Entre o défice e o País

No final do mês de Abril o Governo apresentará à Comissão Europeia o chamado Programa de Estabilidade e o Programa Nacional de Reformas. Trata-se de dois documentos que decorrem da submissão ao euro, que envolvem a apresentação dos principais elementos de enquadramento económico e orçamental e onde se desenha, entre outros aspectos, as projecções/objectivos para o chamado défice das contas públicas, a evolução da dívida, as receitas fiscais, a despesa com a segurança social, etc. É um primeiro esboço, quer sobre a execução orçamental que está em curso, quer sobre o próximo Orçamento do Estado (OE).

Em artigo publicado no Público (9 Abril), Mário Centeno aponta para uma redução do défice, para o presente e próximos anos, que coloca em evidência a contradição entre a resposta às necessidades do País e a acomodação das imposições da UE. Contradição que, tendo estado presente nos OE anteriores, se agudiza à medida que o tempo passa. O Governo minoritário do PS prepara-se para levar toda a «folga» orçamental resultante da melhoria da actividade económica (inseparável da reposição de rendimentos) à redução do défice e ao pagamento dos juros da dívida pública (mais de 7 mil milhões). Por cada décima a reduzir no défice serão menos 200 milhões de euros que estarão disponíveis para os serviços públicos, a evolução salarial (depois de uma década de congelamento), os insuficientes níveis de investimento, o apoio à produção nacional, à cultura, à ciência, às florestas.

As imposições da UE não desapareceram com a troika. Aí estão elas nestas regras orçamentais que condicionam o desenvolvimento do País. A sua aceitação sem condições pelo PS identifica-o com o rumo imposto por PSD e CDS mas afasta-o da respostas que os trabalhadores e o povo português reclamam.




Mais artigos de: Opinião

Não à agressão do imperialismo à Síria

Quando este texto é escrito, está novamente em marcha uma ampla operação que visa promover a escalada de agressão contra a República Árabe Síria e o seu povo – uma agressão que, recorde-se, se iniciou há mais de sete anos.

A Guerra

Sucedem-se as informações de que os EUA, Israel, França e Grã-Bretanha se preparam para levar a cabo mais um monstruoso crime no Médio Oriente que pode ter consequências dramáticas para todo o Mundo. Após os ataques israelitas a uma base aérea síria, os EUA deslocaram para a zona onde a Rússia mantém as suas forças...

Brisas e tempestades na IP

Os trabalhadores da Infra-estrutura de Portugal (IP) estão em luta. Realizaram já duas grandes greves, com elevada adesão e impacto operacional. Na mais recente, o Governo, mentindo, veio dizer para a Comunicação Social que teria oferecido 11,6 milhões de euros de aumentos salariais e que os malandros dos sindicatos...

Xosé

Todos os lugares e todos os dias têm histórias por contar, e por maioria de razões os locais e os tempos em que por força das circunstâncias se concentram gentes e atenções. Não é segredo que não raras vezes as histórias que passam à História carregam tantos silêncios, tantas omissões, tantos desígnios espúrios que em...

À beira do desastre

A campanha do alegado envenenamento do espião Skripal começou a ruir. Logo deu lugar a nova campanha sobre um suposto ‘ataque com armas químicas do governo sírio’. São as patranhas do partido da guerra, que abrem caminho a novas agressões, guerras ou ‘mudanças de regime’. Vários ministros israelitas, com as mãos...