As recentes lutas em call centers são um resultado prático da campanha «Mais direitos, mais futuro», que o PCP lançou no ano passado, para denunciar a precariedade de emprego e apelar à acção organizada dos trabalhadores. No debate «Precariedade – instrumento de exploração», sábado à tarde, no Fórum, esta afirmação de Gonçalo Oliveira, membro da Comissão Política do CC do Partido, foi corroborada por Ana Pires, do Sector Sindical Central do PCP e da Comissão Executiva da CGTP-IN, que destacou ter sido possível, com a acção do PCP e do movimento sindical, quebrar a ideia de «normalidade» dos vínculos precários e conseguir que milhares de trabalhadores passassem a efectivos.
A insegurança no trabalho representa insegurança na vida da maioria dos jovens trabalhadores, deteriora as relações no trabalho e na família e degrada a saúde, apontou João Alves, da Direcção Nacional da JCP.
A importância de exemplos concretos, tanto de denúncia como de avanços, foi realçada por Rita Rato, deputada, observando que só com a alteração da relação de forças na AR foi possível aprovar propostas que o PCP há muito defendia.
Reduzir os salários e aumentar o tempo de trabalho permanece como objectivo do capital, sendo que os trabalhadores com vínculos precários ganham menos 30 a 40 por cento do que os efectivos em iguais funções, acusou Paulo Raimundo, do Secretariado do CC. Reconheceu que é difícil, mas incentivou quem é alvo desta exploração a organizar-se e lutar, pois só assim será possível parar este ataque.
Mesmo em condições políticas mais favoráveis, continua a ser indispensável a luta organizada dos trabalhadores para defender e conquistar direitos e melhores salários, como se viu em Portugal, após a Revolução de Abril, quando o PCP apelou à acção organizada colectiva, que conseguiu conquistas só posteriormente consagradas em lei. Esta ideia, sintetizada no final por Armindo Miranda, da Comissão Política, sobressaiu no debate «Direitos laborais – conquistas da luta dos trabalhadores» que decorreu, à mesma hora, no Auditório, e no qual intervieram ainda Luís Leitão (do Comité Central do PCP e coordenador da União dos Sindicatos de Setúbal), Diogo Correia (dirigente da Interjovem e da JCP) e Jorge Machado (da direcção regional do Porto do PCP e deputado).