- Nº 2312 (2018/03/22)

Jovens saem à rua «para acabar» com precariedade e baixos salários

Trabalhadores

LUTA O Dia Nacional da Juventude Trabalhadora é assinalado na próxima quarta-feira com uma manifestação em Lisboa, promovida pela Interjovem e envolvendo todo o movimento sindical unitário.

Num período de muitas lutas e intenso empenhamento de dirigentes, delegados e activistas no contacto, no esclarecimento e na mobilização de outros trabalhadores para batalhas em que a participação de jovens tem sido notória, a manifestação nacional da juventude trabalhadora não vai, mais uma vez, limitar-se a celebrar uma efeméride.

A par da evocação do dia 28 de Março de 1947 – quando a repressão do regime fascista se abateu sobre centenas de jovens que participavam nos acampamentos do MUD Juvenil, em Bela Mandil (Olhão) e em São Pedro de Moel (Marinha Grande) –, a Interjovem, a CGTP-IN e os sindicatos tomam o exemplo dos resistentes de então como estímulo para as lutas da actualidade.

Para esta manifestação nacional, o foco é colocado no combate determinado à precariedade de emprego e aos baixos salários, problemas que atingem com especial gravidade os trabalhadores mais jovens e que são «para acabar». Nesta exigência, sublinha-se nos materiais de divulgação da jornada, «não há volta a dar».

Aumento do salário mínimo, retorno às 35 horas na Administração Pública e desagravamento fiscal são apontados como exemplos de que, «nos últimos dois anos, com a sua luta, os trabalhadores garantiram importantes vitórias, conseguindo repor, recuperar e conquistar direitos e rendimentos». «Mas falta resolver problemas de fundo a que o PS e o seu Governo fogem há demasiado tempo», assinala-se no folheto da Interjovem, em distribuição nacional nas últimas semanas.

A partir de uma citação do primeiro-ministro, considerando que o modelo de baixos salários e de precariedade laboral «está morto e tem de ser enterrado», porque não é com tal modelo que se faz o desenvolvimento do País, no documento salienta-se que «não basta parecer, é preciso ser diferente». O Governo é criticado por manter «a política laboral seguida por anteriores» executivos, quando «é preciso provar que se é diferente e ir mais longe na reposição de direitos, aumentos salariais e libertar o País das imposições da UE».

É salientado o valor da luta, que tornou possível derrotar a precariedade em centenas de locais de trabalho e tornar efectivos os vínculos de milhares de trabalhadores, bem como conquistar aumentos salariais, «muitas vezes fixando o salário mínimo na empresa acima dos 600 euros».

Ao reiterar a exigência de que seja posto fim às normas gravosas do Código do Trabalho, a Interjovem recorda que «no tempo da troika de PSD/CDS-PP foram impostas aos trabalhadores alterações à legislação que diminuíram a protecção no emprego, reduziram remunerações, nomeadamente nas horas extraordinárias, impuseram o banco de horas e aumentaram a precariedade». Hoje, «reverter é devolver direitos aos trabalhadores e, com a luta, isso é possível».

O Governo «tem de optar» se «continua do lado dos patrões ou dos trabalhadores».

Por outro lado, «defender a contratação colectiva é um dever e obrigação dos jovens», porque ela «é um direito de todos os trabalhadores, mas a sua destruição afectaria sobretudo os mais jovens».

Do Cais do Sodré à AR

Para garantir cobertura legal a todos os que vão faltar ao trabalho para estar na manifestação, foram emitidos pré-avisos de greve.
Os jovens trabalhadores começam por se reunir no Cais do Sodré, onde o encontro está marcado para as 15 horas. A manifestação segue depois para a Assembleia da República.