1939 – «A Regra do Jogo», de Jean Renoir

Misto de farsa e tra­gédia, re­trato cruel da de­ca­dência da so­ci­e­dade fran­cesa em vés­peras da Se­gunda Guerra Mun­dial, o filme La Règle du Jeu é uma das obras-primas de Jean Re­noir, ci­ne­asta, es­critor, ar­gu­men­tista, en­ce­nador e actor francês. Como muitas vezes su­cede, a obra só tarde viria a ser re­co­nhe­cida e a tornar-se numa das mais ce­le­bradas de sempre da his­tória do ci­nema francês. Ba­nido pelo go­verno co­la­bo­ra­ci­o­nista de Vichy por «des­mo­ra­lizar os va­lores da so­ci­e­dade fran­cesa», o filme pra­ti­ca­mente de­sa­pa­receu du­rante a ocu­pação nazi, pois o ne­ga­tivo ori­ginal foi des­truído em 1942 num bom­bar­de­a­mento, e apenas em 1959 surgiu uma versão res­tau­rada que foi exi­bida no Fes­tival de Ve­neza. Com­bi­nando de forma ge­nial a farsa, o me­lo­drama e a tra­gédia, ao mesmo tempo que re­flecte sobre a chocante le­vi­an­dade e de­ca­dência da bur­guesia fran­cesa em vés­peras da ocu­pação nazi, o filme as­sume-se como uma sá­tira so­cial im­pla­cável, onde nada nem nin­guém é pou­pado. «Acabe com esta co­média», diz um per­so­nagem a dada al­tura; «qual delas?», per­gunta outra. Em 1975, Jean Re­noir re­cebeu um Óscar es­pe­cial da Aca­demia de Artes e Ci­ên­cias Ci­ne­ma­to­grá­ficas de Hollywood pelo con­junto da sua obra e em 1976 foi con­de­co­rado pelo Mi­nis­tério da Cul­tura da França.