PCP alerta para escala belicista dos EUA depois de rompimento do acordo nuclear

IRÃO Cresce o pe­rigo de uma nova agressão do im­pe­ri­a­lismo norte-ame­ri­cano no Médio Ori­ente, ad­vertiu o PCP na sequência do can­ce­la­mento uni­la­teral do acordo nu­clear com Irão, ini­ci­a­tiva, aliás, re­pu­diada pelos de­mais subs­cri­tores.

A paz no Médio Ori­ente não passa pela ce­dência à chan­tagem norte-ame­ri­cana

LUSA


Em nota emi­tida pelo seu ga­bi­nete de im­prensa horas de­pois de a ad­mi­nis­tração li­de­rada por Do­nald Trump ter anun­ciado o rom­pi­mento do acordo mul­ti­la­teral re­la­tivo ao de­sen­vol­vi­mento do pro­grama nu­clear da Re­pú­blica Is­lâ­mica do Irão, o Par­tido con­si­derou que tal ini­ci­a­tiva «re­pre­senta um grave passo na es­ca­lada be­li­cista dos EUA e uma de­mons­tração do seu des­prezo pela Carta das Na­ções Unidas e pelo di­reito in­ter­na­ci­onal». Cons­titui «uma séria pro­vo­cação e traduz o apro­fun­da­mento da sua po­lí­tica de con­fron­tação», acres­centa-se.

«O PCP alerta para o pe­rigo da es­ca­lada de agressão do im­pe­ri­a­lismo norte-ame­ri­cano e seus ali­ados no Médio Ori­ente, no­me­a­da­mente contra o Irão ou o Lí­bano – na senda das guerras de agressão ao Afe­ga­nistão, ao Iraque, à Líbia, à Síria e ao Ié­mene», e «su­blinha o papel be­li­cista e de sis­te­má­tico des­res­peito pelo di­reito in­ter­na­ci­onal que tem sido de­sem­pe­nhado por Is­rael – po­tência nu­clear, não sig­na­tária do acordo de não pro­li­fe­ração de armas nu­cle­ares, e que ocupa ile­gal­mente ter­ri­tó­rios pa­les­ti­ni­anos – e pela Arábia Sau­dita, ambos países res­pon­sá­veis por guerras de agressão contra povos do Médio Ori­ente».

No texto di­vul­gado dia 9, o Par­tido «re­alça que as re­ac­ções da União Eu­ro­peia e das suas prin­ci­pais po­tên­cias à de­cisão dos EUA, evi­den­ci­ando con­tra­di­ções, não apagam a sua res­pon­sa­bi­li­dade e co­ni­vência com as ope­ra­ções de in­ge­rência e agressão dos EUA e da NATO, como ficou pa­tente na par­ti­ci­pação anglo-fran­cesa nos re­centes ata­ques mi­li­tares à Síria, com base em men­tiras da pro­pa­ganda de guerra». Sa­li­enta-se, igual­mente, que «a de­fesa da paz no Médio Ori­ente não passa pela ce­dência à chan­tagem da ad­mi­nis­tração norte-ame­ri­cana», e exige-se que o se­cre­tário-geral das Na­ções Unidas use «todos os meios e ins­tru­mentos de que dispõe para que a ONU as­suma o seu papel na de­fesa dos prin­cí­pios da sua Carta, in­cluindo a con­de­nação desta de­cisão dos EUA que está cla­ra­mente em con­fronto com a le­ga­li­dade in­ter­na­ci­onal».

Quanto ao go­verno por­tu­guês, o PCP lembra que, «no res­peito pela Cons­ti­tuição da Re­pú­blica», deve re­tirar «deste epi­sódio todas as con­sequên­cias em ma­téria de po­lí­tica ex­terna, no­me­a­da­mente quanto ao fim do en­vol­vi­mento de Por­tugal em ope­ra­ções de in­ge­rência e agressão contra ou­tros povos».

