e militante comunista
Faleceu Georgette Ferreira
Aos 91 anos, faleceu Georgette Ferreira, militante e dirigente comunista que, como sublinha o Secretariado do Comité Central na nota que emitiu no dia 4, «dedicou a sua vida à causa revolucionária do seu Partido de sempre, pela emancipação dos trabalhadores e dos povos, pela democracia, o progresso social, a paz, o socialismo e o comunismo».
Nascida em Alhandra, filha de operários agrícolas, Georgette Ferreira começou a trabalhar nos campos da lezírias do Ribatejo com apenas oito anos, tornando-se aos 16 operária na Fábrica de Fiação de Vila Franca de Xira. É aí que toma consciência da exploração a que eram sujeitos os operários.
Em 1943, adere ao PCP, dedicando-se desde logo com determinação à organização e à luta em defesa dos interesses dos trabalhadores. Nesse mesmo ano encabeçou a organização de uma greve vitoriosa de costureiras por aumentos de salário. A 8 e 9 de Maio de 1944, participou nas greves operárias do baixo Ribatejo, tendo contribuído para a organização da solidariedade aos trabalhadores que foram presos e levados para a Praça de Touros de Vila Franca de Xira. Um ano mais mais tarde, integra-se nas manifestações de regozijo pela vitória sobre o nazi-fascismo na Segunda Guerra Mundial.
Passa à clandestinidade em 1945, como funcionária do PCP. Presa por duas vezes, em 1949 e 1954, teve sempre um comportamento digno frente à polícia política do regime fascista e aos carcereiros. Na sua primeira prisão, doente, foi internada sob vigilância policial, no Hospital dos Capuchos, de onde se evadiu em 1951, retomando de imediato a actividade partidária na clandestinidade.
Após a sua libertação da segunda prisão, em 1959, viveu alguns anos na Checoslováquia, participando nesse período em reuniões internacionais da Federação Democrática Internacional das Mulheres e da Federação Sindical Mundial. Em 1965, regressou a Portugal e à luta clandestina, desempenhando tarefas partidárias em vários distritos, como Lisboa, Porto, Castelo Branco ou Setúbal, onde se encontrava aquando da Revolução do 25 de Abril de 1974. Foi uma participante activa na construção e defesa das conquistas de Abril, como responsável de diversas organizações, mantendo-se sempre profundamente ligada à luta dos trabalhadores.
Foi deputada à Assembleia Constituinte em 1975-1976 e deputada à Assembleia da República entre 1976 e 1988. Foi membro do Comité Central do PCP desde o início da década de 50 até 1988.
Pelo velório e funeral de Georgette Ferreira passaram muitos dirigentes e militantes comunistas e outros democratas. Em nome da direcção do Partido, interveio no funeral Manuela Bernardino, membro da Comissão Central de Controlo.