PORTUGAL PRECISA DE OUTRO RUMO

Rea­lizou-se na quarta-feira, dia12, na AR, o de­bate sobre o es­tado da Nação. Como lem­brou Je­ró­nimo de Sousa, «se há uma evi­dência que o ac­tual es­tado da Nação con­firma, nestes 20 meses da exis­tência da nova fase da vida po­lí­tica na­ci­onal, de­cor­rente das úl­timas elei­ções le­gis­la­tivas e das al­te­ra­ções ve­ri­fi­cadas na com­po­sição da As­sem­bleia da Re­pú­blica, é aquela que nos mostra o es­tron­doso de­sastre do ca­minho se­guido por su­ces­sivos go­vernos nos úl­timos anos e que teve na po­lí­tica do an­te­rior go­verno do PSD/​CDS, a sua versão mais ne­fasta».

De facto, a apli­cação do Pacto de Agressão da troika com me­didas que re­pre­sen­taram uma ex­tra­or­di­nária agu­di­zação da ex­plo­ração, em­po­bre­ci­mento e de­clínio na­ci­onal foram res­pon­sá­veis por uma vaga de emi­gração só equi­pa­rável à que se ve­ri­ficou na dé­cada de ses­senta do sé­culo pas­sado, por um ex­po­nen­cial cres­ci­mento da po­breza, por uma vaga alar­mante de de­sem­prego e pre­ca­ri­e­dade, por um ataque de­vas­tador aos ser­viços pú­blicos e às fun­ções so­ciais do Es­tado, por inú­meras pri­va­ti­za­ções acom­pa­nhadas da des­truição do apa­relho pro­du­tivo na­ci­onal, por su­ces­sivos es­cân­dalos na área fi­nan­ceira, pela ex­tinção de mais de mil fre­gue­sias, entre muitos ou­tros ma­le­fí­cios.

Este é o es­tado em que o PSD e o CDS dei­xaram o País quando a luta e o voto dos tra­ba­lha­dores e do povo lhes di­taram o iso­la­mento so­cial se­guido de uma cla­mo­rosa der­rota elei­toral. Este é o es­tado da Nação a que tudo fazem para re­gressar como ficou evi­dente neste de­bate onde não con­se­guiram es­conder, de­baixo dos dis­cursos ar­ro­gantes, o seu in­con­tido sau­do­sismo e von­tade de re­vanche.

Re­co­nhe­cendo em­bora os avanços, ainda que li­mi­tados, con­se­guidos nesta fase da vida po­lí­tica na­ci­onal com a luta dos tra­ba­lha­dores e do povo e a de­ter­mi­nante in­ter­venção do PCP, é pre­ciso ir mais longe. Mas não será pos­sível re­solver os pro­blemas es­tru­tu­rais com que nos de­fron­tamos sem rup­tura com os cons­tran­gi­mentos ex­ternos e as op­ções da po­lí­tica de di­reita, ao con­trário do que afirma o PS.

 

Neste quadro, o PCP con­ti­nuará o seu com­bate para levar mais longe a po­lí­tica de re­po­sição, de­fesa e con­quista de di­reitos; con­ti­nuará em­pe­nhado, de forma séria e res­pon­sável, a apre­sentar pro­postas cons­tru­tivas; con­ti­nuará a apoiar as me­didas que res­pondam po­si­ti­va­mente ao seu com­pro­misso com os tra­ba­lha­dores, o povo e o País. Mas não se dei­xará ar­rastar para a de­ma­gogia e o po­pu­lismo de falsas so­lu­ções. Antes, tudo fará para in­tervir, com os tra­ba­lha­dores e o povo, para criar as con­di­ções ne­ces­sá­rias para a con­cre­ti­zação de uma al­ter­na­tiva pa­trió­tica e de es­querda, num rumo de efec­tiva res­posta aos pro­blemas na­ci­o­nais, de ele­vação das con­di­ções de vida do povo e de cri­ação de con­di­ções de de­sen­vol­vi­mento.

Como re­feriu o Se­cre­tário-geral do PCP, «Por­tugal pre­cisa de uma po­lí­tica pa­trió­tica e de es­querda para dar res­posta aos pro­blemas es­tru­tu­rais e re­cu­perar os seus atrasos. Pre­cisa de re­fazer o seu ca­minho. Um ca­minho do re­forço dos di­reitos, a me­lhoria das con­di­ções de vida dos por­tu­gueses. Um ca­minho que in­clui muitos ou­tros as­pectos, desde logo o re­forço do apa­relho pro­du­tivo e da pro­dução na­ci­onal. Pre­cisa de uma po­lí­tica que ga­ranta a afir­mação de um Por­tugal livre e so­be­rano num mundo e numa Eu­ropa entre Es­tados iguais em di­reitos».

 

Nesta linha de afir­mação de uma po­lí­tica al­ter­na­tiva de­sen­volve-se a in­ter­venção do PCP e da CDU apro­vei­tando ao má­ximo todas as con­di­ções para apre­sentar can­di­da­turas e mul­ti­plicar con­tactos pro­cu­rando ga­nhar as po­pu­la­ções para o apoio a este pro­jecto au­tár­quico dis­tin­tivo que con­tribui, a nível local, para uma gestão au­tár­quica com a marca do tra­balho ho­nes­ti­dade e com­pe­tência que ca­rac­te­riza a CDU e para a cri­ação de me­lhores con­di­ções a nível na­ci­onal para a mu­dança de rumo ne­ces­sária.

Foi nesta di­nâ­mica de con­fi­ança que se re­a­li­zaram este fim-de-se­mana di­versas ini­ci­a­tivas da CDU em Odi­velas, Viseu, Ovar, Gon­domar, Ponte de Lima e Viana do Cas­telo com a par­ti­ci­pação do Se­cre­tário-geral do PCP.

Foi também neste clima de re­flexão e de pro­posta que o PCP re­a­lizou a sessão pú­blica «por uma po­lí­tica fiscal ao ser­viço do povo e do País» de­fen­dendo uma outra po­lí­tica fiscal, com­po­nente es­sen­cial da po­lí­tica pa­trió­tica e de es­querda.

No mesmo sen­tido pros­segue a pre­pa­ração da Festa do Avante! com ac­ções di­ver­si­fi­cadas de di­vul­gação e venda da EP. Em si­mul­tâneo, avança a sua im­plan­tação no ter­reno, a es­plên­dida e imensa zona verde da Ata­laia com uma vista des­lum­brante sobre o Tejo e a baía do Seixal.

A acção rei­vin­di­ca­tiva dos tra­ba­lha­dores pros­segue nas em­presas e sec­tores com di­versas ac­ções a de­correr, em que so­bressai a greve de amanhã na PT-Meo em de­fesa dos seus postos de tra­balho.

 

Ao re­cla­marem a mu­dança, o PSD e o CDS o que querem é o re­gresso ao seu pro­grama de ex­plo­ração, em­po­bre­ci­mento e de­clínio que o povo der­rotou. Em sen­tido oposto vai a pro­posta de mu­dança que o PCP pre­co­niza e re­clama e pelo qual não de­siste de lutar. E a questão não se co­loca entre parar ou andar para trás. A questão que se co­loca é que parar, é já andar para trás e o rumo de que Por­tugal pre­cisa é ir para a frente. E é por este rumo que o PCP se ba­terá.