«Eu sou o melhor»

Carlos Gonçalves

«Eu sou o me­lhor can­di­dato a pri­meiro-mi­nistro», disse Rui Rio de­pois de Cristas ter dito na vés­pera – «a me­lhor sou eu». Eis a subs­tância do show off me­diá­tico do fim de se­mana da ex-união de facto PSD/​CDS, que des­go­vernou cin­quenta e três meses, até final de 2015, e está agora se­pa­rada, para lu­di­briar a co­brança po­lí­tica pelas suas mal­fei­to­rias.

Esta em­bófia do pre­si­dente do PSD diz muito da per­so­nagem e do pro­jecto, até no con­texto da des­pu­do­rada cam­panha po­lí­tico-me­diá­tica de bran­que­a­mento que pro­move, mais o CDS, para ocultar o pas­sado.

O PSD he­sitou, a bradar pelo «diabo» e a passar graxa ao an­te­rior go­verno, e o CDS tem uma verve de men­ti­roso que não pede meças. Mas agora são tantos os tru­ques e co­ni­vên­cias do poder eco­nó­mico-me­diá­tico que pa­rece que ambos nunca es­ti­veram no go­verno, que a po­lí­tica de di­reita, de de­sastre e sub­missão, é do de­fe­nes­trado Mi­guel de Vas­con­celos e nada tem a ver com PSD/​CDS (e PS).

Rio leva a peito a ordem do grande ca­pital para «li­bertar o go­verno da de­pen­dência da es­querda», isto é, do PCP, e en­saia com o PS e o alto pa­tro­cínio de M. R. Sousa, o ca­len­dário da con­ver­gência – na des­cen­tra­li­zação e fundos co­mu­ni­tá­rios, mas mais, agora e sempre, no es­sen­cial dos grandes in­te­resses, com o CDS e o PS – que assim cla­ri­fica a sua po­sição –, contra me­lho­rias na le­gis­lação la­boral, pela ex­plo­ração e o lucro má­ximo.

O PSD está em fase de bran­que­a­mento – não tem culpa ne­nhuma, nunca roubou os tra­ba­lha­dores, nem foi la­caio de in­te­resses es­tra­nhos ao povo e ao País, e está para «ajudar» o go­verno PS. Mas afia as garras para nova ofen­siva – rever a Cons­ti­tuição e (contra) re­formas es­tru­tu­rais, em con­flito com o povo e o País.

É o PSD, re­ac­ci­o­nário e igual a si pró­prio. Não há Rio que o lave.




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