Ainda a CGD

João Frazão

Apenas na re­gião Norte, desde De­zembro de 2012, foram en­cer­radas 89 agên­cias da Caixa Geral de De­pó­sitos. 54 dessas agên­cias foram-no du­rante a vi­gência do go­verno PSD/​CDS.

Estes nú­meros, crus como a re­a­li­dade sempre é, in­dicam-nos dois factos que é ne­ces­sário reter e per­mitem re­tirar uma con­clusão.

Pri­meiro facto: o fe­nó­meno de en­cer­ra­mento de bal­cões não é ex­clu­sivo da acção po­lí­tica deste ou da­quele go­verno, que têm su­ces­si­va­mente des­pre­zado o seu papel de ser­viço pú­blico.

Lem­bremos que os bal­cões da Caixa Geral de De­pó­sitos, in­dis­pen­sá­veis para va­lo­rizar o ne­gócio e a pe­ne­tração junto de am­plas ca­madas po­pu­lares, e de­sig­na­da­mente idosos que nela vêem um porto se­guro para as suas pou­panças, e de sec­tores eco­nó­micos muito di­ver­si­fi­cados, não são apenas meras de­pen­dên­cias ban­cá­rias, antes são pontos de apoio às po­pu­la­ções e às micro, pe­quenas e mé­dias em­presas, sendo em muitas lo­ca­li­dades as únicas ins­ti­tui­ções ban­cá­rias.

Se­gundo facto: ou­vindo Pedro Passos Co­elho a falar sobre a anun­ciada nova vaga de en­cer­ra­mentos de bal­cões, fi­camos sem ne­nhuma dú­vida, para o caso de al­guém ter ainda uma réstia de con­fi­ança em tal fi­gura, de que não passa de um ma­la­ba­rista das pa­la­vras, de um con­tor­ci­o­nista da ver­dade, um au­tên­tico ven­dedor da banha da cobra.

De facto, Passos Co­elho, que foi o res­pon­sável di­recto pelo en­cer­ra­mento de de­zenas de bal­cões do banco pú­blico, bem como de cen­tenas de ou­tros ser­viços, aquele que tem tra­vado uma ba­talha sem tré­guas pela de­ses­ta­bi­li­zação da Caixa, com vista à sua fra­gi­li­zação e pri­va­ti­zação, vem agora tentar atirar lama para cima dos que sempre a de­fen­deram, cri­ti­cando a gestão cri­mi­nosa que os seus amigos e apa­ni­guados con­cre­ti­zaram, numa total de­mons­tração de des­ca­ra­mento e falta de ver­gonha.

A con­clusão é que, pe­rante uns e ou­tros, o ca­minho é o da di­na­mi­zação da luta. De cada vez que de­clarem guerra aos in­te­resses e le­gí­timos di­reitos das po­pu­la­ções, é essa a res­posta que devem ter.




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