1872 – Porto inaugura primeira linha do Americano

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«Uma nuvem de po­eira avisa que o Ame­ri­cano está a chegar. A jor­nada desde Matho­zi­nhos até à parte su­pe­rior da ci­dade ter­mina à en­trada d'este jardim. Es­pera-o muita gente. Vem com­ple­ta­mente cheio, mas tam de­pressa des­car­rega a sua car­re­gação de ba­nhistas da Foz, que se enche im­me­di­a­ta­mente e parte (...) De dez em dez mi­nutos ou de quarto em quarto de hora, passa um d'estes Ame­ri­canos com grande ra­pidez, cor­rendo do­ce­mente pelos rails (...) Os carros são es­pa­çosos e are­jados, sem sol nem po­eira: toda a gente os fre­quenta. Co­me­çaram a cir­cular no anno pas­sado, se­gundo me dizem, e têm tido grande êxito». O re­lato é de Cathe­rine Char­lotte Jackson em Fair Lu­si­tania (For­mosa Lu­si­tânia), obra tra­du­zida por Ca­milo Cas­tello Branco em 1878, re­fe­rindo-se ao novo trans­porte mo­vido por força animal e sobre carris de ferro inau­gu­rado no Porto em 1872. A ideia nasceu 40 anos antes, em Nova Iorque, daí ad­vindo o nome que lhe é dado na Eu­ropa. A no­vi­dade dos carros sobre carris pu­xados por ca­valos ou mulas chega à ca­pital em 1873, através da em­presa Carris de Ferro de Lisboa. Os «carros ame­ri­canos» da Carris virão a ser subs­ti­tuídos pelos eléc­tricos no início do sé­culo XX.