EUA em África brincam com o fogo

Carlos Lopes Pereira

A ad­mi­nis­tração Trump está a au­mentar a in­ge­rência dos Es­tados Unidos em África, com maior pre­sença mi­litar e mais ac­ções de guerra.

A re­cente des­lo­cação do se­cre­tário da De­fesa norte-ame­ri­cano ao Dji­buti, onde se situa a prin­cipal base mi­litar dos EUA em África, con­firma o re­forço do in­ter­ven­ci­o­nismo es­tado-uni­dense.  

O ge­neral James Mattis ter­minou no Dji­buti uma vi­sita a países do Médio Ori­ente e da África – Arábia Sau­dita, Egipto, Is­rael e Qatar –, todos eles fiéis ali­ados de Washington, seja na con­ti­nuada ocu­pação da Pa­les­tina, seja em guerras pas­sadas, como a in­vasão do Iraque e a des­truição da Líbia, ou ac­tuais, como as agres­sões à Síria e ao Iémen.

O ob­jec­tivo do pé­riplo, se­gundo o Pen­tá­gono, foi o de re­a­firmar «ali­anças mi­li­tares fun­da­men­tais» para os EUA, con­so­lidar laços com «par­ceiros es­tra­té­gicos» e dis­cutir a co­o­pe­ração para travar «ac­ti­vi­dades de de­ses­ta­bi­li­zação» e der­rotar «or­ga­ni­za­ções ex­tre­mistas e ter­ro­ristas».

No Dji­buti, país im­por­tante pela lo­ca­li­zação, junto do Es­treito de Bab el-Mandeb, à en­trada do Mar Ver­melho, Mattis teve um en­contro com o pre­si­dente Omar Guelleh e reuniu-se com res­pon­sá­veis mi­li­tares norte-ame­ri­canos, entre os quais o ge­neral Thomas Waldhauser, chefe do Africom, o co­mando das forças ar­madas dos EUA para África.

A base em Dji­buti, Camp Lem­mo­nier, com quatro mil efec­tivos, de­sem­penha um papel chave nas ope­ra­ções mi­li­tares norte-ame­ri­canas em África e na Pe­nín­sula Ará­bica. É uti­li­zada, no­me­a­da­mente, para apoiar ata­ques de drones na So­mália, contra o Al-Shebab, e no Iémen, contra a Al-Qaida, com trá­gicos «danos co­la­te­rais» em ví­timas civis.

Mais poder ao Africom

Em me­ados deste mês, o Africom anun­ciou o envio de «al­gumas de­zenas de sol­dados» para a So­mália, «a pe­dido» do go­verno de Mo­ga­díscio, para «ajudar» as forças lo­cais «em ma­téria de se­gu­rança», no quadro da luta contra os shebab. Não é a pri­meira vez que os EUA co­locam, com re­sul­tados de­sas­trosos, «botas no ter­reno» na­quele país do Su­deste afri­cano, fla­ge­lado por guerras, pi­ra­taria e fomes desde os anos 90.

Em 2007 foi en­viada para a So­mália uma força mi­litar da União Afri­cana, a Amisom, pre­sen­te­mente com 22 mil sol­dados, fi­nan­ciada, ar­mada e trei­nada pelos EUA e ali­ados.

Ainda no âm­bito de uma maior in­ter­venção mi­litar no Corno da África, o Pen­tá­gono alargou em fi­nais de Março os po­deres das che­fias mi­li­tares para levar a cabo bom­bar­de­a­mentos aé­reos na So­mália, tor­nando-os mais nu­me­rosos e ofen­sivos.

Na al­tura, o pre­si­dente Trump aprovou uma pro­posta do Pen­tá­gono no sen­tido do in­cre­mento das ope­ra­ções de com­bate. A de­cisão, que me­receu elo­gios do ge­neral Thomas Waldhauser, per­mite au­to­nomia ao Africom para re­a­lizar ac­ções de guerra e «des­truir os alvos mais ra­pi­da­mente».
Não é, pois, só com o ataque de mís­seis à Síria, o lan­ça­mento da mãe das bombas no Afe­ga­nistão, as ame­aças na Pe­nín­sula da Co­reia ou as pro­vo­ca­ções nas fron­teiras eu­ro­peias da Rússia que os EUA põem em risco a paz mun­dial. Também em África, Trump e os seus ge­ne­rais brincam com o fogo.

 



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