Sindicatos denunciam «roubo» dos salários

DE­SI­GUAL­DADE A Con­fe­de­ração Eu­ro­peia de Sin­di­catos alerta para a perda de peso dos sa­lá­rios na ri­queza dos países da UE e apela ao au­mento dos ren­di­mentos do tra­balho.

Peso dos sa­lá­rios no PIB eu­ropeu cai desde os anos 70

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Num co­mu­ni­cado di­vul­gado dia 27, a Con­fe­de­ração Eu­ro­peia de Sin­di­catos (CES) con­si­dera que é che­gado o mo­mento de in­verter a con­tínua des­va­lo­ri­zação do tra­balho, cujo peso no Pro­duto In­terno Bruto (PIB) está em de­clínio desde me­ados dos anos 70.

A partir dos dados es­ta­tís­ticos da Co­missão Eu­ro­peia, a CES re­corda que o peso dos sa­lá­rios no PIB caiu de 72 por cento, em 1975, para 63 por cento em 2017.

Para re­cu­perar o nível dos ren­di­mentos do tra­balho em re­lação ao PIB exis­tente no início dos anos 90, quando re­pre­sen­tavam 66 por cento da ri­queza eu­ro­peia, a CES cal­cula que cada tra­ba­lhador de­veria re­ceber em média mais 1764 euros por ano.

No en­tanto, este valor varia sen­si­vel­mente em função dos países, cor­res­pon­dendo na Re­pú­blica Checa a 4107 euros, na Itália a 3354 euros, na Es­panha a 2806 euros, na Po­lónia a 2777 euros, na Ale­manha a 2169 euros, na Hun­gria a 2122 euros e em Por­tugal a 1890 euros.

Note-se, con­tudo, que as es­ta­tís­ticas eu­ro­peias in­cluem na ca­te­goria dos «sa­lá­rios», não só os ren­di­mentos dos tra­ba­lha­dores por conta de ou­trem, mas também uma es­ti­ma­tiva dos ga­nhos au­fe­ridos por tra­ba­lha­dores por conta pró­pria, razão pela qual os re­sul­tados ob­tidos di­ferem dos in­di­ca­dores do Ins­ti­tuto Na­ci­onal de Es­ta­tís­tica.

Se­gundo o INE, só no pe­ríodo da in­ter­venção da «troika» em Por­tugal, entre 2010 e 2015, a parte dos sa­lá­rios e or­de­nados no PIB di­mi­nuiu de 36,8 por cento para 34,1 por cento, en­quanto a parte dos ren­di­mentos do ca­pital («ex­ce­dente bruto de ex­plo­ração»), subiu de 41,3 para 43 por cento.

«Um roubo puro e sim­ples»

In­de­pen­den­te­mente dos mé­todos es­ta­tís­ticos, a ten­dência de re­dução do peso re­la­tivo dos sa­lá­rios é ine­gável. Nas pa­la­vras da se­cre­tária con­fe­deral da CES, Esther Lynch trata-se de um «roubo puro e sim­ples».

A di­ri­gente cons­tata que «os ricos se tornam mais ricos à custa das pes­soas que de­pendem do seu sa­lário para viver. As em­presas ficam com uma parte mais im­por­tante dos seus lu­cros em de­tri­mento dos tra­ba­lha­dores, o que não seria tão grave se estes lu­cros fossem rein­ves­tidos nas em­presas e na for­mação dos tra­ba­lha­dores. Porém cons­tata-se que a parte dos in­ves­ti­mentos no PIB também di­mi­nuiu».

Esther Lynch ob­serva ainda que «os res­pon­sá­veis po­lí­ticos e os eco­no­mistas mos­tram-se muitas vezes pre­o­cu­pados com os custos dos sa­lá­rios, mas pelo menos desde há 25 anos, o ver­da­deiro pro­blema está nos custos do ca­pital: o mon­tante pago aos ac­ci­o­nistas. A res­posta a esta si­tu­ação está na ne­go­ci­ação co­lec­tiva em prol de sa­lá­rios mais justos», con­si­dera a res­pon­sável da CES.

 



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