Líbia é a «ponta do icebergue» da escravatura contemporânea
FLAGELO A denúncia de mercados de escravos na Líbia chamou a atenção para um flagelo que atinge mais de 40 milhões de pessoas em todo o mundo, encontrando-se, assim longe de ser episódico.
Pelo menos 40,3 milhões de pessoas são sujeitas a escravatura
LUSA
De acordo com um documento divulgado pela ONU a 2 de Dezembro, Dia Internacional para a Abolição da Escravatura, pelo menos 40,3 milhões de pessoas são sujeitas àquela condição infra-humana. Os dados avançados pelas Nações Unidas, aliás coincidentes com aqueles divulgados paralelamente pela Organização Internacional do Trabalho, são uma estimativa. A revelação do caso da venda de seres humanos na Líbia, onde entre 400 e 700 mil sub-saarianos se encontram aprisionados em mais de 40 campos de concentração (ver crónica nesta página) sugere que o flagelo pode ser bem maior do que se supõe.
Segundo a mesma fonte, quase 25 milhões de pessoas são escravas laborais e 15,4 foram forçadas ao matrimónio. As mulheres e as meninas são os principais alvos da escravatura, a maioria das quais vítimas de abuso sexual comercial.
Depois da agressão da NATO, da deposição das autoridades da Líbia lideradas por Muhamar Kadhafi e do assassinato deste por grupos milicianos que, desde então, dividem e disputam parcelas do país, o território passou a ser uma plataforma através da qual migrantes africanos, sobretudo, mas também asiáticos tentam chegar à Europa.
A Organização Internacional para as Migrações (OIM) alertou, por estes dias, que a rota do Mediterrâneo entre a Líbia e a Itália é «mais frequentada do que nunca». Pelo menos três mil pessoas morreram este ano na travessia.
As estatísticas fornecidas pela OIM mostram que o total de migrantes que chegaram à Europa em 2017 caiu para menos de metade face a 2016, mas a taxa de mortalidade no Mediterrâneo aumentou cerca de 28 por cento comparando os mesmos períodos.