Ferroviários franceses prosseguem greve pelos direitos e serviço público

CA­MI­NHOS-DE-FERRO Os fer­ro­viá­rios fran­ceses en­traram na se­gunda se­mana de greves, de­mons­trando uni­dade e de­ter­mi­nação em pros­se­guir uma luta cujos ob­jec­tivos ul­tra­passam o âm­bito es­tri­ta­mente la­boral.

A con­tes­tação às re­formas de Ma­cron alarga-se a vá­rios sec­tores

A vaga de greves ini­ciou-se nos dias 3 e 4, pa­ra­li­sando a ge­ne­ra­li­dade das li­ga­ções fer­ro­viá­rias, seja nas li­nhas de alta ve­lo­ci­dade, onde cir­culou apenas um com­boio em cada sete, seja nas li­nhas re­gi­o­nais, com um com­boio em cada cinco.

Numa rede que serve di­a­ri­a­mente 4,5 mi­lhões de utentes, a pa­ragem dos com­boios pro­vocou enormes en­gar­ra­fa­mentos de trân­sito (cerca de 400 qui­ló­me­tros) em torno das prin­ci­pais ci­dades, afec­tando igual­mente o trans­porte de mer­ca­do­rias.

As pa­ra­li­sa­ções in­ter­ca­ladas (dois dias em cada cinco) são con­vo­cadas pela CGT, Unsa e CFDT, es­tando pre­vistas 36 jor­nadas até 28 de Junho.

Por seu turno, o sin­di­cato SUD-Rail mantém uma greve por tempo in­de­ter­mi­nado, re­no­vada a cada 24 horas em as­sem­bleias ge­rais de tra­ba­lha­dores.

Em apoio aos gre­vistas, um grupo de es­cri­tores, re­a­li­za­dores e uni­ver­si­tá­rios lançou uma co­lecta de fundos que reuniu em poucos dias mais de 200 mil euros.

Este sinal de so­li­da­ri­e­dade foi também tes­te­mu­nhado por vá­rias son­da­gens, se­gundo as quais pelo menos 44 por cento dos fran­ceses apoiam a luta dos fer­ro­viá­rios, contra 22 por cento que são contra o mo­vi­mento.

Em de­fesa do ser­viço pú­blico

A sim­patia para com os gre­vistas está por certo re­la­ci­o­nada com os ob­jec­tivos da sua luta que vão além de sim­ples rei­vin­di­ca­ções la­bo­rais.

Como sa­li­entou o se­cre­tário-geral da CGT, Phi­lippe Mar­tinez, a re­forma da So­ci­e­dade Na­ci­onal de Ca­mi­nhos-de-Ferro, à qual os tra­ba­lha­dores se opõem, «visa des­truir o ser­viço pú­blico fer­ro­viário» e en­tregar o sector aos ope­ra­dores pri­vados.

Ao mesmo tempo o sen­ti­mento de des­con­ten­ta­mento com as po­lí­ticas li­be­rais do go­verno pre­si­dido por Em­ma­nuel Ma­cron cresce em vá­rios sec­tores e entre a po­pu­lação em geral.

A par da greve na SNCF, con­tinua a luta por au­mentos sa­la­riais na Air France, onde, de­pois das pa­ra­li­sa­ções de 22 de Fe­ve­reiro, 23 e 30 de Março, 3 e 7 de Abril, foram con­vo­cadas novas para esta se­mana (10 e 11) e ou­tras três para os dias 18, 23 e 24, coin­ci­dindo com greves na SNCF.

Em luta estão também os tra­ba­lha­dores do sector dos re­sí­duos ur­banos, que exigem a cri­ação de um ser­viço pú­blico na­ci­onal, com um es­ta­tuto la­boral único, e o re­co­nhe­ci­mento da pe­no­si­dade das suas fun­ções. Em Paris e em vá­rias ou­tras re­giões, o sector es­teve em greve no dia 3.

No sector da energia, os sin­di­catos con­vo­caram três meses de luta com greves e ou­tras ac­ções em de­fesa do ser­viço pú­blico e dos di­reitos la­bo­rais.

A con­tes­tação às re­formas de Ma­cron está igual­mente pre­sente no En­sino Su­pe­rior. Em pro­testo contra as novas re­gras de acesso re­a­li­zaram-se ma­ni­fes­ta­ções de es­tu­dantes em vá­rias ci­dades, no­me­a­da­mente Tou­louse, Nancy, Rouen Bor­déus, Mont­pel­lier e Paris. Na se­mana pas­sada uma de­zena de uni­ver­si­dades e fa­cul­dades per­ma­ne­ciam blo­que­adas pelos es­tu­dantes.




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