­tral, mas so­bre­tudo na li­gação do Par­tido às mu­lheres, par­ti­cu­lar­mente de sec­tores pro­du­tivos com di­mensão sig­ni­fi­ca­tiva em vá­rias re­giões do País.

A média etária mantém-se nos 47 anos. Este facto deve ser tão mais va­lo­ri­zado quanto se tiver pre­sente que a mai­oria dos ca­ma­radas, 124, tem hoje mais quatro anos do que no mo­mento em que foram eleitos. Esta média etária cor­res­ponde a propor para o Co­mité Cen­tral um largo con­junto de jo­vens qua­dros do Par­tido, in­cluindo da JCP, que pen­samos reunir as con­di­ções para este nível de res­pon­sa­bi­li­dade.

O nú­mero de ca­ma­radas em cargos ins­ti­tu­ci­o­nais é sen­si­vel­mente igual ao do Co­mité Cen­tral eleito no XIX Con­gresso.

Muitos ou­tros ca­ma­radas te­riam as con­di­ções po­lí­ticas e ide­o­ló­gicas para serem in­cluídos na pro­posta. Tal não seria acon­se­lhável. Por um lado a di­mensão não com­por­taria e por outro lado a com­po­sição so­cial de­ter­mina a con­si­de­ração sobre todos e cada um dos ca­ma­radas que es­ti­veram in­cluídos na re­flexão do Co­mité Cen­tral ces­sante.

A Co­missão Elei­toral con­si­dera esta a pro­posta para a dis­cussão e vo­tação do Con­gresso porque ela cor­res­ponde à iden­ti­dade do Par­tido e por con­fiar que os ca­ma­radas que dela fazem parte estão à al­tura desta res­pon­sa­bi­li­dade, na afir­mação do ideal e do pro­jecto do Par­tido Co­mu­nista Por­tu­guês.

 



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O Se­cre­tário-geral do Par­tido, Je­ró­nimo de Sousa (que en­tendeu não votar na sua pró­pria eleição), foi eleito por una­ni­mi­dade.

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