Alerta no sector da cortiça
«Há uma situação de assédio permanente em muitas empresas, particularmente no sector da cortiça», onde se regista a intensificação da «intimidação, repressão, condicionamento do exercício dos direitos individuais, colectivos e sindicais», denunciou Arménio Carlos na quarta-feira, 4, em Santa Maria da Feira. O secretário-geral da CGTP-IN esteve com trabalhadores de duas empresas corticeiras em Rio Meão, a Granorte, e a Socori. Nesta última, o dirigente sindical Nelson Soares está a ser «vítima de perseguição, assédio moral e discriminação, tendo sido proibido de trabalhar no seu posto de trabalho habitual, sem que lhe seja dado qualquer tipo de trabalho compatível com as suas aptidões e competências, pelo facto exercer actividade sindical», explicou a Central sindical em nota enviada às redacções.
«A empresa diz que não há posto de trabalho para mim, nem ali nem em lado nenhum, quando somos mais de 400 trabalhadores», quando «há mais de 100 precários a trabalhar lá dentro e ainda segunda-feira entraram mais 20», explicou, por seu lado, Nelson Soares, ouvido pela Lusa. O dirigente sindical considera que a empresa pretende fazer dele um exemplo para amedrontar os demais trabalhadores, sobretudo os mais velhos, empurrando-os para a rescisão dos contratos.
Quem luta conquista
Apesar de a situação na cortiça ser de forte ofensiva patronal, o facto é que os trabalhadores e o Sindicato dos Operários Corticeiros do Norte têm conseguido resistir e até avançar. Prova disso mesmo é o acordo alcançado para o aumento geral dos salários em 1,98 por cento, mas, sobretudo, a elevação do salário mínimo no sector para os 620 euros.
Todavia, o dirigente sindical Alírio Martins lembra que uma vez que, em 2017, a exportação de cortiça e derivados ultrapassou os mil milhões de euros, não existe razão para retardar a renegociação do contrato colectivo. Designadamente visando o reposicionamento das categorias profissionais, o pagamento de diuturnidades, a atribuição de subsídios de turno, o usufruto de 25 dias de férias e o fim da discriminação entre pessoal operário e administrativo, revelou à agência de notícias portuguesa.