Tunisinos manifestam-se contra «fome e pobreza»

PRO­TESTOS Grandes ma­ni­fes­ta­ções po­pu­lares ti­veram lugar em di­versas ci­dades da Tu­nísia, nos pri­meiros dias de Ja­neiro, em pro­testo contra a su­bida de im­postos, a po­breza, o de­sem­prego e a cor­rupção.

Pro­testos visam po­lí­ticas de aus­te­ri­dade im­postas pelo FMI

LUSA

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Mi­lhares de pes­soas ma­ni­fes­taram-se no do­mingo, 14, em Tunes, contra a si­tu­ação de «fome e po­breza» que pre­va­lece no país, assim como contra a cor­rupção.

A ma­ni­fes­tação foi con­vo­cada pela União Geral de Tra­ba­lha­dores da Tu­nísia e ou­tras or­ga­ni­za­ções sin­di­cais, pela União de Es­tu­dantes e pela Frente Po­pular, na opo­sição, não tendo ha­vido in­ci­dentes, se­gundo in­forma a Prensa La­tina.

A marcha, que as­si­nalou o sé­timo ani­ver­sário do le­van­ta­mento po­pular que der­rubou em 2011 o re­gime de Zine El Abi­dine Ben Ali, se­guiu-se aos re­centes pro­testos po­pu­lares que agi­taram vá­rias ci­dades da Tu­nísia. Fontes go­ver­na­men­tais in­di­caram que, nos con­frontos entre ma­ni­fes­tantes e forças da au­to­ri­dade, foram presas 800 pes­soas e fi­caram fe­ridos 87 po­lí­cias, tendo sido re­gis­tados in­cên­dios em es­qua­dras e pi­lha­gens de lojas. Não foi re­ve­lado o nú­mero de ma­ni­fes­tantes fe­ridos.

Os pro­blemas que, em 2011, le­varam ao fim da di­ta­dura de Ben Ali – po­breza, de­sem­prego, cor­rupção e de­si­gual­dades so­ciais –, per­sistem hoje e até se agra­varam em re­sul­tado das po­lí­ticas ne­o­li­be­rais adop­tadas pelo ac­tual poder.

Em 2016, a Tu­nísia ob­teve um em­prés­timo do Fundo Mo­ne­tário In­ter­na­ci­onal (FMI) de 2,4 mil mi­lhões de euros em quatro anos. Em troca, o go­verno – for­mado no es­sen­cial pelo par­tido Nidaa Tounès, do pre­si­dente Béji Caïd Es­sebsi, e pelo mo­vi­mento is­la­mista En­nahdha – com­pro­meteu-se a re­duzir o dé­fice pú­blico e a adoptar as «re­formas» eco­nó­micas ha­bi­tu­al­mente re­cei­tadas pelo or­ga­nismo com sede em Washington.

À es­pera de quê?

A causa pró­xima dos pro­testos deste mês foi a su­bida de im­postos pre­vista no Or­ça­mento do Es­tado de 2018, que vem de­gradar ainda mais as con­di­ções de vida dos tra­ba­lha­dores e do povo. Se­gundo a Or­ga­ni­zação In­ter­na­ci­onal do Tra­balho, a taxa de de­sem­prego entre os jo­vens do país norte-afri­cano é su­pe­rior a 35 por cento.

A con­tes­tação nas ruas foi en­qua­drada pelo novo mo­vi­mento so­cial Fech Nes­tannew («De que é que es­tamos à es­pera?»), sem uma li­de­rança vi­sível. Mas o pri­meiro-mi­nistro Youssef Chahed acusou a Frente Po­pular de ter sido a res­pon­sável pelas ma­ni­fes­ta­ções, em geral pa­cí­ficas, a par dos vi­o­lentos dis­túr­bios noc­turnos.

No sá­bado, de­pois de 10 dias de pro­testos po­pu­lares, o pre­si­dente Es­sebsi reuniu-se com res­pon­sá­veis das forças po­lí­ticas que cons­ti­tuem o go­verno e com re­pre­sen­tantes dos sin­di­catos e do pa­tro­nato, tendo re­co­nhe­cido que a si­tu­ação po­lí­tica e o am­bi­ente so­cial «não são bons», de­vido às me­didas de «aus­te­ri­dade».

Foi anun­ciado, numa ten­ta­tiva de des­mo­bi­lizar os pro­testos, um «plano de acção» que de­verá tocar 120 mil be­ne­fi­ciá­rios e que cus­tará 70 mi­lhões de di­nares (23,5 mi­lhões de euros). O mi­nistro dos As­suntos So­ciais, Mohamed Tra­belsi, re­velou que o plano prevê apoio a fa­mí­lias po­bres para acesso a ha­bi­tação, me­didas vi­sando as­se­gurar «uma co­ber­tura mé­dica para todos» e um au­mento nas pres­ta­ções so­ciais.

 



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