O PSD tem «novo líder»

Carlos Gonçalves

Os «spin doc­tors» do mar­ke­ting po­lí­tico e da po­lí­tica-es­pec­tá­culo são es­pe­ci­a­listas de ma­ni­pu­lação po­lí­tico-me­diá­tica, fa­bri­cação de imagem de can­di­datos, cri­a­tivos e co­reó­grafos de cam­pa­nhas de mi­lhares de mi­lhões do zé­nite de mis­ti­fi­cação e per­versão em que se con­verteu a «de­mo­cracia» nos USA e não só.

Em Por­tugal tem cres­cido a acção dos «dou­tores em ma­ni­pu­lação». É agora o caso com a cam­panha de bran­que­a­mento e re­lan­ça­mento da imagem de Passos Co­elho, como se fosse um «novo líder do PSD», cujos cri­a­tivos serão em breve co­nhe­cidos do «mer­cado».

A cam­panha apoia-se nos me­ca­nismos de es­que­ci­mento da ide­o­logia me­diá­tica, que fa­vo­rece o apa­ga­mento dos factos em vinte e um dias (se­gundo cál­culos ac­tu­a­li­zados), sub­mersos pelo tsu­nami per­sis­tente de in­for­mação es­pec­ta­cular, su­per­fi­cial, frag­men­tada, ir­ra­zoável e in­con­se­quente.

Neste caso trata-se de fazer es­quecer P. Co­elho pri­meiro-mi­nistro do go­verno PSD/​CDS que foi ainda mais longe do que a troika no saque aos tra­ba­lha­dores e ao povo. Um go­verno que, de­sig­na­da­mente na TSU – ma­téria sub­ja­cente aos dis­lates re­centes –, propôs em 2012 o corte de 5,75% na taxa paga pelas em­presas e o au­mento de 7% da mesma TSU para a Se­gu­rança So­cial paga pelos tra­ba­lha­dores. O valor da ope­ração – der­ro­tada pela luta – era de mais de dois mil mi­lhões de euros, re­ti­rados aos tra­ba­lha­dores para, sem criar um único em­prego, re­per­cutir nos lu­cros das trans­na­ci­o­nais se­de­adas no es­tran­geiro e que nem pagam im­postos em Por­tugal.

A pro­moção de P. Co­elho ga­nhou vi­si­bi­li­dade com o al­moço com o PR e o apoio do Ex­presso/​SIC, TVI, Sol, Pú­blico, DN e ami­ga­lhaços, fez constar que afinal está vivo, que o PSD «ga­nhou um líder da opo­sição», «mais com­ba­tivo», com «nova fór­mula» e «con­fi­ança», que re­jeita dar a mão ao PS (salvo em ma­téria tão grave como as com­pe­tên­cias au­tár­quicas, com o pa­tro­cínio de M.R.Sousa) e que visa de­mons­trar que a «ge­rin­gonça» não tem fu­turo.

Sabe ele bem que a «ge­rin­gonça» nunca existiu, que o que temos é um go­verno do PS, com uma nova cor­re­lação de forças na AR que re­verteu al­gumas po­lí­ticas mais gra­vosas do PSD/​CDS. E sa­bemos todos que a no­tícia do «novo líder» está um pouco exa­ge­rada. De novo só as pró­ximas der­rotas do PSD.




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