Ovos de ouro e omeletes

Manuel Gouveia

Para a burguesia nacional, a actual galinha dos ovos de ouro é o Turismo. Novidade velha, sempre presente na visão colonial da União Europeia para o nosso País, e redescoberta recentemente, muito fruto do medo de visitar outros destinos turísticos pela instabilidade aí criada pelo imperialismo.

É pelos aeroportos que chega a Portugal a maioria dos turistas. Só que os últimos anos transformaram-nos num caos, particularmente o maior deles, o Aeroporto de Lisboa. Para ajudar a reduzir um micronésimo ao défice, faltam agentes do SEF e das forças de segurança, provocando constantes atrasos, adiamentos e desgaste. Para aumentar os lucros, faltam trabalhadores na Assistência em Escala, na Segurança da Aviação Civil, nas próprias companhias aéreas, cada ausência contribuindo para a degradação da fiabilidade do sistema. Sobram precários e subcontratados, dando muito a ganhar a uns poucos mas degradando a operação, com uma acelerada rotatividade da mão-de-obra e uma consequente falta de formação profissional. Face ao crescimento da exploração e à intensificação dos ritmos de trabalho cresce a luta dos trabalhadores, acompanhada de processos sucessivos e permanentes de repressão e assédio laboral. Faltam investimentos e sobram os lucros, cada vez maiores, que vão amealhando os donos do Aeroporto, das companhias aéreas, das empresas que exploram o Aeroporto.

Sem ovos não se faz omeletes. No Aeroporto, como em toda a nossa economia, são o trabalho e os trabalhadores o elemento estruturante da capacidade nacional de produzir riqueza. Esses é que são os verdadeiros ovos de ouro. Ou o País rapidamente redescobre esta realidade, ou a cegueira do capital correndo atrás dos lucros destruirá tudo, e depois, nem turistas, nem omeletes, só mais uma crise.




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