- Nº 2255 (2017/02/16)
MURPI reclama a intervenção do Governo

Filas intermináveis no CNP

Nacional
Os utentes do Centro Nacional de Pensões (CNP) enfrentam, todos os dias, filas intermináveis na esperança de um atendimento condigno, querendo apenas ver o seu problema resolvido.

Em carta aberta dirigida ao secretário de Estado da Segurança e aos presidentes dos grupos parlamentares da Assembleia da República e do Instituto da Segurança Social, a Confederação Nacional de Reformados, Pensionistas e Idosos (MURPI) reclama a «solução urgente» deste problema, «no respeito integral pelos direitos de todos os trabalhadores e reformados do País», e promete desenvolver acções de esclarecimento público.

«Esta situação, que revela falta de respeito pelos utentes da Segurança Social, tem causas e responsáveis que não dão uma explicação ao público, mas tão-somente prometem que o assunto vai ser resolvido, continuando sempre adiado», acusa o MURPI. A organização lembra que os serviços da Segurança Social «foram perdendo capacidade de resposta ao longo destes anos, pela política desastrosa do governo PSD/CDS que reduziu drasticamente os recursos humanos e técnicos, como uma medida de ataque aos serviços públicos».

«Em Dezembro de 2010 o número de trabalhadores do CNP era de cerca de 600 e em Dezembro de 2016 de 339 (uma redução de 42 por cento)», informa a confederação, esclarecendo que, com a «redução de recursos humanos», o «tempo de espera para atribuição de pensões aumentou e os utentes desesperam pela resolução dos seus dramáticos problemas, como aqueles que tendo esgotado as prestações de desemprego aguardam muito tempo para que lhes seja atribuída a pensão de velhice antecipada por desemprego ou aqueles que têm direito à pensão de sobrevivência e outros (ex-emigrantes) que aguardam o deferimento da sua pensão».

Reforço dos serviços públicos

Segundo o MURPI, a solução para os problemas no Centro Nacional de Pensões (CNP) passa pelo reforço dos serviços públicos que assegurem o cumprimento das funções sociais do Estado, como determina a Constituição da República Portuguesa e os trabalhadores e os reformados reclamam.

Neste sentido, a confederação exige «um cabal esclarecimento público das razões da demora na resposta aos utentes», «uma solução urgente, por parte do Governo, no reforço de recursos humanos e resolução das condições laborais», «uma resposta adequada aos utentes e que os serviços respondam em tempo útil às suas inúmeras solicitações», «informação discriminada e anual sempre que haja alterações, por parte do CNP a todos os pensionistas, do valor líquido das pensões» e «serviços públicos universais e de qualidade com o objectivo de assegurar os direitos fundamentais dos cidadãos como contributo para um País mais justo e solidário».

Protesto junto à Segurança Social

No dia 9, várias dezenas de trabalhadores do Centro Nacional de Pensões (CNP) manifestaram-se junto à sede do Instituto da Segurança Social (ISS, IP), em Lisboa, para exigirem melhores condições de trabalho, a contratação de novos trabalhadores e a integração dos precários.

Em declarações à Lusa, Sebastião Santana, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Sul e Regiões Autónomas (STFPS), explicou que há dez anos o número de trabalhadores do CNP era «de cerca de mil e hoje é de 339», o que levou ao «aumento dos ritmos de trabalho, o que é difícil suportar».

Em simultâneo, «as condições de trabalho degradaram-se muitíssimo», uma situação que «pode trazer constrangimentos ao processamento das pensões», o que é «uma das grandes preocupações dos trabalhadores do CNP», mas também da Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública e da Confederação Nacional de Reformados Pensionistas e Idosos (MURPI), representados naquela acção de luta.

Moção

Numa moção entregue no final do protesto, o sindicato da CGTP-IN aponta que o «número de trabalhadores tem vindo a ser reduzido de forma acentuada devido ao elevado número de aposentações e a sucessivos pedidos de mobilidade», que «não há meios materiais nem humanos para dar resposta ao volume de trabalho, tanto na área nacional como internacional» e que o «refeitório foi encerrado», o que obriga os trabalhadores, em muitos casos, a comer nas suas secretárias. No documento, contesta-se ainda a falta de recursos materiais, «traduzida na tremenda escassez de impressoras, fotocopiadoras, toner», entre outros materiais, assim como de recursos humanos.

O STFPS considera, também, que «o recurso a trabalhadores no âmbito dos Contratos de Emprego e Inserção (CEI)», utilizado em grande escala no CNP e no ISS em geral, «não é uma resposta efectiva ao problema, dadas as condições precárias em que os mesmos são colocados».

Neste sentido, exige-se dos responsáveis do ISS e do Ministério do Trabalho e Segurança Social «respostas imediatas no sentido de criarem condições objectivas com vista à resolução dos problemas» e que «seja entendida como prioritária e rapidamente posta em prática uma resposta que assegure condições de trabalho dignas aos trabalhadores do CNP».