Primeira greve no Grupo AdP comprovou força e unidade

REI­VIN­DICAÇÃO As em­presas do Grupo Águas de Por­tugal são uma fonte de im­por­tantes re­ceitas para o Es­tado, mas os sa­lá­rios não au­mentam desde 2009 e per­sistem si­tu­a­ções de dis­cri­mi­nação.

Os tra­ba­lha­dores têm de ser va­lo­ri­zados com mais jus­tiça

No dia 24, terça-feira, ocorreu a pri­meira greve de 24 horas em todas as em­presas do Grupo AdP, de­ci­dida pelos tra­ba­lha­dores, or­ga­ni­zados nos sin­di­catos da CGTP-IN. O mais re­cente aviso fora dei­xado, a 27 de Março, em con­cen­tra­ções re­a­li­zadas em Lisboa, junto às sedes da EPAL e do grupo.

Nas rei­vin­di­ca­ções que mo­ti­varam a luta, e onde se des­taca o au­mento dos sa­lá­rios, in­clui-se ainda a uni­for­mi­zação dos di­reitos, a re­gu­la­ri­zação dos vín­culos pre­cá­rios, atri­buição de car­reiras e ca­te­go­rias que cor­res­pondam às pro­fis­sões efec­tivas e pelo es­ta­be­le­ci­mento de um pe­ríodo normal de tra­balho de sete horas diá­rias e 35 horas se­ma­nais.

A adesão à greve «foi brutal e ul­tra­passou as ex­pec­ta­tivas», disse na terça-feira, à tarde, um di­ri­gente do Sin­di­cato Na­ci­onal dos Tra­ba­lha­dores da Ad­mi­nis­tração Local e Re­gi­onal, Em­presas Pú­blicas, Con­ces­si­o­ná­rias e Afins (STAL). Jo­a­quim Sousa re­alçou que «os tra­ba­lha­dores estão unidos nos ob­jec­tivos que apro­varam para a carta rei­vin­di­ca­tiva» e que a greve foi «uma grande de­mons­tração de força contra a ad­mi­nis­tração da AdP e contra quem de di­reito».

«As in­for­ma­ções sobre o início da pri­meira greve de 24 horas em todas as em­presas do Grupo Águas de Por­tugal con­firmam a ex­pec­ta­tiva de uma forte adesão, fun­dada no modo como de­cor­reram os ple­ná­rios de pre­pa­ração da luta», re­feriu a Fi­e­qui­metal, ao final da manhã de dia 24. Se­gundo a fe­de­ração, de que fazem parte os sin­di­catos SITE Norte, SITE CSRA, SITE Sul e SIESI), no pri­meiro turno, na Águas do Tejo Atlân­tico e na Águas do Douro e Paiva a ope­ração ficou re­du­zida aos ser­viços mí­nimos. Na sede da Águas do Al­garve ade­riram à greve 14 dos 28 tra­ba­lha­dores, en­quanto na ETA Ae­ro­porto de Faro fi­zeram greve 9, num total de 11 tra­ba­lha­dores.

No dis­trito de Por­ta­legre, se­gundo a União dos Sin­di­catos do Norte Alen­te­jano, «a adesão à greve foi de 100 por cento no sector da ma­nu­tenção, 90 por cento no sector do sa­ne­a­mento e teve também im­pacto nas ETA [es­ta­ções de tra­ta­mento de águas], apesar de terem sido de­cre­tados ser­viços mí­nimos para um sector que todo o ano já la­bora com o mí­nimo».

Tra­ba­lha­dores em greve reu­niram-se no ex­te­rior de al­gumas ins­ta­la­ções. Na ETAR de Al­cân­tara (Águas do Tejo Atlân­tico), em Lisboa, es­teve Ana Mes­quita, de­pu­tada do PCP, que saudou a luta e re­a­firmou o apoio do Par­tido aos seus ob­jec­tivos. Foram ainda re­a­li­zadas con­cen­tra­ções na sede da Águas da Re­gião de Aveiro (Cacia), na Águas do Centro Li­toral (Pólo Ria, Aveiro), na ETAR Gaia Li­toral (Águas do Douro e Paiva), e na Si­marsul, em Paio Pires (Seixal).

Os lu­cros do Grupo AdP foram de cerca de 500 mi­lhões de euros, entre 2010 e 2016, que re­ver­teram para os vá­rios or­ça­mentos do Es­tado, «os mesmos que de­ter­mi­naram o con­ge­la­mento e cortes re­mu­ne­ra­tó­rios», ob­servou o STAL.

Com as re­es­tru­tu­ra­ções na AdP, foi al­te­rado o âm­bito ge­o­grá­fico das em­presas, obri­gando a al­te­ra­ções de local de tra­balho, e foram cri­adas si­tu­a­ções em que tra­ba­lha­dores com as mesmas fun­ções e an­ti­gui­dade au­ferem re­mu­ne­ra­ções muito dis­tintas. Para uni­for­mi­zação de di­reitos, está em ne­go­ci­ação um acordo co­lec­tivo de tra­balho para o grupo. En­tre­tanto, na EPAL, é exi­gido que o Acordo de Em­presa em vigor seja apli­cado a todos os tra­ba­lha­dores.

 

Dois dias na ARM

Os tra­ba­lha­dores da Águas e Re­sí­duos da Ma­deira fi­zeram greve nos dias 23 e 24, com um muito ele­vado nível de adesão, o que pro­vocou a pa­ragem da la­bo­ração na Es­tação de Tra­ta­mento de Re­sí­duos Só­lidos da Meia Serra (Ca­macha) e na Es­tação de Trans­fe­rência da Zona Leste e de Tri­agem (Porto Novo, Santa Cruz), como se re­fere na in­for­mação di­vul­gada pela Fi­e­qui­metal.
No se­gundo dia de greve, o SITE CSRA pro­testou e «de­cidiu apre­sentar queixa, pela forma como as forças po­li­ciais, cha­madas pela ad­mi­nis­tração, se pres­taram a in­ter­ferir num con­flito la­boral to­mando ile­gal­mente a parte pa­tronal».
Os tra­ba­lha­dores e o sin­di­cato exigem da ad­mi­nis­tração e do Go­verno re­gi­onal um acordo de em­presa que va­lo­rize o tra­balho e os tra­ba­lha­dores, o au­mento dos sa­lá­rios, o fim das dis­cri­mi­na­ções, me­lhores con­di­ções de se­gu­rança e saúde no tra­balho e a con­tra­tação de pes­soal ne­ces­sário.

 



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