9 de Maio de 1978 – Assassinato de Aldo Moro


O ca­dáver do di­ri­gente de­mo­crata-cristão foi en­con­trado no porta-ba­ga­gens de um Re­nault-4, es­ta­ci­o­nado a meio ca­minho das sedes cen­trais da De­mo­cracia Cristã e do Par­tido Co­mu­nista Ita­liano. O apa­re­ci­mento do corpo pôs fim a um se­questro de 55 dias rei­vin­di­cado pelas Bri­gadas Ver­me­lhas (BV), or­ga­ni­zação que muitos clas­si­ficam de «fas­cista dis­far­çada de ex­trema es­querda». A re­cusa do go­verno ita­liano em ne­go­ciar com os rap­tores, le­vando ao trá­gico des­fecho, está por es­cla­recer. O que se apurou em quatro dé­cadas re­vela uma obs­cura trama em pe­ríodo de Guerra Fria en­vol­vendo, para além dos au­tores ma­te­riais do crime, a Loja Ma­çó­nica P2, ser­viços de es­pi­o­nagem, li­gação das BV à Gladio (força pa­ra­mi­litar trei­nada pela CIA para pre­venir um even­tual golpe co­mu­nista em Itália). «Moro tinha muitos ini­migos, entre eles os que não apro­vavam sua po­lí­tica de diá­logo, con­trá­rios ao 'com­pro­misso his­tó­rico' com os co­mu­nistas, também dentro da Nato e nos ser­viços se­cretos ita­li­anos», es­creve o his­to­ri­ador Phi­lippe Foro. Steve R. Pi­ec­zenik, ex-membro do De­par­ta­mento de Es­tado dos EUA en­viado nesses dias a Itália, con­firma: «Até o final, temi que eles li­ber­tassem Moro». Ou como disse o es­critor Le­o­nardo Sci­ascia, «eles fi­zeram tudo o que po­diam para evitar salvá-lo».