O universo numa casca de noz, de Stephen Hawking

Saber co­mu­nicar não era cer­ta­mente o menor dos dons do ci­en­tista Stephen Haw­king, re­cen­te­mente fa­le­cido. Aqui fica, em ape­ri­tivo, um con­vite à lei­tura de uma das suas obras, onde ler e co­nhecer se con­jugam com prazer. «“Po­deria estar en­cer­rado numa casca de noz e sentir-me rei de um es­paço in­fi­nito...” Sha­kes­peare, Hamlet, se­gundo acto, cena 2. Pos­si­vel­mente Hamlet queria dizer que apesar da li­mi­tação fí­sica dos hu­manos, as nossas mentes podem ex­plorar com au­dácia todo o uni­verso e chegar onde os pro­ta­go­nistas do Star Trek te­me­riam ir, se os pe­sa­delos nos per­mi­tirem isso. É o uni­verso re­al­mente in­fi­nito, ou apenas muito grande? E é per­du­rável ou só terá uma vida muito ex­tensa? Como podem as nossas mentes fi­nitas com­pre­ender um uni­verso in­fi­nito? Não é pre­sun­çoso ques­ti­o­narmos se­quer este pro­pó­sito? … A razão pela qual a re­la­ti­vi­dade geral perde va­li­dade di­ante da grande ex­plosão é que não in­cor­pora o prin­cípio de in­cer­teza, o ele­mento ale­a­tório da te­oria quân­tica que Eins­tein re­chaçou na ideia de que Deus não joga aos dados. En­tre­tanto, todas as evi­dên­cias in­dicam que Deus é um jo­gador im­pe­ni­tente. Po­demos con­si­derar o uni­verso como um grande ca­sino, no qual os dados são lan­çados a cada ins­tante e as ro­letas giram sem cessar...