Graves con­sequên­cias

A de­núncia por Washington do acordo subs­crito em 2015 entre o Irão, os cinco mem­bros per­ma­nentes do Con­selho de Se­gu­rança da ONU (EUA, Rússia, China, Grã-Bre­tanha e França) e a Ale­manha, que previa a li­mi­tação da pro­dução e a eli­mi­nação do ar­senal de urânio sus­cep­tível de uso mi­litar, o fim das san­ções contra Te­erão e a mo­ni­to­ri­zação re­gular e ale­a­tória pela Agência In­ter­na­ci­onal de Energia Ató­mica do pro­grama nu­clear ira­niano, foi alvo de con­de­nação e, apa­ren­te­mente, pode pro­vocar uma re­ar­ru­mação de po­si­ções no que a esta ma­téria diz res­peito.

O mi­nistro dos Ne­gó­cios Es­tran­geiros ira­niano re­a­liza desde o início desta se­mana um pé­riplo por Pe­quim, Mos­covo e Bru­xelas com o ob­jec­tivo de ga­rantir que russos, chi­neses e eu­ro­peus mantêm os termos do texto. Nesse caso, as­se­gurou Mohammad Zarif, o Irão con­ti­nuará a honrar os com­pro­missos as­su­midos.

A Rússia, por seu lado, de­fendeu que os par­ceiros do Irão no acordo devem as­sumir con­jun­ta­mente me­didas para su­perar a ini­ci­a­tiva dos EUA. França e Ale­manha ma­ni­fes­taram pre­o­cu­pação para com as re­la­ções eco­nó­micas, fi­nan­ceiras e co­mer­ciais res­ta­be­le­cidas após a en­trada em vigor do acordo, mas a chan­celer alemã An­gela Merkel foi mais longe e re­feriu que o «velho con­ti­nente» não pode mais con­fiar a res­pec­tiva se­gu­rança co­lec­tiva a Washington.

A rein­tro­dução de res­tri­ções a em­presas que ne­go­ceiem com o Irão, e, por con­sequência, o seu san­ci­o­na­mento, foi ad­mi­tida pelo con­se­lheiro de se­gu­rança na­ci­onal de Donal Trump, John Bolton, bem como pelo se­cre­tário de Es­tado Mike Pompeo. Um e outro, no en­tanto, as­se­gu­raram dis­po­sição para ne­go­ciar so­lu­ções que im­peçam a apli­cação de pu­ni­ções nos pró­ximos 90 a 180 dias, con­forme o sector de ac­ti­vi­dade em que se re­a­lizem as tran­sac­ções. Em Paris, Berlim e Bru­xelas, con­tudo, o cep­ti­cismo im­pera.

Agressão si­o­nista

Acto con­tínuo ao can­ce­la­mento do acordo nu­clear com o Irão por parte dos EUA, Is­rael bom­bar­deou, faz hoje uma se­mana, po­si­ções ira­ni­anas na Síria, onde mi­li­tares da Re­pú­blica Is­lâ­mica se en­con­tram, a pe­dido do go­verno li­de­rado por Ba­char al-Assad, a ajudar a com­bater grupos ter­ro­ristas. O go­verno si­o­nista alega ter res­pon­dido a pre­tensos dis­paros das forças do Irão e do mo­vi­mento Hez­bollah contra po­si­ções is­ra­e­litas nos Montes Golã, que Is­rael ocupa há meio sé­culo, razão pela qual se mantém em guerra com a Síria.

Da­masco e Te­erão acusam Is­rael de mentir. O go­verno sírio con­si­derou que os bom­bar­de­a­mentos, sau­dados por EUA e Grã-Bre­tanha, re­pre­sentam uma nova etapa na agressão, com o si­o­nismo deixar de se «es­conder atrás de mer­ce­ná­rios» e a passar ao «con­fronto di­recto».

 



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