RESULTADO O Grupo Jerónimo Martins já atendeu a maior parte das reivindicações dos trabalhadores e do CESP/CGTP-IN, mas tem ainda de fazer o que lhe cabe como presidente da associação patronal APED.
Para hoje, às 11h30, está marcada uma concentração nacional de trabalhadores da grande distribuição (super e hipermercados, armazéns e logísticas), frente à sede da Jerónimo Martins Retalho (Pingo Doce), no Campo Grande, em Lisboa.
Ao confirmar a realização desta jornada, que inclui greve em algumas situações, o Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal destacou que «há razões reforçadas para a luta dos trabalhadores da grande distribuição». Numa nota de imprensa divulgada esta terça-feira, o CESP lembrou que esta acção se inscreve na luta pela negociação do Contrato Colectivo de Trabalho, para dar força a reivindicações como o aumento dos salários, o fim da Tabela B (uma tabela salarial mais baixa, que é aplicada em todos os distritos à excepção de Lisboa, Porto e Setúbal), a diferenciação salarial entre as várias categorias e níveis (com uma valorização geral, que contrarie o nivelamento por valores muito próximos do salário mínimo nacional) e a correcção da injustiça na carreira dos operadores de armazém (equiparando-a à carreira dos operadores de loja).
O sindicato deu nota de que, no Grupo Jerónimo Martins os trabalhadores foram informados de que as empresas vão satisfazer a maioria das suas reclamações: acabam com a Tabela B e integram todos os trabalhadores na Tabela A, a mais alta; vão valorizar os salários dos operadores com mais de cinco anos de antiguidade, que não foram nivelados pelos valores mínimos praticados na empresa, ligeiramente superiores ao salário mínimo nacional; e vão satisfazer parcialmente a reivindicação de equiparar os operadores de armazém aos operadores de loja.
O CESP «congratula-se com este resultado da luta dos trabalhadores do Grupo Jerónimo Martins» e «incentiva os trabalhadores das empresas de distribuição a intensificarem a luta pelos seus objectivos imediatos». O sindicato realça que as demais empresas podem responder positivamente às exigências, «conforme agora é visível». Na nota são apontadas a Sonae, a FNAC e a Decathlon.
Falta agora que a APED (Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição, a cuja direcção preside o Pingo Doce) corresponda às propostas negociais dos trabalhadores e do CESP.
Na última reunião das negociações do contrato colectivo, que decorrem há quase um ano, os representantes patronais voltaram a insistir na retirada de direitos, como condição para aumentarem salários e corrigirem injustiças. No comunicado aos trabalhadores, a mobilizar para a luta de hoje, o CESP explicou que a APED recusa eliminar a Tabela B e exige que os representantes sindicais aceitem reduzir a metade o acréscimo salarial por trabalho suplementar e desregular os horários de trabalho, para que se inicie a discussão de outras matérias.
O sindicato rejeita estas pretensões e contrapõe que «não pode valer tudo», recordando que as empresas apresentam elevados lucros e registam subidas significativas das vendas, mas «para os trabalhadores – nada».