Bruxas e maldições

Carlos Gonçalves

Esta época da mu­dança de ano é dada a bru­xa­rias e mal­di­ções lan­çadas sobre o País e o povo. A isso se de­dica, de facto e na es­crita, a fauna de aven­tesmas da «magia negra», das per­ver­si­dades na po­lí­tica e nas pla­ta­formas me­diá­ticas do­mi­nantes. E é es­cassa a ver­dade que se con­segue fazer ouvir para equi­li­brar a ba­lança.

Sobre o ex­tinto 2017, muitos são os fei­tiços para ocultar a re­a­li­dade na opa­ci­dade dos grandes in­te­resses. Que sim se­nhor, os re­sul­tados eco­nó­mico-so­ciais do País até são «assim-assim», mas isso re­sulta não da nova cor­re­lação de forças, com a ini­ci­a­tiva do PCP e um Go­verno mi­no­ri­tário PS, mas sim da po­lí­tica de go­vernos an­te­ri­ores, do PS, PSD e CDS, de roubo de di­reitos, de­sastre na­ci­onal e con­cen­tração da ri­queza. Que isto até es­tava a correr bem, mas na se­gunda me­tade do ano o «Es­tado fa­lhou», isto, é a «es­querda» (como eles dizem) é cul­pada dos in­cên­dios (ins­tru­men­ta­li­zados à exaustão pelas pu­lhices da po­lí­tica de di­reita), e não foram as dé­cadas de PS, PSD, CDS e UE, na agri­cul­tura, na flo­resta, nos ser­viços pú­blicos, mais as de­bi­li­dades do Go­verno PS, que trou­xeram a tra­gédia.

Sobre 2018, são inú­meras as ma­cumbas para fazer da abó­bora das fra­quezas do PSD e CDS a car­ru­agem dou­rada do seu re­gresso ao po­leiro. Que pois claro, o Cen­teno em Bru­xelas (nome apro­priado) vai fazer o tan­glo­manglo do re­gresso da troika, mãe de todas as fei­ti­ceiras, que é o que o povo mais quer. Que o «novo PSD», a ca­valo numa vas­soura de Belém e nas mal­di­ções de um fei­ti­ceiro da Lapa (Rio ou San­tana), vai re­verter a «de­pen­dência do PS à es­querda» e prendê-lo dras­ti­ca­mente e já, ao bloco cen­tral, como se os en­can­ta­mentos afas­tassem o quadro po­lí­tico ac­tual, a luta dos tra­ba­lha­dores e do povo e a in­ter­venção do PCP.

É ver­dade que neste País há bruxas a mais, po­de­rosas e até dis­si­mu­ladas, mas a con­fi­ança e a luta, que serão ainda mais fortes em 2018, e o re­forço do PCP, porão fim à mal­dição da po­lí­tica de di­reita.




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