O Médio Oriente e a ONU

Ângelo Alves

A libertação de Alepo foi, como previsto, uma pesada derrota para a coligação da guerra liderada pelos EUA. Uma derrota militar e política com real impacto nas relações internacionais mas que está longe de significar a derrota da estratégia imperialista. A vitória do governo sírio está a trazer à tona da água a verdade sobre o que ali se passou e sobre quem eram – e são – os terroristas e os carrascos dos direitos humanos. A descoberta de valas comuns com cidadãos executados e desmembrados pelos chamados «rebeldes» faz luz sobre quem de facto cometeu crimes horrendos, sobre quem aprisionou dezenas de milhares de cidadãos num território de terror e sobre quem após a derrota militar não hesitou em atacar comboios humanitários. As operações de apoio humanitário montadas no terreno nos últimos dias pelo legítimo governo sírio mostram-nos não só o terror em que viveram aquelas populações mas também a criminosa falsidade em torno das ditas «ONG humanitárias» (como os auto denominados «capacetes brancos») que após a libertação de Alepo desapareceram do terreno onde de facto estiveram, mas não para prestar assistência humanitária.

Se a isto somarmos as informações sobre operacionais ligados à NATO e as petromonarquias identificados nos bunkers dos terroristas ou notícias sobre o uso de armas químicas pelos «rebeldes», temos um quadro que no mínimo exigiria da ONU uma condenação, não do governo sírio, mas dos ditos «rebeldes» e seus mentores e apoiantes. Mas como se disse a estratégia imperialista está longe de estar derrotada. Nos media dominantes continuamos a assistir a uma despudorada cortina de mentiras, e na ONU – depois da histeria inicial no Conselho de Segurança ditada pela preocupação de salvar a face das principais potências imperialistas perante o risco dos seus operacionais serem capturados – reina um silêncio de chumbo sobre os crimes que se vai desvendando. A mesma ONU que está agora posta à prova perante a deliberada, ilegal e insolente postura de Israel que, face a uma muito tardia condenação da construção de colonatos, acaba de aprovar a construção de várias dezenas de novos colonatos e de afirmar a soberania israelita sobre toda a cidade de Jerusalém. Está definitivamente em jogo a credibilidade desta Organização.




Mais artigos de: Opinião

2017 - divulgar as propostas do Partido

Vamos entrar no ano de 2017 sob o grande impacto que o XX Congresso provocou no Partido e no País, de onde saímos mais coesos, combativos e determinados em continuar a lutar pelos justos e generosos ideais que nos animam.

Mensagem de Natal

Na sua mensagem de Natal o primeiro-ministro António Costa, entre outras coisas, referiu que para reduzir as desigualdades e garantir a todos iguais oportunidades de realização pessoal é essencial a democratização do conhecimento e que «a escola pública é...

Só? Não! Porquê?

O Governo decidiu aumentar o preço dos transportes públicos em 1,5 por cento. E logo sublinhou: só 1,5 por cento, que é a taxa prevista de inflação para 2017. E aquele «só», ali colocado para contrastar com as práticas do anterior governo, quer dar...

Tarefas para o novo ano

O tratamento mediático da histórica libertação de Alepo ou de trágicos acontecimentos como o do passado dia 19 em Berlim nada tem a ver com a verdade dos factos e muito menos com o esclarecimento das suas causas. Pelo contrário, o propósito é confundir e...

O erro

O Natal já foi e o ano de 2017 está aí ao virar da esquina. Os festejos vão estralejando pelo chamado «primeiro mundo», a coreografia da paz e da boa vontade monta-se nas praças e bazares icónicos, o planeta parece inspirar fundo e devagar. O capitalismo faz...